21 de novembro de 2024 Doar
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Participantes importantes do Sínodo da Sinodalidade

Imagem ilustrativa de bispos no Vaticano | Daniel Ibáñez/ACI Prensa.

A Assembleia Sinodal de outubro terá um nível de participação sem precedentes para um Sínodo. Dos mais de 360 ​​membros votantes, um número recorde, quase 27% deles não são bispos. As mulheres e um número considerável de leigos participarão pela primeira vez com direito de voto em um Sínodo.

Mas mesmo com este maior grau de participação, os trabalhos do Sínodo (e as narrativas midiáticas que surjam em torno deles) serão provavelmente moldados por alguns atores-chave.

A seguir, 23 participantes aos quais se deve prestar atenção no Sínodo da Sinodalidade de 2023:

Papa Francisco

Sumo Pontífice da Igreja Católica e presidente do Sínodo

Para deixar claro desde o início, a responsabilidade sinodal é do papa Francisco.

Embora o papa tenha ampliado o direito de votar para além dos bispos e até tenha mudado a legislação eclesial para permitir que o documento sinodal final seja aceito como magisterial (com a aprovação papal), continua sendo verdade que o papa – e só o papa – tem a última palavra sobre o impacto oficial que o Sínodo tem no ensino e na prática da Igreja.

O papa Francisco disse que um Sínodo não é um parlamento, mas uma experiência na qual a Igreja se reúne em torno do sucessor de Pedro para ajudá-lo a discernir. Este princípio parece tê-lo guiado em sínodos anteriores, como quando não aprovou a ordenação de homens casados ​​no Sínodo para a Amazônia de 2019, apesar do apoio significativo da assembleia.

Cardeal Jean-Claude Hollerich

Relator Geral do Sínodo da Sinodalidade

O cardeal luxemburguês é responsável por organizar a sessão de outubro e resumir as suas conclusões finais.

Alguns questionaram a sua idoneidade para servir nessa função após os seus comentários alarmantes em 2022 de que o ensinamento da Igreja sobre a homossexualidade é “falso”. Mas, a confiança do papa no cardeal jesuíta nunca diminuiu.

No início deste ano ele nomeou o cardeal Hollerich para o seu exclusivo “conselho de cardeais”. Por causa do seu importante papel, as suas opiniões controversas e a sua relação com o papa, o cardeal Hollerich é provavelmente a figura mais importante no sínodo depois do papa Francisco.

Cardeal Mário Grech

Secretário-geral do Sínodo

Nomeado pelo papa Francisco para chefiar o escritório de apoio ao Sínodo dos Bispos em 2019, o cardeal maltês tem sido uma figura chave no Sínodo da Sinodalidade desde o início.

Ele tem falado frequentemente de uma maior incorporação da sinodalidade como um cumprimento da ênfase do Vaticano II de incluir o “Povo de Deus” no governo da Igreja, mas também enfatizou que o foco do atual Sínodo deveria estar na eclesiologia, não nas questões morais ou sacramentais. Ele continuará sendo uma figura vital na reunião de outubro, especialmente na sua organização e implementação.

Irmã Nathalie Becquart

Subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo

Descrita como “a mulher mais poderosa da Santa Sé”, a irmã Nathalie foi a primeira mulher a se tornar subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo em 2021.

A freira da Congregação de Xavières tem sido uma das maiores defensoras do Sínodo da Sinodalidade, centrando-se particularmente na sua capacidade de ampliar o papel das mulheres no governo da Igreja, embora também tenha deixado claro que a ordenação sacerdotal de mulheres “não é uma questão em aberto”.

Como rosto feminino da sinodalidade, a irmã Becquart provavelmente terá influência tanto na sala sinodal como nos meios de comunicação.

Cardeal Víctor Manuel Fernández

Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF)

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O cardeal Fernández é há muito tempo o ghostwriter (escritor fantasma) teológico do papa Francisco. Ele foi recentemente elevado ao centro da Igreja Universal depois que o papa Francisco o nomeou chefe do DDF e o elevou à dignidade de cardeal.

Em uma série de entrevistas concedidas desde então, o cardeal argentino manteve as pessoas em suspense, entre outras coisas, ao expressar a sua abertura para “repensar” a refutação da DDF ao esforço alemão para abençoar as relações entre pessoas do mesmo sexo em 2021, mas também criticando o establishment teológico alemão.

Armado com a confiança de alguém que sabe que conta com o favor do papa, é de se esperar que o cardeal Fernandez fale no Sínodo e que outros deem mais peso às suas palavras.

