22 de novembro de 2024 Doar
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Não se pode aceitar silêncio ou ocultação diante dos abusos, diz o papa Francisco

O Papa Francisco. | Daniel Ibáñez/ACI Prensa

“Quem protege, quem custodia o próprio coração, sabe que não se pode aceitar nenhum silêncio ou ocultação em relação ao tema de abusos, isto não é uma questão negociável”, disse o papa Francisco no sábado (18) ao receber os participantes do Primeiro Encontro Nacional de Serviços e Centros de Escuta Territorial para a proteção de menores e pessoas vulneráveis, promovido pela Conferência Episcopal Italiana.

No seu discurso aos presentes, que refletem sobre o tema “A beleza ferida. ‘Vou enfaixar tuas chagas e curar tuas feridas’ (Jr 30,17)”, Francisco falou sobre três ações ou verbos que devem ser colocados em ação quando confrontado com a questão do abuso: proteger, escutar e curar.

“É importante perseguir a apuração da verdade e o restabelecimento da justiça no seio da comunidade eclesial, também em casos em que certos comportamentos não são considerados crimes pela lei do Estado, mas o são pela lei canônica”, disse o papa.

“Custodiar também significa prevenir as ocasiões de mal, e isso só é possível por meio de uma constante atividade de formação, voltada a difundir a sensibilidade e a atenção para a tutela dos mais frágeis. E isto também é importante fora do nosso mundo eclesiástico”, continuou.

Depois de observar que entre “42 e 46 por cento dos abusos ocorrem dentro da família ou no bairro”, o papa Francisco referiu-se ao segundo verbo: escutar

“Para proteger é preciso saber escutar, deixando de lado toda forma de protagonismo e interesse pessoal. A escuta é movimento do coração e é também uma opção fundamental para colocar no centro de todas as nossas ações aqueles que sofreram ou estão sofrendo e quem é mais frágil e vulnerável”, disse o papa.

“A escuta das vítimas é o passo necessário para fazer crescer uma cultura de prevenção, que se materializa na formação de toda a comunidade, na implementação de procedimentos e boas práticas, na vigilância e naquela clareza de ação que constrói e renova a confiança”.

Depois de dizer que a escuta “é o único caminho para partilhar verdadeiramente o que aconteceu na vida de uma vítima”, o papa Francisco disse que “somos chamados a uma reação moral, a promover e a testemunhar a proximidade com aqueles que foram feridos por um abuso. Saber escutar é cuidar das vítimas”.

“Somente percorrendo o caminho do proteger e do escutar é possível curar. Neste tempo, difundiu-se a cultura do descarte, ao contrário do que diz o Evangelho; as nossas comunidades devem ser uma provocação saudável para a sociedade, na sua capacidade de assumir os erros do passado e de abrir novos caminhos”.

Para o papa, “a ‘cura’ das feridas é também obra de justiça. Precisamente por esta razão é importante processar aqueles que cometem tais crimes, ainda mais se em contextos eclesiais”.

“E eles próprios têm o dever moral de uma profunda conversão pessoal, que conduza ao reconhecimento da própria infidelidade vocacional, à retomada da vida espiritual e ao humilde pedido de perdão às vítimas pelos seus atos”, disse o papa Francisco.

O papa também falou da pornografia infantil.

“E cuidem também de uma coisa muito ruim que acontece, que são os filmes pornográficos que usam as crianças. Isso acontece, aliás, está ao alcance de quem paga, no seu celular. Onde esses filmes são feitos? Quem é responsável? Em que país?”.

“Por favor, trabalhem nisso: é uma luta que temos que travar porque se difunde nos celulares a coisa mais feia”, disse.

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