3 de dezembro de 2024 Doar
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O que os novos cardeais pensam sobre o Sínodo da Sinodalidade

O Papa Francisco criou 21 novos cardeais em consistório no Vaticano no último sábado (30). | Vatican Media

Poucos dias antes do início da primeira assembleia do Sínodo da Sinodalidade, o papa Francisco convocou um consistório para criar 21 novos cardeais – oito dos quais também são delegados na reunião sinodal de outubro no Vaticano.

Após o consistório de sábado (30), um dos novos cardeais e membro do sínodo, o cardeal Robert Francis Prevost, prefeito do Dicastério para os Bispos, disse: “Ser uma Igreja sinodal que sabe ouvir a todos é o caminho não apenas para viver pessoalmente a fé, mas também crescer na verdadeira fraternidade cristã”.

Ao ler uma carta de agradecimento, Prevost disse que o papa Francisco “nos lembrou que é necessário aprender a ouvir como os santos, como são Francisco de Assis que ouviu a voz de Deus, a voz dos pobres, a voz dos doentes, a voz da natureza”.

“A beleza da universalidade da Igreja que se manifestará no desenrolar do Sínodo será um sinal muito importante, que poderá falar da missão que todos nós batizados recebemos, em comunhão com o sucessor de Pedro e na profissão da mesma fé”, disse o cardeal americano de 68 anos.

Seis cardeais que participam na assembleia sinodal deste mês – e cinco que não participam – contaram à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, do qual ACI Digital faz parte, as suas ideias e expectativas para o Sínodo da Sinodalidade.

Participantes da assembleia de outubro:

Cardeal Luis José Rueda Aparicio, arcebispo de Bogotá, Colômbia

O Sínodo é “um momento lindo, um momento magnífico, um kairos, um tempo de salvação que pode gerar alguns medos em alguns ambientes, mas eu digo 'não devemos temer'. O Senhor nos disse ‘estou com vocês todos os dias’, e se assumirmos essa promessa do Senhor como uma realidade, como a fidelidade do Senhor que nos acompanha na vida, ele nos acompanhará”, disse.

Rueda disse que o Espírito Santo é o protagonista do sínodo e pediu aos leigos de todo o mundo, bem como na América Latina, e “especialmente aqueles que acompanham a EWTN e a ACI Prensa [agência em espanhol do grupo EWTN], que rezem para que o Espírito Santo nos guie e sejamos sensíveis, profundos e dispostos a fazer a vontade de Deus, deixando-nos guiar por aquela obra do Espírito que sempre nos surpreende positivamente”.

Cardeal Stephen Chow Sau-yan, SJ, 64 anos, arcebispo de Hong Kong, China

“Espero que vozes diferentes possam ser ouvidas. E por isso estou feliz que… leigos, homens e mulheres, religiosos estejam representados como membros votantes de pleno direito. Isso tornará o Sínodo muito mais rico. Espero que reaprendamos a ouvir e a ouvir profundamente”.

Cardeal Ángel Sixto Rossi, SJ, 65 anos, arcebispo de Córdoba, Argentina

Rossi disse que a sua esperança para o Sínodo é “poder ouvir-nos uns aos outros, ser capaz de dialogar e ser capaz de discernir quais são os desafios da Igreja e do mundo. Acredito que tudo tem que ser direcionado para a pessoa, colocando o ser humano no centro. Esquecemos o ser humano e muitas vezes temos que colocar a pessoa de volta no centro e a partir daí ver como ajudar a tornar o outro um pouco mais feliz”.

Cardeal Stephen Ameyu Martin Mulla, 59 anos, arcebispo do Sudão do Sul

“Minha esperança é muito grande”, disse Mulla. “Eu sei que o Sínodo da Sinodalidade… é uma forma de participar, é uma forma de comunhão, é uma forma de missão conjunta – em termos muito simples – devemos esperar que este Sínodo traga muitas coisas que vão nos ajudar a compreender a nossa fé nos tempos modernos. E gostaríamos de dizer que o Sínodo pode ser uma forma de resolver os muitos problemas, os muitos desafios, que a Igreja universal enfrenta em cada estado local e [universalmente]”.

Cardeal Grzegorz Ryś, 59 anos, arcebispo de Łódź, Polônia

“Há muitas [expectativas]”, disse Ryś. “A primeira é a de que estaremos realmente abertos [a] uma Igreja sinodal. O Sínodo não é para anotar documentos. Um sínodo é experimentar o modo de vida realmente dado por Cristo a nós. Assim, quando nos tornarmos comunidade de pessoas que partilham a responsabilidade, que estão abertas aos diferentes dons de cada um, estaremos prontos para sair com a missão. E mesmo antes, seremos um sinal importante para a sociedade. Então, claro, é sempre bom estar numa comunidade proveniente de diferentes Igrejas locais apenas para ouvir, ouvir, ouvir e ouvir como eles vivenciam as coisas mais importantes do Cristianismo. Esta é sempre uma grande lição”.

