MADRI, Feb 1, 2006 / 19:36 pm
O Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Cardeal Julián Herranz, alertou nesta terça-feira em Madri da “tendência ao totalitarismo ideológico” que “se pode manifestar em regimes que se consideram democráticos”.
Ao celebrar um encontro pelo 40º aniversário da declaração conciliar “Dignitatis Humanae” sobre liberdade religiosa, o Cardeal advertiu do “perigo do totalitarismo agnóstico ou fundamento laicista”, que se aprecia em alguns governos que “emanam leis ou fazem declarações lesivas da liberdade religiosa”.
O Cardeal Herranz advertiu da situação em “alguns Estados democráticos que se declaram aconfessionais, porém nos que se configura o perigo de que um fundamentalismo laicista se torne uma nova espécie de religião de Estado, em um ateismo militante não declarado, mas real”.
A respeito, o Cardeal espanhol se referiu ao “progressivo empobrecimento ético das leis civis ou de projetos políticos que se desejaria converter em leis”, entre outros, o “desprezo da indissolubilidade do vínculo matrimonial, a liberalização do aborto, da eutanásia, da droga; a insuficiente tutela da instituição familiar” e a “redução relativista” da liberdade religiosa.
A juízo do Cardeal, esta situação significa o “retrocesso da civilização, onde ficam ao mesmo nível a verdade e o engano, a liberdade e o egoísmo”, até “querer instaurar de fato essa ditadura do relativismo”.
Em sua intervenção no ato realizado na Casa da Igreja em Madri, o Cardeal lembrou dos atentados à liberdade religiosa em Estados teocráticos ou regimes comunistas e se referiu a “alguns governos que se proclamam democráticos e pluralistas”, nos quais “surgem problemas de insuficiente respeito e tutela da liberdade religiosa”, chegando ao ponto de querer “expulsar do âmbito público tudo quanto for religioso”. Se trata de uma atitude “intolerante e pouco respeitosa do direito à liberdade religiosa”.
Assim, o presidente do Pontifício Conselho pediu que se respeite a liberdade religiosa, quer dizer, que “nenhuma pessoa possa ser forçada a atuar contra sua consciência, nem deve ser impedida de professar sua religião em privado ou em público”.
Por último, o Cardeal Herranz criticou “um indiscriminado nivelamento jurídico entre todas as religiões, colocando à Igreja católica na mesma altura de qualquer outra comunidade religiosa ou seita”.
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