21 de novembro de 2024 Doar
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Sínodo pode ser ocasião mais marcante para a Igreja desde o Vaticano II, diz bispo português

Dom José Ornelas | Facebook Diocese de Leiria-Fátima

“Do ponto de vista eclesial, depois do [Concílio] Vaticano II, talvez este pode ser uma ocasião de marcar a Igreja para este novo milênio”, disse o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dom José Ornelas, sobre o Sínodo da Sinodalidade.

O Sínodo da Sinodalidade foi convocado em outubro de 2021 sob o lema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. A assembleia geral ordinária do sínodo acontece de hoje (4) até 29 de outubro, no Vaticano.

Dom Ornelas é um dos portugueses participantes da assembleia geral ordinária do sínodo, como membro escolhido pela conferência episcopal. Além dele, outro indicado da CEP é o bispo de Coimbra e vice-presidente da conferência, dom Virgílio do Nascimento Antunes. O também português cardeal José Tolentino de Mendonça participa como prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação da Santa Sé.

Para dom Ornelas, o sínodo vai debater o futuro da Igreja em tempos de diversidade. Entretanto, disse em entrevista à Rádio Renascença, “não para pôr em causa o que a Igreja é, mas para que ela seja fiel a si própria, dentro das condições que nós vivemos hoje”.

“Estamos a começar bem, com aquilo que foi feito, que se está a fazer também na diversidade de opiniões que foram surgindo”, que “não nos atemorizam, mas nos desafiam”, disse.

O processo do sínodo teve início com a fase diocesana, quando os fiéis foram ouvidos por suas dioceses. O conteúdo dessa fase foi enviado para as conferências episcopais nacionais, que produziram relatórios sobre as respostas da fase diocesana. Em seguida, na fase continental, os relatórios nacionais foram consolidados em relatórios de cada um dos continentes, que foram enviados ao Vaticano.

O relatório sobre o sínodo da Conferência Episcopal Portuguesa foi publicado em 26 de agosto de 2022. O documento defende “uma Igreja de portas abertas, que abrace a diversidade e acolha todos, excluindo as atitudes discriminatórias que deixam à margem a comunidade LGBTQIA+ e os divorciados recasados”. O texto fala ainda em celibato opcional, ordenação de homens casados e mulheres e papel mais ativo dos leigos, “mesmo na escolha dos bispos e na transferência dos párocos”.

Em abril deste ano, em entrevista conjunta à Agência Ecclesia e à Agência Lusa, dom Ornelas falou sobre as referências no relatório do sínodo da CEP a casais em segunda união, uniões homossexuais, ordenação de mulheres e de homens casados. Segundo ele, é “tudo aquilo que está na ordem do dia da discussão dentro da Igreja e na sociedade”.

“Aliás, o próprio Papa colocou à Igreja estes temas dizendo: primeiro estas pessoas precisam de ser acolhidas e isso é verdade clara. Jesus nunca recusou ninguém por nenhuma dessas questões – e nem se punham essas questões nessa linguagem. Mas hoje temos questões novas que o papa Francisco diz ‘não busquem simplesmente soluções do passado para os problemas de hoje’, não vai dar certo”, disse dom Ornelas na ocasião.

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