18 de dezembro de 2024 Doar
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Nova “gramática da sinodalidade” é exibida em reunião de início do sínodo da sinodalidade

Papa Francisco ontem (4) no sínodo da sinodalidade. | Daniel Ibáñez

Na abertura do sínodo da sinodalidade, ontem (4), um importante responsável pelo processo exortou os participantes a lerem “os sinais dos tempos” para “descobrirem uma gramática da sinodalidade para o nosso tempo”.

“Assim como a gramática das nossas línguas muda à medida que se desenvolvem, o mesmo acontece com a gramática da sinodalidade: ela muda com o tempo”, disse o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral da 16ª assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, em comentários preparados no início da sessão.

Descobrir uma nova gramática da sinodalidade, um termo que significa “caminhar juntos”, pode ser o objetivo declarado do sínodo, que continuará ao longo do mês e terminará com uma assembleia final em outubro de 2024. Mas ontem, os líderes sinodais também destacaram as muitas maneiras pelas quais a atual reunião quebra o molde dos sínodos dos bispos anteriores.

O cardeal Mario Grech observou que, “pela primeira vez”, a inclusão de não-bispos no Sínodo, incluindo “leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos e presbíteros, que não são mais 'exceções à norma', mas membros plenos da assembleia”.

Vinte e sete por cento dos 365 membros votantes da assembleia não são bispos, incluindo 54 mulheres. Cerca de oitenta membros sem direito a voto, incluindo especialistas e facilitadores, também participam do processo.

“Nenhuma delegação poderia representar adequadamente a totalidade do povo de Deus, sujeito do sensus fidei”, ou sentimento dos fiéis, disse Grech, que dirige o escritório da Santa Sé que organiza o Sínodo dos Bispos. Acrescentou também que o Sínodo não poderia ser considerado uma “representação plena” da Igreja, porque não incluía a plena participação do colégio dos bispos, como num concílio ecumênico.

“Mas estas irmãs e irmãos lembram-nos, pela sua própria presença, a unidade do processo sinodal”, disse.

O cenário e o layout únicos do Sínodo da Sinodalidade – que está sendo realizado não na sala do sínodo, mas na sala de audiências Paulo VI, que é maior – também foram o foco dos comentários de abertura.

Hollerich disse que a decisão de ter os participantes sentados “não em ordem hierárquica”, mas em mesas redondas para facilitar a discussão em pequenos grupos, não foi uma decisão tomada de cima para baixo, mas “espelha a experiência do povo de Deus” que participou das etapas anteriores do Sínodo da Sinodalidade. Esse processo começou em 2021 e incluiu fases diocesanas, nacionais e continentais.

Até o papa Francisco esteve sentado a uma mesa redonda, embora na ponta da sala e em uma posição ligeiramente elevada. O papa foi acompanhado em sua mesa pelos principais organizadores do Sínodo, incluindo Hollerich, Grech, a subsecretária do Sínodo, a irmã Nathalie Becquart, e o patriarca Ibrahim Isaac Sidrak, chefe da Igreja Católica Copta e presidente-delegado para o dia de abertura.

Aqueles que fizeram os comentários iniciais, incluindo o papa Francisco, o fizeram sentados. Câmeras em cada mesa capturaram a imagem dos palestrantes, exibindo-os não apenas em uma grande tela na frente da sala, mas também nos quatro displays de cada mesa redonda.

Hollerich acrescentou que “as mesas redondas também nos lembram que nenhum de nós é a estrela deste Sínodo”, afirmando que o “protagonista do evento é o Espírito Santo”. O cardeal também sugeriu que os bispos que “não foram muito ativos” nas fases anteriores do Sínodo “podem enfrentar desafios” com o layout, enquanto muitos dos membros não-bispos, em contraste, participaram ativamente na fase continental do sínodo.

Os organizadores do Sínodo reconheceram que o processo que conduziu ao atual Sínodo da Sinodalidade não foi isento de desafios.

Sidrak disse que “no início não foi fácil”, pois muitos se sentiram “um pouco desorientados” pelas novidades de um processo sinodal plurianual que visava a participação global. Grech também acrescentou que algumas pessoas que ele encontrou durante as fases anteriores estavam “cautelosas” com o processo, e até disse que sua mãe lhe perguntou recentemente “por que eu 'desperdício' tanto [tempo] nos escritórios da secretaria se isso não me ajuda a pregar o Evangelho”.

"Ela estava certa! E não quero esquecer esta sua pergunta, mesmo agora que somos chamados a fazer uma pausa dinâmica na oração e na escuta durante um mês inteiro”, disse.

No entanto, os líderes sinodais também disseram que as fases do processo do Sínodo legitimaram a atual assembleia. Grech disse que “toda a Igreja e todos na Igreja tiveram a oportunidade de participar no processo sinodal”, enquanto Sidrak acrescentou que a assembleia sinodal “foi preparada por uma consulta ao povo de Deus, a cada pessoa batizada, cada um segundo o seu próprio carisma, de uma forma ainda mais viva, real e concreta”.

Hollerich disse que a tarefa da assembleia de descobrir uma gramática contemporânea da sinodalidade “não começaria do zero”, mas seria construída sobre a “rica tradição teológica sobre sinodalidade” da Igreja, bem como sobre o magistério dos papas, especialmente o papa Francisco.

O relator geral do Sínodo acrescentou também que o processo seria guiado por “regras básicas que nunca mudam”: a dignidade batismal, o ministério petrino, a colegialidade episcopal, o ministério ordenado, o sacerdócio comum dos fiéis e “sua inter-relação”.

Hollerich também disse que o “trabalho de discernimento comum” do Sínodo não deveria ser um debate parlamentar – “uma batalha entre as posições A e B” e entre os chamados conservadores e os chamados progressistas – mas “caminhar com Cristo dentro da sua Igreja”.

Com o dia de abertura do Sínodo da Sinodalidade concluído, os participantes participam numa série de discussões e votações – com acesso limitado à imprensa ou disponibilidade de meios de comunicação social. Quatro “módulos” serão dedicados às questões incluídas no Instrumentum Laboris , o documento elaborado com base nos resultados das fases sinodais anteriores, com uma sessão final dedicada à discussão e aprovação de um “relatório de síntese” final.

Hollerich disse que a sua “esperança sincera” é que a assembleia deste mês desenvolva um “roteiro” para o ano seguinte.

“Idealmente, este roteiro deveria indicar onde sentimos que o consenso foi alcançado entre nós e, sobretudo, dentro do povo de Deus, estabelecendo os passos possíveis a serem dados em resposta à voz do Espírito”, disse. “Mas também deveria dizer onde é necessária uma reflexão mais profunda e o que poderia ajudar nesse processo de reflexão.”

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