Cardeal Gerhard Müller

Prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé

Em um movimento um tanto surpreendente, o ex-chefe da DDF foi pessoalmente selecionado pelo papa Francisco para participar do Sínodo, apesar das duras críticas públicas do cardeal alemão a todo o processo, que ele descreveu como uma “tomada hostil da Igreja de Jesus Cristo.”

Sendo um teólogo confiavelmente ortodoxo nos moldes de Joseph Ratzinger, a presença do cardeal Müller pode servir de inspiração para que outros com pontos de vista semelhantes se pronunciem caso propostas problemáticas sejam apresentadas.

Outro crítico alemão do Caminho Sinodal convidado por Francisco é o bispo Stefan Oster, de Passau, cujo estilo menos conflituoso também poderia ter impacto em outubro.

Patriarca Bechara al-Rahi

Líder da Igreja Católica Maronita

Como chefe da Igreja Católica Maronita e da Assembleia dos Patriarcas Católicos Orientais, o cardeal al-Rahi pode ser o mais influente dos 20 representantes episcopais católicos orientais na assembleia sinodal; um grupo especialmente significativo, dado que o foco atual na “sinodalidade” é muitas vezes justificado pelas práticas sinodais das Igrejas Católicas Orientais.

Nem todos os bispos católicos orientais concordam com esta ligação (um deles criticou recentemente a abordagem do Sínodo como contrária à sinodalidade oriental), tornando ainda mais importantes as contribuições dos delegados da Igreja Oriental presentes na sessão.

Outro patriarca a observar é o bispo Ibrahim Isaac Sedrak, chefe da Igreja Copta Católica, que atuará como “delegado presidencial” no Sínodo.

Austen Ivereigh

Especialista/facilitador do Sínodo e jornalista

Ivereigh não votará na assembleia de outubro, mas o jornalista britânico e biógrafo do papa Francisco já mostrou que existem outras formas de influenciar o processo sinodal. Ele fez parte da pequena equipe que escreveu “Amplie o tamanho de sua tenda”, o polêmico documento de resumo que serviu de base para a etapa continental europeia do Sínodo.

Ivereigh e outros facilitadores (uma função inteiramente nova num Sínodo dos Bispos) serão responsáveis ​​por orientar as discussões em pequenos grupos e sintetizar as suas conclusões, uma função para a qual alguns podem questionar a sua idoneidade, dada a sua ousadia em várias questões polêmicas, como a linguagem do Catecismo sobre a atração por pessoas do mesmo sexo e os movimentos tradicionalistas na Igreja.

Outros facilitadores têm opiniões públicas ainda mais controversas, como monsenhor Philippe Bordeyne, presidente do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, que defende as bênçãos entre pessoas do mesmo sexo, e o padre jesuíta brasileiro Adelson Araújo dos Santos, que é a favor da ordenação de homens casados e da ordenação de mulheres ao sacerdócio.

Cardeal Charles Bo

Arcebispo de Yangon, Mianmar

O perfil do cardeal Bo, uma voz líder e amplamente respeitada da Igreja na Ásia, foi significativamente impulsionado pelos seus serenos chamados à paz durante o golpe de Estado de 2021 em Myanmar e pela sua vontade de criticar os abusos dos direitos humanos cometidos pela potência regional China.

Considerado solidamente ortodoxo, o cardeal Bo é também um importante defensor da escuta e do discernimento no coração da sinodalidade, que ele acredita que ajudará a Igreja a “dar melhor testemunho do Evangelho”. Espera-se que sua voz se sobreponha a quaisquer discussões ideológicas que possam surgir em outubro.

Cardeal Luís Tagle

Pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização dos Povos

Outro proeminente clérigo asiático, o cardeal filipino, estabeleceu-se como um moderado cuja ênfase no diálogo e na reforma gradual o coloca no centro das disputas da Igreja.

Considerado por muitos como um possível sucessor do papa Francisco, pode-se esperar que o cardeal Tagle desempenhe o papel de “construtor de pontes” entre os vários campos e pontos de vista emergentes na Sala Paulo VI.

Dom Charles Palmer-Buckle

Arcebispo de Costa do Cabo, Gana

O arcebispo de Gana foi um dos vários africanos presentes no Sínodo sobre a Família de 2015 que ofereceram uma resposta às opiniões progressistas sobre a sexualidade, um papel que poderia retomar em outubro.

No entanto, a resistência de dom Palmer-Buckle aos valores sexuais seculares é combinada com um apreço pelo foco contínuo na sinodalidade na vida da Igreja.

