17 de dezembro de 2024 Doar
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Superior-geral dos jesuítas condena o confisco da Universidade Centro-Americana na Nicarágua

Fachada da Faculdade de Ciências Econômicas da UCA. | Cortesia dos jesuítas da América Central

O superior-geral dos jesuítas, padre Arturo Sosa S.J., condenou o confisco da Universidade Centro-Americana (UCA) na Nicarágua, denunciando a medida como "injusta" e prejudicial ao país.

O confisco dos bens da UCA, considerada uma das principais instituições privadas de ensino do país, gerou uma forte resposta de reprovação nacional e internacional contra a medida imposta pelo regime de Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma 30 anos no poder na Nicarágua.

O padre Sosa S.J. expressou a sua consternação perante a situação numa carta dirigida à Cúria Provincial da América Central em San Salvador, chefiada pelo padre José Domingo Cuesta, S.J. Em seu comunicado, emitido ontem (17) de Roma, ele expressou sua "grande surpresa e maior dor pelas consequências para a juventude e para todo o povo da Nicarágua".

O superior-geral dos jesuítas denunciou o confisco e manifestou sua solidariedade à UCA, seus diretores, docentes e administrativos.

"As acusações feitas contra a UCA são totalmente falsas e sem qualquer fundamento", escreveu o padre Sosa S.J.

"Além disso, foi-lhe negado o direito à legítima defesa. Um julgamento justo, com justiça imparcial, traria à tona a verdade de toda a trama que o governo vem executando, desde os protestos juvenis de 2018, contra a UCA, contra tantas outras obras da Igreja Católica e contra milhares de instituições da Sociedade Civil, com o objetivo de sufocá-las, fechá-las ou apropriar-se delas", acrescentou.

Sosa disse que a universidade tem sido um farol de compromisso social, promovendo o direito ao pensamento livre e à educação de qualidade para todos.

Para o padre Sosa, a medida contra a UCA é uma manifestação do clima de violência e insegurança que se instaurou no país. "Com calúnias semelhantes, também ultrajaram os direitos de tantas pessoas, sua reputação, suas vidas e seus bens".

As palavras do superior da Companhia de Jesus não só apontaram a injustiça sofrida pela UCA, mas também apelaram à reconciliação e ao diálogo.

"Uno-me à reivindicação de que essa medida judicial contra a UCA seja revertida e corrigida, para que cessem as agressões governamentais contra ela e seus integrantes, para que sejam abertos caminhos de diálogo pautados na verdade, na liberdade e no direito à educação de qualidade para os juventude e para todo o povo da Nicarágua".

Na sua carta, o padre Sosa citou as palavras da 36ª Congregação Geral, que destacam a importância de permanecermos firmes na busca de um mundo melhor e que estão dedicadas "àqueles que trabalham em situações de fronteira e perseguição para defender a verdade".

"Mesmo nos momentos em que enfrentamos grandes desafios e aparentes derrotas, continuamos a sonhar em ajudar a recriar um mundo diferente, porque encontramos 'Aquele que tem o poder de fazer todas as coisas incomparavelmente melhor do que podemos pedir ou pensar'", continuou.

A condenação do superior-geral dos jesuítas evidenciou sérias preocupações com o estado dos direitos humanos e da liberdade de expressão na Nicarágua.

A UCA, fundada em 1960 pelos jesuítas, cujo fechamento deixou mais de 9,5 mil estudantes sem acesso à educação, enfrenta assédio e repressão desde os protestos contra o governo de 2018. A ordem de confisco tem sido vista como parte de um padrão mais amplo de opressão do governo que também afetou outras instituições católicas e vozes críticas.

 

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