21 de dezembro de 2024 Doar
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Leis anti blasfêmia alimentam perseguição a cristãos no Paquistão

Jovem acende vela em santuário mariano no Paquistão. | Magdalena Wolnik

Após a devastadora onda de violência que atingiu a comunidade cristã de Jaranwala, no Paquistão, os moradores da cidade estão lidando com os efeitos dos ataques. Para Aftab Alexander Mughal, editor da revista Minority Concern Pakistan, porém, a questão é sistêmica e tem raízes profundas.

Mais de 80 casas e 19 igrejas foram destruídas no final de agosto após acusações de blasfêmia contra o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos,.

“Costumávamos vir aqui sem medo, mas hoje precisamos da polícia”, disse Noushin Farman, dona de casa, 29, à ACI Mena, agência do grupo EWTN no Oriente Médio. “Não levamos nossos filhos à igreja, embora normalmente lhes ensinemos a importância de ir à igreja”.

Uma questão com raízes profundas

Aftab Alexander Mughal, editor da revista, lançou luz sobre as questões sistêmicas que os cristãos enfrentam em entrevista.

“O Paquistão é um país islâmico, por isso os muçulmanos têm mais direitos do que as minorias religiosas”, disse o editor da Minority Concern Pakistan à CNA Deutsch, agência em alemão do grupo EWTN. “Os cristãos estão constantemente sob ameaça devido ao uso indevido de leis controversas sobre blasfêmia”, segundo Mughal.

“Uma alegação falsa contra um indivíduo cria uma situação desafiadora para toda a comunidade cristã”, acrescentou ele. “O recente incidente brutal de Jaranwala é um exemplo dessa situação crítica contra os cristãos”.

Blasfêmia é uma questão controversa no Paquistão, muitas vezes levando à violência. Mughal citou o assassinato de Salman Taseer, governador da província de Punjab, e de Shahbaz Bhatti, ministro do governo para assuntos de minorias, como exemplos dos perigos que cercam as leis sobre blasfêmia. “Estas leis têm sido muito utilizadas de forma indevida desde a sua introdução no código penal do Paquistão”, observou.

“Certos líderes religiosos promovem abertamente o ódio aos cristãos. Alguns cristãos tentam promover o diálogo entre cristãos e muçulmanos, mas sem sucesso”, disse o paquistanês à CNA Deutsch.

“Alguns muçulmanos são bons com os cristãos, como em Jaranwala, onde alguns muçulmanos deram abrigo a cristãos apesar da pressão externa.”

Ao responder sobre como os cristãos lidam com a violência e a discriminação, Mughal afirmou: “Os cristãos são pobres e vulneráveis. Geralmente vivem em bairros cristãos e evitam qualquer discussão religiosa com muçulmanos. O governo local está fornecendo algum apoio, o que não é suficiente.”

Sinais de esperança

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Mughal se disse preocupado com o futuro do cristianismo no Paquistão. “A menos que o Estado se torne secular em suas práticas e respeite as leis internacionais de direitos humanos, as coisas nunca irão mudar”, alertou.

Apesar das circunstâncias sombrias, alguns sinais de esperança persistem. “Alguns líderes religiosos muçulmanos têm visitado líderes da Igreja para demonstrar solidariedade com os cristãos”, acrescentou Mughal.

Após o incidente de Jaranwala, a polícia prendeu mais de 100 pessoas. No entanto, Mughal expressou ceticismo sobre a eficácia destas ações. “Em todos os ataques anteriores, nem mesmo uma única pessoa foi condenada”, disse.

“O governo iniciou trabalhos de reparação de igrejas e casas cristãs. Mas os cristãos exigem que o governo trabalhe numa política de longo prazo para a proteção e segurança dos cristãos paquistaneses.”

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