O prelado ganense disse sobre a delegação africana: “O Espírito nos envia para dar um pouco de frescor ao mundo e à Igreja”. A sua combinação de ortodoxia doutrinária e abertura à sinodalidade pode permitir que os ganenses e os africanos com ideias semelhantes superem alguns dos lados que provavelmente se formarão em outubro.

Dom Georg Bätzing

Presidente da Conferência Episcopal Alemã

A marca do Caminho Sinodal Alemão pode ficar significativamente manchada, especialmente depois da série de críticas do papa Francisco ao processo, mas dom Bätzing e os seus irmãos vão a Roma com uma missão clara: pressionar por mudanças relacionadas com o celibato sacerdotal, a ordenação de mulheres e a moralidade sexual.

Curiosamente, a crítica da Santa Sé ao Caminho Sinodal Alemão se centrou em grande parte não na substância das suas propostas, mas em promovê-las fora de uma conversa com a Igreja universal, sugerindo que os alemães talvez consigam defender a sua posição em outubro.

Irmã Anna Mirijam Kaschner

Secretária-geral da Conferência Episcopal Nórdica

Embora reconheça a necessidade de considerar questões como a formação sacerdotal, a posição das mulheres na Igreja e a comunicação da doutrina da Igreja sobre a sexualidade, ela enfatizou que não pode haver revisão de "questões que contêm partes imutáveis do ensinamento da Igreja".

Cardeal Christoph Schönborn

Arcebispo de Viena

O cardeal Schönborn, que já esteve intimamente associado ao papa Bento XVI, desempenhou um papel importante no pontificado do papa Francisco, defendendo de forma proeminente a controversa exortação pós-sinodal de 2016, Amoris laetitia.

O cardeal dominicano também mostrou uma mudança nas suas posições teológicas, expressando recentemente a sua abertura às bênçãos do mesmo sexo e à ordenação de mulheres.

Retido por Francisco três anos após a idade de aposentadoria numa expressão de confiança, o cardeal de língua alemã poderia ser chamado a forjar algum tipo de “compromisso” com os elementos mais extremistas do Sínodo.

Cardeal Leonardo Steiner

Arcebispo de Manaus (AM)

O cardeal brasileiro foi um forte defensor da ordenação de homens casados ​​no Sínodo da Amazônia de 2019. O papa Francisco não aceitou a proposta, mas fez do franciscano o primeiro cardeal da Amazônia em 2022.

Conhecido como defensor dos pobres e dos indígenas (e também visto como “pró-LGBTQ”), o cardeal Steiner disse que “haverá uma maneira” de acabar com o celibato sacerdotal obrigatório. Espera-se que ele se aproxime ao Sínodo de outubro como uma oportunidade para abordar estes “assuntos pendentes” da reunião de 2019.

Dom Timothy Broglio

Presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA

O arcebispo Broglio, um ex-diplomata papal com uma ampla rede de relações além da Igreja dos EUA, está bem preparado para liderar a delegação norte-americana ao Sínodo Universal, talvez especialmente no momento de maior tensão entre o Vaticano e os bispos americanos..

Mas as tendências diplomáticas do chefe da arquidiocese para os Serviços Militares dos EUA e a sua esperança de que o Sínodo “possa ajudar a superar a polarização” provavelmente não o impedirão de tomar posições fortes, especialmente se o Sínodo sugerir um afastamento dos ensinamentos da Igreja sobre sexualidade.

A perspectiva do episcopado americano ainda tem peso na Igreja universal, e dom Broglio está bem preparado para transmiti-la.

Cardeal Joseph Tobin

Arcebispo de Newark, Nova Jersey

Enquanto o cardeal Robert McElroy, de San Diego, tenha afirmado categoricamente que o Sínodo é o lugar para promover o diaconato das mulheres e mudanças na abordagem da Igreja sobre o pecado sexual, o cardeal Tobin, um cardeal americano criado pelo papa Francisco, adotou uma atitude muito mais contida.

Ele disse que a “mudança doutrinária” não é o objetivo do Sínodo. No entanto, isto não significa que o arcebispo de Newark não partilhe algumas das opiniões teológicas do cardeal McElroy: ele já expressou anteriormente uma abertura em relação às mulheres diaconisas e rejeita a descrição do Catecismo da atração por pessoas do mesmo sexo como “intrinsecamente desordenada”.

