23 de novembro de 2024 Doar
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Arcebispo “migrante” lembra como o comunismo “cancelou” Deus em seu país

Dom Arjan Dodaj, Arcebispo de Tiranë-Durrës (Albânia) na sessão final dos “Encontros do Mediterrâneo” em Marselha (França). | Captura de tela / Vatican Media.

Ao participar com o papa Francisco na sessão final dos “Encontros do Mediterrâneo” em Marselha, França, dom Arjan Dodaj, arcebispo de Tiranë-Durrës, Albânia, contou o seu testemunho de “migrante” e como durante a sua infância “a ditadura comunista” cancelou Deus “em todos os seus sinais visíveis”.

No entanto, disse, “desde o mais profundo do Mediterrâneo durante em tempos da ditadura comunista, quando eu era criança (…) experimentei em primeira mão o aparecimento da luz da esperança”.

“Nasci em 1977 na Albânia. Dez anos antes de eu nascer, o meu país tinha-se declarado ateu pela constituição e as igrejas tinham sido destruídas. Sim, Deus foi cancelado em todos os seus sinais visíveis”, disse ele.

“Por isso cresci sem nenhuma referência religiosa. Só vi minha avó rezando o terço em frente a um estábulo, onde descobri pela primeira vez que havia uma igreja. Até o avô sempre orava em segredo. “Minha infância foi caracterizada por muita pobreza, miséria e ideologia”, lembrou.

Ele contou que as famílias albanesas viviam com “o medo de ser presas e levadas para campos de concentração ou prisões do regime. Meu tio, irmão da mamãe, foi preso. “oda a Albânia era como um campo de concentração ao ar livre.”

Após a queda do comunismo na Albânia, no início da década de 1990, dom Dodaj, com apenas 16 anos, emigrou para Itália.

“Na minha experiência de ‘migrante’, Deus superou-me com a sua generosidade”, disse, e contou que “através de encontros providenciais, fez-me redescobrir a minha fé com o Batismo”.

Ele descobriu a sua vocação sacerdotal e hoje agradece “ao Senhor e a Nossa Senhora pela presença e apoio em todas as circunstâncias da minha vida, que eles sempre, e também agora como bispo, continuam a dar-me: Maria é sempre Stella Maris!”.

No entanto, continuou, “ainda hoje no Mediterrâneo há muitas pessoas que vivem em situações difíceis. Há também muitas distâncias: aquelas enfrentadas pelos nossos irmãos migrantes, aquelas que marcam as experiências do nosso povo do ponto de vista social e econômico”.

O arcebispo disse que “os migrantes trazem consigo não só muitas provações, sofrimentos e violências sofridas, mas, sobretudo, são portadores da grande esperança que guardam no coração, que lhes dá coragem para enfrentar tantos sacrifícios e barreiras!”.

Diante disso e de sua participação nos “Encontros do Mediterrâneo” em Marselha, destacou: “Continuo certo de que um olhar positivo, alegre e esperançoso da realidade nos torna testemunhas credíveis do estilo de Deus: proximidade fraterna, compaixão humana e ternura profética”.

Os “Encontros do Mediterrâneo” são uma iniciativa da arquidiocese de Marselha, que começou na segunda-feira (18) e terminará amanhã (24). Participam cerca de sessenta bispos e cerca de sessenta jovens provenientes de dioceses africanas, europeias e asiáticas, em cujas margens chega o Mar Mediterrâneo. O evento visa trabalhar por “novos caminhos de paz e reconciliação” na região.

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