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O Senhor não nos deixou folhetos teológicos, mas o Espírito Santo, diz o papa Francisco

Papa Francisco na Sala Paulo VI de 6 de dezembro de 2023 | Daniel Ibáñez/ACI Prensa.

“O Senhor não nos deixou folhetos teológicos ou um manual de pastoral para aplicar, mas o Espírito Santo que inspira a missão”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (6), com a qual concluiu o seu ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico e a paixão pela evangelização.

Na Aula Paulo VI do Vaticano, o papa disse que está “muito melhor” da gripe que causou inflamação pulmonar, mas disse : “Fico cansado se falo demais”.

Por isso, como na quarta-feira passada, o responsável por dar a catequese sob o título “o anúncio está no Espírito Santo” foi monsenhor Filippo Ciampanelli, membro da secretaria de Estado da Santa Sé.

Segundo o papa Francisco, “para ‘comunicar Deus’ não bastam a alegre credibilidade do testemunho, a universalidade do anúncio e a atualidade da mensagem. Sem o Espírito Santo todo zelo é vão e falsamente apostólico: seria apenas nosso e não daria frutos”.

“O Espírito é o protagonista, sempre precede os missionários e faz brotar os frutos”, continuou.

“No seu zelo apostólico a Igreja não anuncia si mesma, mas uma graça, um dom, e o Espírito Santo é precisamente o Dom de Deus”, disse.

Segundo o papa, a confiança no Espírito Santo “não justifica o afastamento” e a sua primazia “não deve levar-nos à indolência”.

Ele disse que “a desenvoltura corajosa que o Espírito infunde leva-nos a imitar o seu estilo, que tem sempre duas características: a criatividade e a simplicidade”.

Criatividade pastoral e simplicidade evangélica

Para o papa, a criatividade é essencial “para anunciar Jesus com alegria, a todos e no hoje”.

Ele lamentou que “nesta nossa época, que não nos ajuda a ter uma visão religiosa da vida e em que o anúncio se tornou mais difícil, cansativo e aparentemente infrutífero em vários lugares, pode surgir a tentação de desistir do serviço pastoral”.

Para o papa Francisco, estas são tentações “que se disfarçam de fidelidade à tradição, mas muitas vezes, em vez de respostas ao Espírito, são reações às insatisfações pessoais”.

No entanto, disse que “a criatividade pastoral, o ser ousados no Espírito, ardentes com o seu fogo missionário, é prova de fidelidade a Ele” e lembrou que “Jesus Cristo também pode quebrar os esquemas enfadonhos em que tentamos encerrá-lo e surpreende-nos com sua constante criatividade divina.”

Ele destacou a simplicidade, precisamente “porque o Espírito nos leva à fonte, ao primeiro anúncio”.

Por fim, convidou os fiéis a deixar-se “cativar pelo Espírito Santo” e a invocá-lo todos os dias: “seja Ele o princípio do nosso ser e do nosso agir; esteja no início de cada atividade, reunião, encontro e anúncio”.

“Ele vivifica e rejuvenesce a Igreja: com Ele não devemos temer, porque Ele, que é a harmonia, mantém sempre juntas a criatividade e a simplicidade, inspira a comunhão e envia em missão, abre à diversidade e reconduz à unidade. Ele é a nossa força, o sopro do nosso anúncio, a fonte do zelo apostólico”, concluiu.

No final da catequese, o papa Francisco pediu para rezar “por aqueles que sofrem o drama da guerra”, particularmente na Ucrânia, em Israel e na Palestina. “A guerra é uma derrota, só ganham os fabricantes de armas”, disse.

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