21 de dezembro de 2024 Doar
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Presença do papa na Mongólia esteve “marcada pela consolação”, diz jesuíta no Quirguistão

Padre Anthony Corcoran, administrador apostólico do Quirguistão | ACN

O padre jesuíta Anthony Corcoran, administrador apostólico do Quirguistão, conversou com a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) sobre a recente viagem do papa Francisco à Mongólia.

“A presença do papa está marcada pela consolação, e a verdadeira consolação não vem de um ser humano; a consolação que dura, que dá vida e ânimo, vem de uma única fonte”, que é o Evangelho, disse o padre Corcoran na segunda-feira (11).

O padre jesuíta ficou muito impressionado com a interação do papa Francisco com o povo mongol, vê-lo “cheio de vida” quando estava com o povo e vice-versa. Disse que é algo que ultrapassa a compreensão humana e que foi “muito comovedor” para ele.

O padre Corcoran, líder da Igreja Católica no Quirguistão, esteve em Ulan Bator, capital da Mongólia, durante a estadia do papa. Até 2022, a comunidade católica do Quirguistão contava com aproximadamente 506 pessoas, representando 0,00001% da população total de 5.550.200 habitantes.

“A minha impressão foi de alegria pelo nível e profundidade do intercâmbio que ocorreu aqui. Uma partilha por parte do Santo Padre, certamente, mas também uma partilha entre as pessoas que vieram como peregrinos, entre os bispos e o povo, entre pessoas de diferentes nacionalidades”, disse à ACN. “Foi um autêntico encontro católico! Embora se pudesse esperar que fosse assim, a verdade é que quando você experimenta isso, é impressionante”, acrescentou.

Para o padre Corcoran, que viajou sozinho à Mongólia, a Igreja “é comunidade”. Ele falou da importância que teve o papa ressaltar a ligação entre uma Igreja tão pequena como a mongol e o resto da Igreja universal. Nesse sentido, disse que Igreja na Mongólia e no Quirguistão é muito pequena, mas que a viagem apostólica demonstrou “a grandeza que Deus infunde através da pequenez” e que não devemos prestar atenção apenas “ao pequeno número, ao sucesso limitado ou aparente irrelevância”.

Propôs como exemplo desta realidade a Santíssima Virgem, cuja pequenez “é maior que os Céus” e não deve ser vista como uma limitação, mas como uma oportunidade e um recurso. “Isso é algo que certamente podemos sentir no Quirguistão”, disse.

O padre Corcoran encontra conforto neste pensamento, que procurará transmitir ao seu pequenino rebanho. “Deus cuida de nós através da sua Igreja, e a sua Igreja cuida de nós através da sua presença, mesmo em lugares onde é pequena”, disse.

Ao comentar sobre as palavras do cardeal Giorgio Marengo, prefeito apostólico em Ulan Bator, que disse que o papa chegava para “sussurrar o Evangelho”, o padre Corcoran considera que, para que isso seja possível, devemos estar próximos do povo e desfrutar de sua confiança.

"É preciso ser claro no que se diz; acho que isso é inculturação ou, como diríamos, a encarnação da Igreja", disse.

Sobre o passado político comunista e ateu do Quirguizistão, ele disse que “a providência de Deus sempre triunfa” e que a Igreja, através da perseguição, “recebeu nova vida”.

Recordou também as palavras do papa Francisco na Mongólia, quando disse que “a alegria do Evangelho é a fonte pela qual alguém daria a vida, a alegria do Evangelho é algo que dura e dá verdadeiros frutos”.

Ao falar sobre “a crise de fé que a Europa atravessa”, o padre Corcoran disse que os momentos difíceis na Igreja são sempre temporários, “porque é a Igreja de Jesus Cristo”. “E assim, onde o olhar está fixo em Jesus Cristo, há encorajamento, esperança e o Evangelho”.

Por fim, ele disse que no Evangelho e na história da humanidade, todos aqueles que decidiram seguir Jesus estiveram dispostos a “sofrer inconvenientes”: “O desafio é perguntar-nos: estamos dispostos a ser incomodados? Onde está posto o nosso olhar?”.

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