5 de dezembro de 2024 Doar
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Começa o julgamento de Jimmy Lai, um ativista católico de Hong Kong preso há três anos

Jimmy Lai em um protesto em Hong Kong. | Cortesia do Acton Institute.

O julgamento de Jimmy Lai, ativista católico e editor de jornal de Hong Kong, começou na segunda-feira (18), marcando o início do que se espera ser uma longa batalha legal para o defensor da democracia que está há três anos na prisão.

Lai tem sido um forte defensor dos direitos humanos e das liberdades democráticas em Hong Kong há anos. Fundou o jornal Apple Daily em 1995, que assumiu uma postura pró-democrática na região administrativa.

O ativista foi preso em agosto de 2020 sob a lei de segurança nacional de Hong Kong, aprovada pelo governo comunista da China no mesmo ano. A lei limitou drasticamente a liberdade de expressão na região com o objetivo de sufocar o que o Partido Comunista Chinês considerava subversão e sedição na região administrativa separada de Hong Kong.

Lai foi acusado de conluio com forças estrangeiras e conspiração para fraudar. As penas da lei incluem prisão perpétua por aquilo que o governo considera sedição ou terrorismo, incluindo atos como danificar instalações de transporte público.

Ele já passou mais de mil dias na prisão. A sua prisão suscitou fortes críticas e pedidos de clemência por parte dos seus apoiadores, entre os quais bispos católicos. Em 2022, a Universidade Católica da América concedeu-lhe um diploma honorário depois de sua prisão. Um filme sobre Lai lançado este ano teve mais de um milhão de visualizações no YouTube e mais de quatro milhões de visualizações no TikTok em apenas duas semanas.

Convertido ao catolicismo, Lai expressou abertamente a sua fé. Foi batizado e recebido na Igreja pelo bispo emérito de Hong Kong, cardeal Joseph Zen, em 1997. Em 2020, disse que a sua decisão de ficar em Hong Kong e se colocar em perigo se baseou na sua crença em Deus.

“Se eu partir, não apenas renuncio ao meu destino, mas renuncio a Deus, renuncio à minha religião, renuncio ao que acredito”, disse ele.

Uma possível sentença de prisão perpétua para Lai

No início do julgamento de Lai em Hong Kong, ele enfrenta acusações de conluio estrangeiro e publicação de materiais sediciosos de acordo com a lei de segurança nacional. Se condenado, ele enfrentará uma possível sentença de prisão perpétua.

Lai recebeu apoio de várias personalidades nos EUA e em todo o mundo, que alegam que o julgamento é uma farsa destinada a perseguir politicamente Lai e outros que possam falar contra as autoridades comunistas chinesas.

O padre Robert Sirico, fundador do Instituto Acton para o Estudo da Religião e Liberdade, com sede em Michigan, EUA, disse em entrevista por telefone à CNA, agência em inglês da EWTN News, que desconfiava da possibilidade de uma sentença de inocência no julgamento.

“Quando foi a última vez que você viu um governo totalitário levar alguém para o seu sistema judicial e descobrir que era inocente?”, perguntou o padre Sirico.

“Não tenho esperança de que mudem de mentalidade sobre isto”, disse ele sobre as autoridades chinesas. "Tentamos construir apoio e fizemos isso em todo o mundo, mas não obtivemos a visibilidade de uma situação como a de (Nathan) Sharansky ou (Nelson) Mandela".

“É significativo para mim que Lai seja jornalista”, disse o padre. “Acho que os jornalistas deveriam ter tido isso em primeiro plano.”

Segundo o padre Sirico, Lai “manifestamente não é culpado de traição”.

“Ele ama a China”, disse. "Ele estava simplesmente exercendo seu direito à liberdade de expressão".

Mas Lai tem “várias coisas contra ele”, alegou o padre, incluindo a sua posição favorável ao capitalismo e as suas manifestações pró-ativas a favor da liberdade.

"Ele é católico. E vemos qual é a posição do governo chinês em relação à religião em geral, e ao catolicismo em particular."

“Quero ser otimista”, disse o padre Sirico. “Tenho um profundo respeito por ele. A sua coragem me inspira. Mas eu sei contra o que ele está lutando."

Particularmente preocupante para os defensores de Lai é a possibilidade de ele ser transferido para a China continental em algum momento, seja antes do julgamento ou depois de uma possível condenação. Embora Hong Kong exista há muito tempo como uma "região administrativa especial" da China, durante décadas gozou de formas distintas de governança econômica e política local, incluindo um comércio mais livre e uma maior proteção dos direitos humanos.

“O meu medo é que o levem para o continente”, disse o padre Sirico, porque “isso o tira do radar”.

Entre outros apoiadores de Lai está o senador de Illinois Dick Durbin, que numa declaração à CNA condenou o que chamou de "julgamento falso de Jimmy Lai", que, disse, "simboliza claramente a privação da independência, da vitalidade e da democracia de Hong Kong pela China".

Durbin foi um dos mais de 20 senadores dos EUA que assinaram uma declaração em outubro de 2022 criticando a “falsa condenação” de Lai, que naquele mês foi considerado culpado de “fraude”. Na época, os senadores acusaram o Partido Comunista Chinês de “usar acusações forjadas de fraude para manchar a reputação do Sr. Lai”.

Este mês, Durbin disse à CNA que Lai “e tantos outros presos políticos em Hong Kong deveriam ser libertados imediatamente”.

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“Nações fortes e seguras não deveriam ter medo do discurso político pacífico”, disse o senador.

Entre os outros signatários da declaração de outubro estava o senador Jim Risch, de Idaho, que escreveu na rede social X na sexta-feira que a China "diz que Hong Kong é livre e aberta aos negócios, mas depois acusa os seus cidadãos, sob sua 'lei de segurança nacional', de sedição por dizer a verdade e defender os direitos humanos”.

“Antes do julgamento de Jimmy Lai, peço às autoridades [de Hong Kong] que retirem imediata e incondicionalmente todas as acusações falsas e com motivação política e o libertem”, escreveu Risch. "Continuarei a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir a sua liberdade."

O caso de Lai também recebeu apoio do Departamento de Estado do governo Joe Biden. Depois da condenação por fraude de Lai, o Departamento de Estado condenou em um comunicado as “acusações espúrias de fraude” contra o ativista.

O Departamento de Estado não respondeu a um pedido da CNA para comentar o início do julgamento na segunda-feira. Em outubro do ano passado, disse que estava exortando as autoridades chinesas a “restaurar o respeito pela liberdade de imprensa em Hong Kong, onde um ambiente vibrante de comunicação social independente e vibrante praticamente desapareceu”.

“Os esforços para reprimir a liberdade de imprensa e restringir o livre fluxo de informação minam as instituições democráticas de Hong Kong e prejudicam a credibilidade de Hong Kong como centro comercial e financeiro”, disse o departamento.

O julgamento de Lai foi visto como uma indicação mais ampla da implementação da lei de segurança nacional de 2020 pela China. A medida provocou uma ampla reação global quando foi aprovada pela primeira vez, com críticos acusando os líderes do Partido Comunista Chinês de tentar impor um controle draconiano sobre Hong Kong, historicamente mais livre.

Numa coletiva de imprensa na semana passada, o filho de Lai, Sebastian Lai, disse que Hong Kong “sempre foi uma prova da forma como a China vê as liberdades que todos partilhamos aqui”.

“O que estão fazendo com o meu pai essencialmente põe todas estas liberdades em julgamento”, disse ele, observando que “todos os olhos estão voltados para Hong Kong neste momento para ver como irão processar estas coisas sobre as quais o meu pai falou de forma muito firme".

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