16 de dezembro de 2024 Doar
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Freiras nigerianas se esforçam para cuidar das vítimas de tráfico sexual na África

As irmãs Philomina Okwu e Theresa Anosike, durante entrevista à Rádio Vaticano. | Vatican News.

Na Nigéria, o Comitê de Apoio à Dignidade das Mulheres (COSUDOW), um programa supervisionado pela Conferência das Religiosas da Nigéria, ajudou mais de 300 mulheres vítimas de tráfico sexual a se reintegrarem na sociedade, segundo relatado pela coordenadora do Comitê, irmã Philomina Okwu, em entrevista a Vatican News, site oficial de notícias da Santa Sé.

O COSUDOW, disse a freira, nasceu com o objetivo de dar uma resposta ao problema do tráfico de seres humanos que se espalhou no país e por toda a África. Em 1999, vários membros do comitê viajaram para a Europa para ver esta situação em primeira mão.

A irmã Okwu disse que COSUDOW surgiu "para educar o público em geral sobre os perigos de as pessoas deixarem sua terra natal para viajar para pastagens mais verdes sem estar preparadas e, em seguida, sobre os problemas que encontram ao longo do caminho".

Segundo ela, o comitê espera que a cada dia haja menos mulheres vítimas do tráfico de seres humanos. Ela contou que muitas sobreviventes “estão traumatizadas” e referiu-se aos esforços que fazem para cuidar delas e ajudá-las a se curar emocionalmente.

“COSUDOW ajuda essas mulheres que voltaram”, disse. “Nós lhes proporcionamos competências, formação profissional, para que se tornem autossuficientes”, acrescentou.

A responsável pelo programa, irmã Theresa Anosike, disse que o COSUDOW acolhe vítimas que ainda não se sentem preparadas para voltar para casa durante 3 a 6 meses por medo ou vergonha.

“Durante esse tempo, algumas delas recebem aconselhamento, orientação espiritual e psicoterapia para que possam recuperar a dignidade ou a autoestima”, disse a irmã Anosike. “E depois de recuperarem a autoestima, também lhes proporcionamos formação profissional”, acrescentou.

A freira também disse que as vítimas recebem formação de acordo com os seus interesses. “Algumas gostariam de se dedicar aos salões de beleza, outras à moda e ao design, outras à hotelaria e também à gestão hoteleira”, disse.

O programa também é responsável por pagar os custos do investimento em equipamentos e aluguéis de imóveis, para que as vítimas tenham a possibilidade de abrir seus próprios negócios. Nos seus 25 anos de operação, a COSUDOW resgatou mulheres da Nigéria, Líbia, Gana, Mali, Burkina Faso e outros países africanos. A irmã Anosike disse que 30 pessoas foram resgatadas de embarcar em viagens potencialmente perigosas.

Uma sobrevivente, que não se identificou por motivos de segurança, revelou que foi traficada para Gana com um grupo de amigas entre 2019 e 2020. Ela disse que queria contar sua história, embora fosse "muito terrível", para que outras pessoas pudessem aprender com ela.

Ela contou a Vatican News que uma senhora, que ela não conhecia, lhe ofereceu uma oportunidade de emprego fora da Nigéria. Essa pessoa prometeu levá-la para a Itália com todas as despesas pagas.

“Aceitei ir com ela para a Itália e fiquei muito feliz”, recordou a sobrevivente. “Também falei sobre isso com as minhas amigas e elas se animaram de ir comigo”, disse. Ela também contou que a sua família se opôs à viagem, mas isso pouco lhe importou.

Ao chegarem a Gana, a atitude desta senhora mudou completamente e ela começou a ser agressiva com o grupo de jovens, chegando a ameaçá-las de morte: “Vocês não conhecem ninguém, não conhecem nenhum lugar”. A senhora continuou: “Agora posso fazer com vocês o que eu quiser, porque agora sou a dona de suas vidas”.

Daquele dia em diante, elas foram obrigadas a se prostituir todas as noites. “Ela nos escravizou, mantendo-nos em casa e à noite, ela nos entregava a alguns homens e recolhia o dinheiro”, disse a sobrevivente. Elas ficaram assim por meses até que conseguiram escapar e conhecer o COSUDOW que as “acolheu, reabilitou e formou”, nas palavras da jovem.

A irmã Okwu disse que o programa enfrenta muitos obstáculos diariamente, como a falta de recursos financeiros e vítimas que se recusam a deixar a prostituição.

"O COSUDOW continua a se concentrar na proteção das vítimas, na prevenção, na denúncia [de traficantes], na reabilitação e nos casos favoráveis à família", concluiu.

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