22 de dezembro de 2024 Doar
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Parte das cinzas cremadas pode ser guardada em local pessoal, diz Santa Sé

O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, o cardeal Victor Manuel Fernández. | Cortesia da arquidiocese de La Plata

Sob certas circunstâncias um católico pode manter uma pequena porção das cinzas de um ente querido que tenha sido cremado em um local pessoal significativo, disse o Dicastério para a Doutrina da Fé.

A orientação está em uma carta escrita pelo prefeito do dicastério, cardeal Victor Manuel Fernández em resposta a uma consulta do arcebispo de Bolonha, cardeal Matteo Maria Zuppi. A carta de Fernández foi publicada no último sábado (9) em resposta à pergunta de Zuppi formulada em 30 de outubro.

Segundo o órgão da Santa Sé responsável pela preservação da doutrina, a autoridade eclesiástica local poderá avaliar o pedido da família “para preservar de forma adequada uma parte mínima das cinzas de seu familiar em um lugar significativo para a história da pessoa que morreu”.

Isso só poderá acontecer se a família rejeitar “todo tipo de mal-entendido panteísta, naturalista ou niilista”, diz a carta. As cinzas do morto “devem ser guardadas em um lugar sagrado”.

"As cinzas do morto… provêm dos restos materiais que fizeram parte do percurso histórico da pessoa – tanto que a Igreja demonstra especial cuidado e devoção pelas relíquias dos santos”, acrescentou Fernández. “Essa atenção e lembrança também nos leva a ter uma atitude de respeito sagrado para com as cinzas do morto, que conservamos em local sagrado adequado à oração, às vezes localizado perto das igrejas visitadas pelos familiares e vizinhos do morto”.

O cardeal disse também que é permitido que as cinzas misturadas de pessoas mortas e batizadas sejam depositadas em um lugar sagrado permanente se os nomes das pessoas forem indicados para não perder a memória deles.

Ao explicar os regulamentos da Igreja para a preservação das cinzas cremadas, Fernández citou um documento da Congregação para a Doutrina da Fé de 2016 que proíbe espalhar as cinzas e exige que elas sejam guardadas num local sagrado designado pela autoridade eclesiástica. O cardeal observou que estes regulamentos ainda são válidos.

“A reserva das cinzas dos defuntos em local sagrado garante que não sejam excluídos das orações e da lembrança da sua família ou da comunidade cristã” no caso de cremação, segundo a instrução Ad resurgendum cum Christo, Relativa ao Enterro dos Mortos e à conservação das cinzas no caso de cremação, que o cardeal citou na sua carta.

“Evita que os fiéis mortos sejam esquecidos, ou que os seus restos mortais sejam desrespeitados, o que é possível, sobretudo quando a geração imediatamente subsequente também já morreu”, acrescenta o documento de 2016. “Também evita quaisquer práticas impróprias ou supersticiosas.”

Fernández, em sua carta deste mês, referiu-se à doutrina católica de que “seremos ressuscitados [dos mortos] com a mesma identidade corporal, que é material,… embora essa matéria seja transfigurada, libertada das limitações deste mundo”.

Disse que esta doutrina evita “qualquer dualismo prejudicial entre o material e o imaterial”, mas que a transformação “não implica a recuperação das partículas idênticas de matéria que outrora formaram o corpo do ser humano”.

“O corpo do ressuscitado não consistirá necessariamente dos mesmos elementos que tinha antes de morrer”, acrescentou o cardeal. “Como não se trata de uma simples revivificação do cadáver, a ressurreição pode ocorrer mesmo que o corpo tenha sido totalmente destruído ou disperso. Isso nos ajuda a entender por que, em muitas urnas cinerárias, as cinzas dos mortos são conservadas juntas e não armazenadas separadamente.”

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