23 de novembro de 2024 Doar
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Opus Dei não quer ser exceção, diz o prelado

Monsenhor Fernando Ocáriz, prelado da Opus Dei. | Gabinete de Comunicação da Opus Dei

"A Opus Dei não quer ser exceção" na Igreja Católica, disse o prelado da Opus Deis, monsenhor Fernando Ocáriz, a El País Semanal, numa reportagem intitulada "A Opus Dei, na encruzilhada".

Publicada no sábado (26), a entrevista feita em 27 de junho trata das reformas do papa Francisco na prelazia pessoal. Respondendo se o papa estaria decidido a dissolver a "especificidade" da Opus Dei Ocáriz disse:

"A especificidade da Opus Dei descansa em seu carisma ou espírito, não na sua roupagem jurídica. No seu núcleo está o chamado universal à santidade através do trabalho e das realidades ordinárias da vida".

O fato de até agora "A Obra" ter sido "a única prelazia pessoal poderia ter sido percebido como algo 'excepcional', mas claro que não é isso: pelo contrário, penso que seria muito bom se houvesse outras prelazias pessoais que contribuíssem para a evangelização de muitos âmbitos especialmente necessitados de inspiração cristã", disse monsenhor Ocáriz.

Opus Dei, em latim, significa Obra de Deus, por isso seus membros se referem à instituição como a "Obra". Seu acento ou carisma é a santificação através do trabalho cotidiano. É composta por padres, leigos celibatários chamados numerários e agregados, e supranumerários que são os membros casados.

Fundada por são Josemaría Escrivá em 2 de outubro de 1928 e erigida como prelazia pessoal em 28 de novembro de 1982 por são João Paulo II, desde março de 2022 a Opus Dei passa por reformas impostas pelo papa Francisco.

Há pouco mais de um ano, em 22 de julho de 2022, com o motu proprio Ad charisma tuendum ("Para proteger o carisma"), o papa Francisco transferiu os poderes em matéria de prelazias pessoais do Dicastério para os Bispos para o do Clero, e determinou que o prelado, atualmente monsenhor Ocáriz, não será bispo embora mantenha o título honorário de monsenhor, revogando o que são João Paulo II estabelecera.

O beato Álvaro del Portillo e dom Javier Echevarría, os dois primeiros sucessores de são Josemaria à frente da Opus Dei, foram nomeados bispos por são João Paulo II.

Em de 8 de agosto deste ano, o papa equiparou as prelazias pessoais às associações clericais públicas que têm a faculdade de incardinar clérigos. Só existe uma prelazia pessoal: a Opus Dei.

A percepção fora da Opus Dei

Ocáriz diz a El País Semanal que "a maioria das pessoas que nos conhecem nos apreciam. Principalmente quando conhecem o trabalho que é feito: social, educativo... Quando entram em contato com as pessoas individualmente, porque elas são as realidades. Mesmo quando pensam de outro jeito".

Depois há outros ambientes, continua ele, "nos quais pode haver mais críticas, por causa de um preconceito: por uma concepção que se tem da história da Igreja e do seu papel no mundo que pode levar a uma avaliação não positiva".

É compreensível, então, "que existam aspectos que não se enquadram na forma de pensar de algumas pessoas. Mas é o pluralismo. A única coisa importante é respeitarmos uns aos outros: sempre podemos colaborar", acrescenta.

A posição diante das críticas

Sobre as críticas que a Opus Dei recebe, monsenhor Ocáriz comenta que "os erros e as incoerências pessoais fazem parte da vida. As críticas ajudam a melhorar quando são fundamentadas e partem do conhecimento da realidade".

"Eu gostaria que a variedade das pessoas da Opus Dei fosse melhor percebida do ponto de vista social e cultural. Às vezes centramo-nos numa pessoa de importância pública, e não numa centena de outras que têm dificuldades para chegar ao fim do mês".

Para Ocáriz, de 78 anos, "em alguns casos a Opus Dei foi lida de forma estereotipada, baseada em clichês, que não ajudam a compreender uma realidade mais ampla e plural".

"Eu também gostaria que se compreendesse melhor que os membros da Opus Dei são livres e responsáveis. Os seus méritos ou erros na sua vida profissional ou civil, por exemplo, devem ser-lhes imputados, como acontece com qualquer outro católico", acrescenta.

Segundo o prelado da Opus Dei, "as opiniões ou decisões de um político de esquerda ou de direita são dele e só dele, não imputáveis ​​à Igreja ou a uma instituição; são realidades que se movem em planos diferentes. Historicamente, este mecanismo de atribuir desempenho pessoal à pertença a um caminho espiritual favoreceu mal-entendidos que perduram até hoje".

A Opus Dei está presente em quase 70 países e é composta por mais de 93 mil leigos, dos quais 57% são mulheres e 43% homens, além de 2.095 sacerdotes.

Sobre a "luta" entre conservadores e progressistas na Igreja Católica, monsenhor Ocáriz recorda que "foi feita uma pergunta semelhante ao papa, e ele destacou que se tratava de uma interpretação mundana, alheia à dimensão religiosa. Penso que muitas vezes há uma tendência para uma leitura da realidade em termos de poder e polarização, com grupos que se opõem e não se entendem".

Contudo, diz o prelado, "na Igreja a lógica que deve prevalecer é a do serviço e da colaboração. Remamos todos no mesmo barco, abertos a ser ajudados a melhorar".

E sobre o "velho conflito" que o jornal espanhol menciona entre jesuítas e membros da Opus Dei, o prelado diz: "pessoalmente posso dizer que sou um ex-aluno do Colégio da Companhia de Jesus de Madri, e sou muito grato pela formação e pelo exemplo que recebi dos jesuítas".

Um pedido de oração do prelado

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A reforma ordenada pelo papa, que inclui a modificação dos estatutos da Obra, levou à realização de um congresso mundial em Roma em abril deste ano, no qual participaram 126 mulheres e 148 homens, dos quais 90 eram padres.

"O motu proprio do dia 8 de agosto também deverá ser levado em conta na adaptação e atualização dos estatutos da Obra (...) Por este motivo, renovo agora o pedido de oração que lhes dirigi há alguns meses, para que este trabalho possa ser concluído com sucesso", escreveu monsenhor Ocáriz numa carta dirigida aos membros da Opus Dei, dois dias depois da publicação do documento papal deste mês.

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