Cardeal Víctor Manuel Fernández, 61 anos, prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé

“As pessoas que têm medo de avanços doutrinários estranhos ou equivocados, e quem espera grandes mudanças, vai se decepcionar” na assembleia sinodal de outubro, disse Fernández após o consistório de sábado.

O Sínodo da Sinodalidade “não é pensado dessa forma. Pelo menos não este ano. Depois, veremos o que surge e no próximo ano veremos o que acontece, mas para este Sínodo, este ano, não podemos esperar muito”, disse.

Ele disse que que algo pode ser esperado “no sentido de aprofundar a nossa autoconsciência, do que somos como Igreja, do que o Senhor nos pede, e do que o mundo de hoje também espera e como podemos alcançar melhor as pessoas com a mensagem habitual”.

Não participantes da assembleia de outubro:

Cardeal Pierbattista Pizzaballa, OFM, 58 anos, patriarca de Jerusalém

Sobre as suas expectativas para o Sínodo da Sinodalidade, Pizzaballa disse: “Não espero nada específico e preciso. O que precisamos de ajuda — e cada um no seu contexto, em contextos diferentes porque a Igreja é plural — é… ter alguns critérios de compreensão da realidade para compreender como lidar com esta realidade. Mas a resposta não pode ser a mesma no Oriente Médio, na Itália, em Nova York e na África do Sul…”. Sobre a sua esperança para o sínodo, o cardeal respondeu: “A minha esperança é Jesus Cristo e o Senhor ressuscitado. Todas as outras coisas vêm depois”.

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Cardeal Christophe Pierre, 77 anos, núncio apostólico nos Estados Unidos

“O papa, ao lançar o Sínodo… fez uma bela homilia – para mim é a luz: 'caminhar juntos'. Por que precisamos caminhar juntos? Porque vivemos num mundo ameaçado pelo individualismo, pela fragmentação da sociedade. Temos que redescobrir a união”, disse Pierre a um pequeno grupo de jornalistas na sexta-feira (29).

“E para trabalharmos juntos num mundo dividido, precisamos adotar um novo método”, continuou. “A sinodalidade é um método da Igreja. Não estamos aqui para inventar uma Igreja diferente. Algumas pessoas têm medo disso – é por isso que existe algum ceticismo, alguma oposição, algum medo. Ok, eu entendo, você sabe, que diante de coisas novas você pode ter medo. Mas no final do processo temos que começar, e é por isso que o papa o quer. Ele nos convida a aprender o caminho, na Igreja, para trabalhar juntos, para dialogar, e dialogar sempre na oração, na presença do Espírito Santo, para discernir o que devemos fazer. É disso que trata o Sínodo. Então não tenho medo, estou muito feliz. Se a Igreja não for sinodal, desaparecerá”.

Cardeal Diego Rafael Padrón Sánchez, 84 anos, arcebispo emérito de Cumaná, Venezuela

Padrón disse esperar “muito” do Sínodo da Sinodalidade. Ele considerou que o fato de os leigos também participarem na assembleia de outubro “é uma contribuição que na história significará muito, porque será uma mensagem muito grande para a população, a sociedade e o mundo inteiro”.

Cardeal Stephen Brislin, 67 anos, arcebispo da Cidade do Cabo, África do Sul

Pediu-se a Brislin que expandisse um comentário que fez a Vaticano News em julho, quando disse que o fato de o consistório estar programado para acontecer logo antes do sínodo era “uma oportunidade maravilhosa para a Igreja, à medida que embarcamos, batalhamos e lutamos com uma série de novas questões que realmente não enfrentamos como Igreja antes”.

Brislin disse na quinta-feira (28): “Acho que uma das maiores batalhas que todos nós enfrentamos como Igreja e como pessoas que acreditam em Deus é o fato de que tantas pessoas parecem estar se afastando da Igreja, tantas pessoas parecem estar perdendo a fé. E para mim uma das maiores dificuldades é como realmente alcançamos as pessoas. Porque oferecemos vida às pessoas, Deus está oferecendo vida às pessoas através de nós. Como podemos transmitir isso às pessoas de uma forma que elas entendam?”.

Cardeal José Cobo Cano, 58 anos, arcebispo de Madri, Espanha

O Sínodo “é um processo guiado pelo Espírito Santo, mas não controlado remotamente, mas que conta conosco. Acho que é a imagem de um pai que confia nos filhos, dá a sua confiança aos filhos e os filhos crescem, e o pai fica muito feliz porque os filhos assumiram o que o pai fez por eles”, disse Cobo. O Espírito Santo “não os controla remotamente”, mas “acompanha-os e guia-os… isso é o Espírito e é isso que ele vai fazer no Sínodo, o que ele fez na Igreja ao longo da sua vida. Ele está sempre acompanhando. E quando a Igreja quer ouvi-lo, ele se deixa ouvir”.

Colaboraram com esta matéria Almudena Martínez-Bordiú, Courtney Mares e Colm Flynn

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