22 de dezembro de 2024 Doar
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O ativista Jimmy Lai cumpre mil dias de prisão aguardando julgamento pelo regime chinês

Jimmy Lai (centro) fora do tribunal em Hong Kong, 31 de dezembro de 2020. | Pakkin Leung @Rice Post (CC BY 4.0).

O ativista católico pró-democracia de Hong Kong Jimmy Lai completou ontem (26) mil dias de prisão à espera de julgamento.

O filho de Lai se disse preocupado com a possibilidade de seu pai morrer na prisão. Grupos de direitos humanos estão pedindo ao governo do Reino Unido que tome medidas para libertar o ex-editor do jornal Apple Daily de Hong Kong, que é cidadão britânico.

“Não quero ver meu pai morrer na prisão”, disse Sebastien Lai à agência de notícias Associated Press. “Ele tem 75 anos, está preso e corre risco de morrer. É muito preocupante”, disse

Jimmy Lai foi preso em dezembro de 2020 sob a lei de segurança nacional de Hong Kong e pode ser condenado à prisão perpétua. O julgamento está marcado para 18 de dezembro, depois de uma adiamento de quase um ano.

Segundo a Associated Press, Lai passa cerca de 23 horas por dia em confinamento solitário na prisão de segurança máxima Stanley de Hong Kong. Ele só pode praticar exercício ao ar livre durante 50 minutos por dia num pequeno recinto cercado com arame farpado

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas Freedom House, a Anistia Internacional do Reino Unido e outros oito grupos de direitos humanos publicaram uma carta aberta no domingo (24), pedindo ao primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que tome medidas imediatas para garantir a libertação de Lai.

A carta diz que a ação decisiva do primeiro-ministro seria “um passo fundamental para salvaguardar a liberdade de imprensa em Hong Kong”.

“O crime de Lai consiste em ter e dirigir uma organização de notícias que informava sobre as preocupações e lutas de um movimento pró-democracia que foi virtualmente silenciado pelo Estado”, diz a carta.

O Apple Daily, de propriedade de Lai, era o jornal em língua chinesa mais popular de Hong Kong até ser fechado em junho de 2021, quando centenas de policiais invadiram suas instalações e seus executivos foram detidos.

Lai é um dos mais de 250 ativistas pró-democracia que foram presos sob a lei de segurança nacional desde que esta foi imposta por Pequim em resposta aos protestos em massa em Hong Kong de 2019, quando quase 2 milhões de pessoas saíram às ruas.

O Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária expressou “séria preocupação” sobre a detenção de Lai num comunicado enviado ao governo chinês no início deste ano.

Lai enfrenta várias acusações, incluindo conluio com forças estrangeiras, sedição e conspiração para solicitar punições internacionais contra Hong Kong ou a China. Ele também foi condenado a cinco anos e nove meses de prisão em dezembro por acusações de fraude relacionadas a violações de contratos de aluguel.

O seu julgamento foi adiado várias vezes desde que estava inicialmente agendado para dezembro de 2022. O Tribunal Superior de Hong Kong manteve a decisão do governo de proibir um advogado britânico de defender Lai no seu julgamento por motivos de segurança nacional.

O Tribunal também rejeitou o pedido de Lai para interromper o julgamento devido a preocupações de que o seu caso seria ouvido por três juízes aprovados pelo governo em vez de um júri, como é praticado segundo a tradição do direito consuetudinário de Hong Kong.

Sebastien Lai, filho de Jimmy, não vê o pai há três anos e está preocupado com sua saúde, pois sofre de diabetes e foi diagnosticado com hipertensão em 2021, enquanto estava na prisão.

Lai foi nomeado para o Prêmio Nobel da Paz juntamente com o cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, e outros defensores da democracia pela Comissão Executiva do Congresso dos EUA para a China em Fevereiro.

Ele também recebeu o prêmio Christifidelis laici no Café da manhã Nacional de Oração Católica, o Prêmio da Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras e um título honorífico da Universidade Católica da América.

Jimmy Lai nasceu em Guang Zhou, na China continental, em 1947, mas chegou a Hong Kong aos 12 anos como clandestino sem um centavo. Depois de trabalhar em uma fábrica na ilha, ele percebeu a necessidade de roupas acessíveis e de qualidade para a classe média e fundou uma rede de lojas de roupas chamada Giordano's, uma empresa que o tornaria rico e lhe permitiria lançar publicações impressas em favor da democracia em Hong Kong e Taiwan.

Foi batizado e recebido na Igreja Católica pelo cardeal Zen em 7 de julho de 1997, aos 49 anos. Antes de sua conversão, o empresário bilionário assistia à missa com sua esposa, Teresa, que, segundo Lai, sempre foi uma católica devota. Em 1997, pouco antes da transferência de Hong Kong da Grã-Bretanha para a China, Lai observou que tinha percebido que precisava da proteção e da ajuda de um poder superior.

Num momento em que muitos ativistas pró-democracia fugiram de Hong Kong por medo da lei de segurança nacional, Lai decidiu ficar. Ele animou os habitantes de Hong Kong nas redes sociais: “Não tenhamos medo e continuemos lutando!”

“A meu ver, se sofro pela causa certa, isso só define a pessoa que estou me tornando. Só pode ser bom para mim me tornar uma pessoa melhor. Se você acredita no Senhor, se você acredita que todo sofrimento tem uma razão, e o Senhor está sofrendo comigo... estou em paz com isso”, disse Lai em entrevista ao Instituto Napa após sua prisão em 2020.

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