10 de dezembro de 2024 Doar
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“Não se esqueçam dos pobres, porque serão eles que abrirão a porta do céu”, diz o papa Francisco

Papa Francisco saúda fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano. | Daniel Ibáñez/ACI Prensa

Na Audiência Geral de hoje (20), o papa Francisco disse para pensar “nos crucificados da história de hoje: homens, mulheres, crianças, idosos que são crucificados por histórias de injustiça e de domínio” e pediu “não se esqueçam dos pobres, porque serão eles que abrirão a porta do céu”.

Francisco continuou com o seu ciclo de catequese sobre evangelização e zelo apostólico. Diante dos milhares de peregrinos que o ouviam na praça de São Pedro, no Vaticano, recordou a figura de são Daniel Camboni, “um apóstolo cheio de zelo pela África”.

O papa Francisco falou sobre este missionário como “uma pessoa apaixonada por Deus e pelos irmãos que servia em missão” num contexto caracterizado pelo “horror da escravidão”.

Para o papa, “Deus que se fez homem, elevou a dignidade de cada ser humano, desmascarando a falsidade de qualquer escravidão”.

“Como cristãos – continuou Francisco – somos chamados a lutar contra todas as formas de escravidão”, incluindo o colonialismo político e econômico.

O papa disse que o santo missionário decidiu ficar na África e não abandonar os necessitados apesar do perigo das doenças. Segundo Francisco, foi um “novo caminho de evangelização” que são Daniel “resumiu com as seguintes palavras: ‘Salvar a África com a África’”.

Essa intuição, continuou o papa, ajudou a renovar o compromisso missionário: “as pessoas evangelizadas não "foram apenas 'objetos', mas sujeitos da missão".

São Daniel promoveu o serviço laical de catequese. “Os catequistas são um tesouro da Igreja: os catequistas são aqueles que vão em frente na evangelização”, disse ele.

“E como é importante, ainda hoje, fazer progredir a fé e o desenvolvimento humano a partir do interior dos contextos de missão, em vez de neles transplantar modelos externos, ou limitar-se a um assistencialismo estéril! Nem modelos externos, nem assistencialismo”, acrescentou.

Citando as palavras do santo, o papa Francisco recordou o drama do clericalismo, “que leva os cristãos, até os leigos, a clericalizar-se e a transformá-los - como se diz aqui - em sujeitos de pescoço torto, cheios de egoísmo. Esta é a chaga do clericalismo”, alertou.

Insistiu que “para Comboni a fonte da capacidade missionária é a caridade, em particular o zelo de fazer seus os sofrimentos dos outros”.

“São Daniel”, continuou, “dá testemunho do amor do bom Pastor, que vai em busca de quem se perdeu e dá a vida pelo rebanho. O seu zelo foi enérgico e profético, opondo-se à indiferença e à exclusão”.

Como disse o papa, “o sonho de Comboni é uma Igreja que faça causa comum com os crucificados da história, para experimentar com eles a ressurreição”.

“Pensai nos crucificados da história de hoje: homens, mulheres, crianças, idosos que são crucificados por histórias de injustiça e de domínio. Pensemos neles e oremos!”, disse.

“Não esqueçais os pobres, amai-os, pois neles está presente Jesus crucificado, à espera de ressuscitar”. Não vos esqueçais dos pobres”, concluiu.

Durante a saudação aos fiéis, Francisco recordou que hoje (20) celebramos a memória de santo André Kim, Paul Chông e outros mártires coreanos

“Que o seu exemplo heroico seja uma fonte de apoio para todos vocês na tomada de decisões difíceis e um consolo em tempos difíceis”, pediu.

Conflito em Nagorno Karabakh

No final da sua catequese, o Papa Francisco lamentou as últimas notícias do que aconteceu em Nagorno Karabakh, no Cáucaso do Sul, “onde a já crítica situação humanitária é agora agravada por novos confrontos armados”.

Francisco fez um apelo urgente a todas as partes e “à Comunidade internacional para que se calem as armas e se faça todo esforço para encontrar soluções pacíficas para o bem das pessoas e o respeito pela dignidade humana”.

Ontem (19), o Azerbaijão iniciou vários ataques militares contra um enclave de cerca de 120 mil cristãos arménios na região disputada de Nagorno Karabakh, bombardeando edifícios e disparando contra posições militares e civis armênias.

O governo do Azerbaijão chamou os seus ataques de “medidas antiterroristas” contra “formações militares armênias ilegais” e disse que os ataques não irão parar até a rendição total da etnia armênia.

A Armênia e o Azerbaijão lutam por Nagorno Karabakh desde 1988. Hoje, a região é reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, embora seja composta quase inteiramente por cristãos armênios. Os armênios étnicos de Nagorno Karabakh negam o controlo azeri da região e reivindicam a soberania própria sob a “República de Artsakh”.

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