5 de dezembro de 2024 Doar
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A fé não é uma ideia, é uma Pessoa, Jesus Cristo, diz papa ao recordar ensinamento de Bento XVI

Papa Francisco durante missa em memória de Bento XVI e dos bispos e cardeais mortos. | Daniel Ibáñez/ACI Prensa.

Hoje (3), às 11h (horário de Roma), na basílica de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco celebrou a tradicional missa em memória dos bispos e cardeais que morreram no último ano. Desta vez, celebrou especialmente em memória de Bento XVI, morto em 31 de dezembro de 2022.

Na presença de alguns bispos e fiéis, Francisco leu a sua homilia depois de ouvir as leituras em francês, inglês e italiano. Ele falou sobre o Evangelho de São Lucas (Lc 7,11), que narra a cena em que Jesus se emociona com a dor de uma mãe viúva cujo filho acaba de morrer e depois o traz de volta à vida.

Para Francisco, “assim é o nosso Deus, cuja divindade resplandece no contato com as nossas misérias, porque o seu coração é compassivo”.

O papa Francisco disse que a volta à vida do filho no Evangelho brota “da compaixão do Senhor, que Se comove à vista do nosso mal extremo, a morte”.

“Como é importante comunicar este olhar de compaixão a quem vive na angústia pela morte dos seus entes queridos”, disse.

O papa recordou Bento XVI que ensinou “que a fé não é, primariamente, uma ideia a compreender nem uma moral a abraçar, mas uma Pessoa a encontrar: Jesus Cristo. O coração d’Ele bate forte por nós, o seu olhar condói-se à vista dos nossos sofrimentos”.

Como em ocasiões anteriores, o papa Francisco falou que “o estilo de Deus” se baseia na “proximidade, na compaixão e na ternura” e disse que “a sua compaixão elimina distâncias e leva-O a aproximar-Se”.

“Cristo não prega sobre a morte, mas diz só uma coisa àquela mãe: ‘Não chores’”.

"Por quê? Porventura é errado chorar? Não; o próprio Jesus chora nos Evangelhos. Mas àquela mãe diz ‘não chores’, porque, com o Senhor, as lágrimas não duram para sempre, têm fim”. Francisco também disse que Jesus “assumiu as nossas lágrimas, para retirá-las de nós”.

Ele disse que o Senhor traz o filho de volta à vida, “de um modo diverso doutros milagres, ou seja, sem pedir sequer à mãe que tenha fé”.

O papa recordou que o órfão, a viúva e o estrangeiro são “as pessoas mais sós e abandonadas, que não podem confiar em mais ninguém que não seja Deus”.

“Eles são, portanto, as pessoas mais íntimas e queridas do Senhor. E não podemos ser íntimos e queridos de Deus, ignorando aqueles que gozam da sua proteção e predileção e que nos hão de acolher no Céu”.

Francisco disse que “o órfão e a viúva são realmente os humildes por excelência, aqueles que, colocando toda a esperança no Senhor e não em si mesmos, transferiram o centro da sua vida para Deus”.

“Contam, não sobre as suas próprias forças, mas sobre o Senhor que cuida deles. Aqueles que rejeitam toda a presunção de autossuficiência, reconhecem-se necessitados de Deus e fiam-se d’Ele; eles são os humildes. E são estes pobres em espírito que nos revelam a pequenez tão grata ao Senhor, o caminho que conduz ao Céu”, disse o papa Francisco.

Ele reiterou que “Deus ama a humildade, porque Lhe permite interagir conosco. Mais, Deus ama a humildade, porque Ele mesmo é humilde. Desce até nós, abaixa-Se; não Se impõe, deixa espaço. Deus não só é humilde; é humildade””.

Francisco advertiu que “os cristãos, sobretudo o papa, os cardeais, os bispos, são chamados a ser humildes trabalhadores: a servir, não a ser servidos; a pensar menos nos próprios frutos do que nos frutos da vinha do Senhor. E como é estupendo renunciar a si mesmo pela Igreja de Jesus!”.

Por fim, convidou os fiéis a pedir a Deus “um olhar compassivo e um coração humilde” e encorajou a que não se cansem de o pedir, “porque é pela senda da compaixão e da humildade que o Senhor nos dá a sua vida, que vence a morte”.

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