17 de novembro de 2024 Doar
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Arcebispo de Nairobi proíbe bênçãos de uniões irregulares e explica “conceito de bênção”

O arcebispo de Nairóbi, dom Philip Anyolo. | Arquidiocese de Nairóbi

Os padres da arquidiocese de Nairóbi, Quênia, foram proibidos pelo arcebispo, dom Philip Anyolo, de aplicar a Fiducia supplicans, declaração da Santa Sé que permite bênçãos de uniões homossexuais e casais em “situações irregulares”, no território da arquidiocese.


Em comunicado de duas páginas publicado no sábado (23), dom Anyolo, diz que membros do clero, religiosos e leigos de Nairóbi levantaram "muitas questões" desde que a Fiducia supplicans foi publicada pelo Dicastério da Doutrina da Fé no dia 18.

"Como atual pastor e sucessor dos apóstolos", o arcebispo determina:

"Todos os clérigos que residem e ministram na arquidiocese de Nairóbi estão proibidos de abençoar casais irregulares ou uniões homossexuais".


Ele diz que a diretriz visa "garantir que as posições doutrinárias fundamentais afirmadas na declaração (da Santa Sé) e a doutrina perene da Igreja sobre o matrimônio sejam mantidas".


Dom Anyolo disse que “o Evangelho de Cristo continua a chamar todos à conversão do coração” e que o convite à conversão “é uma expressão da misericórdia de Deus para com todos”, deixando implícita a necessidade de pessoas em uniões homossexuais e em relacionamentos irregulares mudarem seu comportamento e estilo de vida.


O conceito de bênção


Em sua declaração, dom Anyolo diz entender o conceito de “bênção” como “aprovação, permissão, ou mesmo um mandato comissão para um certo tipo de ação e missão”.


Dar bênçãos a uma união homossexual e a casais em “situações irregulares” é, portanto, entendido como “permissão para pecar” e uma forma de “normalizar” o estilo de vida de praticar atos homossexuais, diz ele.


Tal como a afirmação no nono parágrafo da Fiducia supplicans de que “do ponto de vista estritamente litúrgico, a bênção exige que o que é abençoado seja conforme à vontade de Deus, expressa na doutrina da Igreja”, o arcebispo diz que “mesmo dar bênção fora dos ritos litúrgicos exige que o que quer que seja abençoado esteja conforme à vontade de Deus.


Na opinião dele, “a noção de abençoar uniões homossexuais, ou casais irregulares, pode ser entendida como uma legalização destas relações, o que a Igreja não tem autoridade para fazer em fidelidade ao Evangelho e à instituição do casamento”.


“À luz da misericórdia de Deus, a Igreja concede sua bênção às pessoas que lutam contra o pecado e que se esforçam por fazer a vontade de Deus, determinadas a conformar as suas vidas com a doutrina da Igreja. Isto é feito principalmente no sacramento da penitência e da reconciliação”, diz dom Anyolo, acrescentando que “tais bênçãos não são apenas permitidas, mas fortemente encorajadas”.


O sentido da Fiducia supplicans


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O arcebispo católico de 67 anos, que iniciou o seu ministério episcopal em fevereiro de 1996 como bispo da diocese de Kericho, no Quênia, diz que Fiducia supplicans "declara e afirma corretamente a doutrina católica tradicional sobre o casamento e a família, incluindo a desaprovação da Igreja Católica sobre as uniões homossexuais".


As declarações do Dicastério da Doutrina da Fé, continua ele, "confirmam e reiteram a doutrina perene da Igreja de que o casamento deve ser afirmado como 'uma união exclusiva, estável e indissolúvel de um homem e uma mulher, naturalmente aberta à geração de filhos'", bem como o fato de que a "Igreja não tem o poder de conceder bênçãos a uniões homossexuais".


Base da doutrina da Igreja sobre o matrimônio


Dom Anyolo destaca que a doutrina da Igreja sobre o matrimônio é baseada nas escrituras e na tradição, bem como "na lei natural inscrita no coração de cada ser humano".


"As práticas pastorais da Igreja em relação ao matrimônio e à família baseiam-se sempre no Evangelho de Cristo... e nas práticas duradouras da Igreja enraizadas na Tradição Apostólica. É por esta razão que a Igreja exclui aqueles que vivem em situações matrimoniais irregulares da plena participação sacramental na vida da Igreja, ao convidá-los a remediar a sua situação objetivamente pecaminosa e acompanhá-los com cuidados pastorais", diz.


"As uniões homossexuais são contra a razão, contra a natureza e contra a tradição cultural africana. A palavra de Deus também condena fortemente tais uniões", destaca o arcebispo de Nairóbi citando as cartas de são Paulo aos Romanos, aos Coríntios e a Timóteo.


As tradições culturais africanas "abominam igualmente" a homossexualidade "porque é claramente contra a transmissão da vida", observa o arcebispo Anyolo.


"Que o Espírito Santo ilumine as nossas mentes e os nossos corações para abraçarmos a verdade do Evangelho de Cristo através da intercessão da Santíssima Virgem Maria, a Mãe do Senhor e a Esposa do Espírito Santo", conclui.


Consultas continentais

A direção do Simpósio da Conferência Episcopal da África e de Madagascar (SECAM, na sigla em inglês) iniciou consultas em todo o continente com vista a emitir um "pronunciamento sinodal único" sobre Fiducia supplicans

"Como pastores da Igreja na África, cabe a nós esclarecer a esta questão de forma inequívoca, oferecendo uma orientação definitiva à nossa comunidade cristã", disse o arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo, cardeal Fridolin Ambongo, presidente do SECAM numa declaração de 20 de dezembro aos presidentes das conferências episcopais católicas da África e de suas ilhas.

O cardeal Ambongo disse que uma declaração pastoral do SECAM "forneceria orientações abrangentes para todas as Igrejas locais no nosso continente".

O congolês, que faz parte dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap) deu aos presidentes das conferências episcopais o prazo de até "ao início da segunda quinzena de janeiro" para apresentarem as suas perspectivas ao secretariado geral do simpósio com sede em Acra, em Gana.

"A sua resposta a tempo será fundamental para dar forma a esta importante diretriz", disse o presidente do SECAM aos presidentes das conferências de toda a África e suas ilhas.


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