15 de dezembro de 2024 Doar
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Governo da Nicarágua está cada vez mais parecido com o da Coreia do Norte, diz ativista

Daniel Ortega, ditador da Nicarágua | Shutterstock / Harold Escalona

O ex-candidato à presidência da Nicarágua Félix Maradiaga disse que o governo de Daniel Ortega avança para um modelo semelhante ao da Coreia do Norte.  Maradiaga concorreu em 2021 contra Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma 30 anos no poder no país. Naquela eleição, Maradiaga e outros seis candidatos que concorriam contra Ortega foram presos. Dois outros fugiram para evitar a prisão e Ortega foi eleito para seu quarto mandato consecutivo. Maradiaga hoje vive exilado nos EUA. Ortega está no poder desde 2007.

Maradiaga comentava o confisco das contas e dos bens da Universidade Centro-Americana (UCA), pertencente à Companhia de Jesus, e a expulsão de seis jesuítas da comunidade em que moravam perto da universidade.

O regime acusou a universidade de ser um "centro de terrorismo" e deixou os jesuítas sem casa, apesar de terem demonstrado os documentos de propriedade do imóvel que lhes foi confiscado no sábado (19).

"Mais do que uma nova fase de repressão, é uma radicalização dos crimes contra a humanidade, das violações dos direitos humanos que a ditadura sandinista de Daniel Ortega e Rosario Murillo vem perpetrando desde 2018", disse Maradiaga ao telejornal EWTN Notícias, do grupo de comunicação EWTN, a que pertence ACI Digital. Rosario Murillo é mulher de Ortega e vice-presidente do país.

"Já sabemos que são quase 400 pessoas que perderam a vida por culpa da ditadura. Além disso, mais de 26 universidades foram fechadas e 700 mil nicaraguenses foram forçados ao exílio desde 2018. E [há] muitos outros dados que mostram com perplexidade o quão tenebrosa é essa ditadura", continuou Maradiaga do exílio nos EUA.

"Esta radicalização conduz, de fato, a um modelo semelhante ao da Coreia do Norte, poderíamos até dizer que é mais radical do que se vê em outras ditaduras como a cubana. Apesar dessa radicalização, infelizmente não tem recebido a resposta severa que merece da comunidade internacional", disse Maradiaga. "Atos como os perpetrados a 16 de agosto, em que foi confiscada a UCA e posteriormente expulsa a Companhia de Jesus da sua casa, mereceriam uma medida mais forte por parte da comunidade internacional".

Para o opositor nicaraguense, a reação da comunidade internacional ao governo da Nicarágua deveria considerar dois caminhos.

"O primeiro é uma resposta contundente: de acordo com o direito internacional, ativar mecanismos de resposta que exijam inclusive julgamentos internacionais, extradição e sanções mais fortes contra os operadores do regime", disse.

Em segundo lugar, deve-se "determinar a comunidade católica nicaraguense como um grupo perseguido; e em terceiro lugar, ajuda material aos jovens que perderam essas oportunidades".

Desde que apoiou os protestos contra o governo em 2018, a Igreja na Nicarágua vem sendo perseguida. Ortega mandou fechar universidades e a Cáritas, expulsou padres, freiras e confiscou dinheiro e bens de diferentes dioceses e congregações.

O bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, foi preso em 10 de fevereiro e condenado a 26 anos e quatro meses de prisão por "traição à pátria".

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