16 de dezembro de 2024 Doar
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Bispo ortodoxo aponta diferenças entre sinodalidade ortodoxa e a do sínodo

Job Getcha, bispo metropolita da Pisídia, fala a delegados do Sínodo da Sinodalidade no Vaticano ontem (9). | Vatican Media/captura de vídeo

O metropolita da Pisídia, Job Getcha, disse ao Sínodo da Sinodalidade que a definição do conceito de “sinodalidade” do sínodo reunido no Vaticano “difere muito” do entendimento ortodoxo da palavra.

O bispo ortodoxo nascido no Canadá e estabelecido em Paris, se referiu ao Concílio de Niceia em 325 d.C., o rimeiro da história, e citou os Cânones Apostólicos, um texto cristão do século IV d.C. sobre o governo e a disciplina da Igreja primitiva.

Com base nesse texto, ele disse que “um sínodo é uma reunião deliberativa de bispos, não uma assembleia consultiva de clérigos e leigos”. 

“À luz disto, poderíamos dizer que a compreensão da sinodalidade na Igreja Ortodoxa difere muito da definição de sinodalidade dada pela atual assembleia do sínodo dos bispos”, acrescentou. O atual sínodo em curso no Vaticano é o primeiro do tipo a incluir leigos como membros votantes de pleno direito.

O metropolita Job, bispo ortodoxo oriental da Pisídia e representante permanente do Patriarcado Ecumênico no conselho mundial de Igrejas, participa do Sínodo da Sinodalidade como delegado fraterno.

Os delegados fraternos são representantes não-católicos das igrejas cristãs que participam da assembleia sinodal sem direito a voto.

Job foi um dos quatro participantes que fez breves discursos durante a congregação geral realizada na manhã de ontem (9).

O metropolita disse estar grato por representar a Igreja Ortodoxa no sínodo dos bispos e por poder “testemunhar a prática da sinodalidade na Igreja Ortodoxa”.

“Os bispos do povo [ethnos] de uma província ou região devem reconhecer aquele que é o primeiro [protos] entre eles, e considerá-lo como seu chefe [kephale], e não fazer qualquer coisa importante sem o seu consentimento [gnomo]; cada bispo só pode fazer o que diz respeito à sua própria diocese [paroikia] e aos seus territórios dependentes. Mas os primeiros [protos] nada podem fazer sem o consentimento de todos. Pois assim prevalecerá a concórdia [homonoia], e Deus será louvado por meio do Senhor no Espírito Santo”, disse ao citar o cânon apostólico 34.

O bispo ortodoxo oriental disse então os seguintes quatro pontos, “à luz deste texto”:

  • “Um sínodo é uma reunião deliberativa de bispos, não uma assembleia consultiva de clérigos e leigos.”

  • “Não pode haver um sínodo sem um primaz/protos, e não pode haver um primaz/protos sem um sínodo.”

  • “O primaz/protos faz parte do sínodo; ele não tem autoridade superior ao sínodo, nem está excluído dele”.

  • “A concórdia/homonoia que se expressa através do consenso sinodal reflete o mistério trinitário da vida divina”.

“É através desta prática de sinodalidade, tal como descrita pelos cânones apostólicos e pelos cânones do Primeiro Concílio Ecumênico, que a Igreja Ortodoxa tem sido administrada ao longo dos séculos até aos dias de hoje, embora a frequência e a constituição dos sínodos possam variar de uma Igreja autocéfala local para outra”, disse.

Job admitiu que houve “certas circunstâncias históricas” nas quais a Igreja Ortodoxa divergiu dessa fórmula, incluindo o envolvimento dos leigos na tomada de decisões sinodais em diversas ocasiões específicas, enumeradas por ele.

Outra exceção, disse o bispo, está na Igreja de Chipre, onde os leigos estão envolvidos na primeira fase da eleição dos bispos.

“No entanto, o caso da Igreja de Chipre constitui um caso excepcional na Ortodoxia contemporânea, onde, caso contrário, a prática da sinodalidade implica exclusivamente uma assembleia de bispos”, disse ele, ao observar que durante um sínodo da Igreja Ortodoxa em Creta em 2016, os 62 conselheiros compostos por clérigos, monges e leigos não tinham direito de palavra ou voto.

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