13 de dezembro de 2024 Doar
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Arcebispo apoia colocação de bandeiras LGBT em caixões em catedral mexicana

Caixões com bandeira LGBT na catedral de Aguascalientes (México | María Miranda Franco / Metropolitano de Aguascalientes

O arcebispo de Yucatán, dom Gustavo Rodríguez Vega, vice-presidente da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), apoiou que, durante o funeral de um ativista homossexual e seu companheiro, que aconteceu na catedral de Aguascalientes, os caixões tenham sido cobertos com a bandeira arco-íris do movimento LGBT.

A missa fúnebre do magistrado e ativista que se dizia “não-binário” Ociel Baena e do seu companheiro aconteceu na manhã de terça-feira (14). Os corpos dos dois foram encontrados sem vida e com sinais de violência dentro da casa de Baena na segunda-feira (13). Em comunicado, a Procuradoria-Geral do Estado de Aguascalientes informou naquele dia que “tudo indica que poderia tratar-se de um assunto pessoal", uma vez que foi encontrado "um instrumento cortante" nas mãos de um dos mortos.

Na missa fúnebre de Baena e do seu companheiro, pessoas próximas a eles colocaram a bandeira LGBT nos caixões.

Numa coletiva de imprensa ontem (16), dom Rodríguez Vega disse que Baena e seu companheiro são "filhos de Deus e nossos irmãos ", e por isso "não poderíamos, de forma alguma, deixar de recebê-los na Igreja. Sobretudo quando a família quis levá-los para lá".

Ao responder à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, sobre a colocação das bandeiras, o arcebispo disse que “se colocaram essas bandeiras, que significaram tanto para eles, bem, nós respeitamos isso”.

“Não há nenhum problema”, continuou o vice-presidente da CEM, porque “não foi intenção ofender ninguém”. “Eles também são bem-vindos a todos os serviços que a Igreja possa oferecer”, concluiu.

Quem foi Ociel Baena?

Nascido em Saltillo em 1984, Baena era advogado formado pela Universidade Autônoma de Coahuila e doutor em Direito pela Universidade Autônoma de Durango. Exerceu o cargo de secretário-geral de Acordos do Tribunal Eleitoral do Estado de Aguascalientes, mas em outubro de 2022, após a saída de Claudia Eloísa Díaz de León González, assumiu provisoriamente o cargo de magistrado, que exerceria até que o Senado da República nomeasse seu substituto.

Baena pedia para ser chamado de “magistrade”, como parte de seu ativismo LGBT.

A linguagem neutra é defendida por ativistas da ideologia de gênero e estabelece o uso de expressões que não sejam no masculino nem no feminino. Os artigos “a” e “o” são substituídos, por exemplo, por letras como “e” ou “x”, para expressar o que classificam como gênero neutro ou não-binário. Assim, palavras como “todos” e “todas” são escritas “todes” ou “todxs”, “menino” ou “menina” passam a ser escritos como “menine”, entre outros.

Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher.

A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu «ser homem» e no seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador.

Em maio de 2023, Baena foi o primeiro mexicano a receber um passaporte “não-binário” criado pelo governo do atual presidente Andrés Manuel López Obrador.

Em dia 31 de outubro, Baena publicou em suas redes sociais uma fotografia sua vestido de Virgem Maria.

As bandeiras LGBT podem ser expostas numa missa de exéquias?

Em entrevista à ACI Prensa na quarta-feira (15), o padre Francisco Torres Ruiz, especialista em liturgia da diocese de Plasencia, Espanha, disse que “não é permitido colocar nenhum tipo de simbologia nas missas de exéquias, especialmente quando essa simbologia representa ideologias contrárias à antropologia cristã, isto é, quando são contra a fé”.

“O que se admite é, quando se enterra um chefe de Estado ou um soldado, que tem um protocolo próprio, colocar a bandeira nacional, a bandeira do país, no caixão. Mas nunca uma bandeira que desvirtue o lugar sagrado que é o templo”.

"Também não pode ser colocado qualquer outro símbolo ou fotografia do defunto durante a celebração das exéquias", disse, "porque na igreja as únicas imagens, as únicas fotografias ou ícones, são sempre as dos santos ou do bispo diocesano ou do papa, mas nunca a do defunto que está sendo enterrado".

 

Caixões com a bandeira LGBT na catedral de Aguascalientes (México). María Miranda Franco / Metropolitano de Aguascalientes

O que o padre poderia ter feito?

Para o padre Torres Ruiz, se a colocação das bandeiras tivesse ocorrido antes do início da missa, o padre teria tido a oportunidade de “indicar à família ou aos organizadores do funeral que este símbolo é estritamente proibido”.

"Se a colocam 'traiçoeiramente' durante a cerimônia, é uma situação muito violenta para o padre, porque ele não vai parar uma celebração para remover essa bandeira", disse ele.

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“Embora possa perfeitamente acontecer que o padre, durante a homilia ou em qualquer momento, faça alguma observação ou ordene à família ou à organização que retire aquele símbolo. Mas é certamente uma situação muito violenta para o sacerdote que deve presidir a celebração”, disse.

Por que a missa de exéquias é importante para os católicos?

O padre Torres Ruiz disse que a missa de exéquias “não é só mais uma cerimônia, mas é a última expressão da maternidade espiritual da Santa Mãe Igreja com os seus filhos que passaram deste mundo para o outro”.

“Os funerais cristãos são sempre um sufrágio a favor da pessoa que é sepultada, ou seja, para implorar o descanso eterno da alma da pessoa”, que “pode ter algum tipo de pecado não perdoado ou culpa não reparada”.

“Então pensamos que ele está no purgatório e o que a Igreja faz ao oferecer esta missa é pedir a purificação dessa pessoa, o perdão dos seus pecados”, para que ela possa “entrar no Reino dos Céus”.

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