27 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco confirma viagem a Dubai para conferência climática COP28

Papa Francisco na entrevista com Gianmarco Chiocci, diretor do programa notícias italiano TG1 | Vatican Media

O papa Francisco confirmou que viajará a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 1° a 3 de dezembro, e estará presente durante os dias da COP28, a "Conferência das Partes" organizada pelas Nações Unidas para combater a mudança climática, que acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro.

O papa anunciou a sua próxima visita aos Emirados Árabes Unidos durante uma entrevista de quase uma hora à TG1, transmitida na noite de 1° de novembro.

Durante a entrevista, o papa Francisco abordou vários temas: falou do conflito na Terra Santa, apelou à paz na Ucrânia, dizendo que compreende as razões do povo ucraniano, abordou a questão do celibato sacerdotal e reiterou o seu não ao sacerdócio feminino. Esta é a condensação do pensamento do papa Francisco, incluindo as indicações do indietrismo, que, entre outras coisas, podem ser encontradas atualmente em vários discursos e em vários livros.

No entanto, a principal novidade é a próxima viagem a Dubai. Havia rumores e muitas fontes confirmaram a possibilidade da viagem do papa, mas a data ainda não era conhecida. O papa a confirmou.

Na entrevista, o papa Francisco voltou a falar sobre como nasceu a encíclica Laudato Si' de 2015: a ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolene Royale, tinha lhe pedido que escrevesse algo antes da COP21 em Paris. O papa disse que a Laudato Si' "saiu antes de Paris" e que "o encontro de Paris foi o mais bonito de todos", porque "depois de Paris, todo mundo andou para trás e é preciso coragem para avançar nisso".

O papa, que publicou recentemente a exortação Laudate Deum como atualização da Laudato Si', em preparação para a COP28, disse que um país, uma ilha do Pacífico, "está comprando terrenos em Samoa para se mudar porque daqui a vinte anos não existirá porque o mar cresce. Mas nós não acreditamos nisso. Ainda temos tempo para parar".

Também foram abordados na entrevista os temas difíceis debatidos durante o Sínodo da Sinodalidade. O primeiro é a ordenação sacerdotal de mulheres. O papa Francisco reafirmou sua posição: o problema é teológico, não administrativo, especialmente considerando que cada vez mais mulheres ocupam cargos na Santa Sé. Entretanto, mencionou dois princípios: “o princípio petrino, que é o da jurisdição, e o princípio mariano, que é o mais importante, porque a Igreja é mulher, a Igreja é esposa, a Igreja não é masculina, é mulher. É preciso uma teologia para entender isso, e o poder da Igreja feminina e das mulheres na Igreja é mais forte e mais importante do que o dos ministros masculinos. Maria é mais importante do que Pedro".

A disposição sobre o celibato é diferente, disse o papa Francisco. No entanto, destacou que mudar as disposições do celibato não ajudaria a crise de vocações, e que um dos problemas desta crise de vocações é aquilo a que chama "espiritualidade de solteironas".

Sobre o acolhimento a pessoas homossexuais, o papa Francisco disse que "Igreja recebe as pessoas, todos, e não pergunta como você é”. “Outra coisa é quando há organizações que querem entrar. O princípio é este: a Igreja recebe todos que podem ser batizados. As organizações não podem ser batizadas. As pessoas sim”.

O papa Francisco também abordou a questão do conflito em Gaza, destacando que "toda guerra é uma derrota". Disse que na Terra Santa há "dois povos que devem viver juntos. Com essa solução sábia: dois povos, dois Estados. O acordo de Oslo: dois Estados bem delimitados e Jerusalém com um status especial".

No entanto, para o papa Francisco, a maior responsabilidade é da indústria de armas.

O papa Francisco disse que “essa guerra nos toca por causa do que significa Israel, a Palestina, a Terra Santa, Jerusalém, mas também a Ucrânia nos toca, porque está perto. Mas há muitas outras guerras que não nos tocam: Kivu, Iêmen, Mianmar com os Rohingya que são mártires”.

Sobre o conflito na Ucrânia, o papa Francisco disse que pensa em primeiro lugar no povo ucraniano que "é um povo mártir, sofreu perseguições na época de Stalin, perseguições muito fortes" (o papa está se referindo ao Holodomor, a tentativa de genocídio do povo ucraniano através da fome causada). O papa disse compreender os ucranianos, porque tudo os faz reviver o passado, mas "precisamos de paz”, que “busquem um acordo de paz”. 

Um acordo que não se concretizou, porque nunca foi além do diálogo para a libertação dos prisioneiros que ele próprio iniciou em contato com a embaixada da Federação Russa junto da Santa Sé, disse o papa.

O papa Francisco também abordou a questão da migração, apelou à integração dos migrantes porque "caso contrário, tornam-se um problema", recordou a crueldade do tráfico de migrantes e, em relação à Europa, chegou a falar de um "acolhimento pan-europeu".

Sobre o sínodo, o papa avaliou positivamente a experiência e considerou que "chegamos àquele exercício de sinodalidade que São Paulo VI desejava". E se comparou-um pouco com Paulo VI, quando - respondendo sobre a sua possível filiação ideológica - disse que o seu antecessor, que foi um grande inovador, também tinha sido chamado de esquerdista, e lamentou que "nas instituições da Igreja há sempre pessoas retrógradas que não aceitam que a Igreja avance e esteja a caminho".

A parte final da entrevista aborda temas mais pessoais: a última vez que foi à praia, o seu jogador de futebol favorito entre Lionel Messi e Diego Armando Maradona (e o papa, surpreendentemente, escolheu Pelé), bem como a sua namorada de juventude.


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