Renée Köhler-Ryan

Diretora Nacional da Faculdade de Filosofia e Teologia da Universidade de Notre Dame, Austrália

Os arcebispos australianos Timothy Costelloe e Anthony Fisher desempenharão papéis importantes no Sínodo (provavelmente com ênfases diferentes), mas outra voz importante da Austrália é Renee Köhler-Ryan. Estudiosa da tradição intelectual católica com foco particular no pensamento de santa Edith Stein (Teresa Benedita da Cruz), Köhler-Ryan é uma poderosa defensora das mulheres na Igreja, mas também abraça claramente os ensinamentos da Igreja sobre a ordenação sacramental.

Embora muitos afirmem que as mulheres não podem ser respeitadas a menos que sejam ordenadas, é provável que Köhler-Ryan ofereça um contraponto poderoso.

Dom Stanisław Gadecki

Presidente da Conferência Episcopal Polonesa

O arcebispo de Poznan, um dos três delegados da Conferência Episcopal Polonesa, não é alheio à defesa da fé católica quando a considera ameaçada. Ele desempenhou um papel importante no Sínodo de 2015 ao resistir aos esforços para normalizar as relações entre pessoas do mesmo sexo e, mais recentemente, tem sido profundamente crítico do Caminho Sinodal na Alemanha. Em outubro, espera-se que ele seja uma voz especialmente forte a favor do ensinamento estabelecido pela Igreja sobre a sexualidade.

Padre James Martin, S.J.

Autor e ativista LGBTQ

Sendo um dos principais defensores do que chama de “inclusividade” para os católicos que se identificam como LGBTQ, o ativismo ambíguo do padre Martin há muito que levanta preocupações entre os católicos sobre a possível subversão do ensinamento moral católico em nome de ser mais “acolhedores”.

A abordagem do padre jesuíta parece ter o apoio de pelo menos uma figura proeminente: o papa Francisco, com quem o padre Martin aparentemente tem uma linha de comunicação quase direta.

Ele é um dos 50 escolhidos pessoalmente pelo papa para participar da reunião do Sínodo, onde o padre jesuíta disse que espera ser “uma das vozes das pessoas LGBTQ”. Sempre um favorito dos meios de comunicação, o padre Martín poderia ter um impacto tão grande fora da Sala Paulo VI como dentro dela.

Irmã Josée Ngalula

Teóloga da Universidade Católica do Congo

A irmã Josée, a primeira mulher africana a servir na Comissão Teológica Internacional, vê a sinodalidade como uma ferramenta para resolver o problema do clericalismo na África e a hesitação do clero africano em “abraçar a mudança”.

Contudo, em vez de sugerir um impulso para a ordenação de mulheres, como esse tipo de frase poderia ser interpretada no Ocidente, a irmã Ngalula parece estar abordando práticas na cultura africana que não respeitam a dignidade das mulheres, como a violência doméstica ou a demissão.

Ela poderia ser uma voz importante para abordar questões ortodoxas sobre o papel das mulheres na vida da Igreja.

Dom Daniel Flores

Bispo de Brownsville, Texas (EUA)

Dom Flores é amplamente respeitado na Igreja americana por sua profundidade teológica e sua disposição de superar as divergências, duas qualidades que o ajudaram a desempenhar o papel de guiar o processo sinodal nos EUA na qualidade de chefe de doutrina da Conferência dos Bispos Católicos do país.

O bispo do Texas não só tem o respeito dos seus irmãos no episcopado, que o elegeram para ser um dos cinco delegados dos EUA ao Sínodo, mas também do papa Francisco, que o nomeou para servir como delegado presidencial na reunião de outubro, função que inclui a assinatura de qualquer documento final.

Se surgirem controvérsias em Roma, dom Flores será provavelmente uma figura que os participantes e os meios de comunicação católicos americanos procurarão para encontrar um caminho firme a seguir.

Helen Jeppesen-Spuhler

Fundo Suíço Católico de Quaresma

A leiga suíça é muito clara sobre suas intenções na assembleia: ela pressionará para tentar ordenar mulheres. Jeppesen-Spuhler disse que “o sacerdócio feminino não será introduzido imediatamente”, mas que o Sínodo de outubro poderia ser um passo adiante, já que “um grande número de bispos” está disposto a discutir as mulheres no diaconato.

Jeppesen-Spuhler também tem opiniões pouco ortodoxas sobre a sexualidade e disse que os europeus de Leste mantêm “posições retrógradas”. Um sinal de que ela pode ter alguma influência em Roma: ela foi convidada pela Santa Sé para falar na coletiva de imprensa de junho para apresentar o Instrumentum laboris do Sínodo.

Publicado originalmente no National Catholic Register.

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