18 de dezembro de 2024 Doar
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Conferência episcopal de Camarões proíbe bênçãos a uniões homossexuais

Membros da Conferência Episcopal Nacional de Camarões com o papa Francisco no Vaticano. | Vatican Media

Bispos de Camarões proibiram a implementação da declaração da Santa Sé Fiducia Supplicans, que permite a bênção a uniões homossexuais e a casais irregulares, em suas dioceses.


Em comunicado, os membros da Conferência Episcopal Nacional de Camarões (NECC, na sigla em inglês) avaliam o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé divulgado pela Santa Sé em 18 de dezembro que permite a bênção de "uniões homossexuais" e casais em outras "situações irregulares".


Os membros da conferência episcopal de Camarões adotam a mesma posição das conferências episcopais do Malawi e da Zâmbia, ao impedir os membros do clero de abençoar "uniões homossexuais", e classificam a diretriz do Dicastério para a Doutrina da Fé de que tais bênçãos não são litúrgicas como "hipócrita".


"Nós, os bispos de Camarões, reiteramos nossa reprovação à homossexualidade e às uniões homossexuais", dizem. "Consequentemente, proibimos formalmente todas as bênçãos de 'uniões homossexuais' na Igreja de Camarões".


“O ato de abençoar, seja realizado numa assembleia litúrgica ou em privado, continua a ser uma bênção”, diz o documento da Conferência Episcopal Nacional de Camarões. “Portanto, declaramos incompatível qualquer forma de bênção, pública ou privada, que tenda a reconhecer as ‘uniões homossexuais’ como um estado de vida”.


"Abençoar é literalmente ‘falar bem'. E 'falar bem' para ganhar graça através do gesto de abençoar uma ‘união homossexual' equivaleria a encorajar uma escolha e uma prática de vida que não podem ser reconhecidas como objetivamente ordenadas aos desígnios revelados de Deus", explica o documento.


Os membros da conferência episcopal de Camarões disseram no início de sua declaração coletiva que Fiducia supplicans lançou mão de "abusos semânticos destinados a distorcer o valor das realidades e o verdadeiro significado das noções de família, casal, cônjuge, sexualidade e casamento”.


Os membros da NECC acrescentam que a diretriz para proibir a possível bênção de "uniões homossexuais" em Camarões visa abordar a "onda de indignação, questionamento e preocupação que a declaração Fiducia supplicans sobre a questão da bênção de uniões homossexuais despertou entre o povo de Deus".


Os bispos disseram que a decisão coletiva e "unânime" de proibir a implementação da Fiducia Supplicans nos Camarões é "para o bem da dignidade humana e da salvação de toda a humanidade em Jesus Cristo".


Os membros da NECC dizem que orientar o clero de Camarões a não conceder bênçãos a "uniões homossexuais" segue a "Declaração sobre a Homossexualidade de 2013", na qual dizem ter sido reafirmado "fortemente a verdade da Igreja, Mãe e Educadora, que ensina a sacralidade da identidade sexual do homem e da mulher criados à imagem de Deus".


"A pessoa humana é criada homem e mulher", dizem os bispos fazendo referência ao livro de Gênesis, acrescentando: "Esta diferença invariável, que é o fundamento de sua relação e sua complementaridade, se realiza nos laços do matrimônio".


Os membros da conferência episcopal de Camarões afirmam se opor a abençoar "uniões homossexuais" porque "a homossexualidade falsifica e corrompe a antropologia humana e banaliza a sexualidade, o casamento e a família, os fundamentos da sociedade".


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 "Na cultura africana, essa prática (a homossexualidade) não faz parte dos valores familiares e sociais. É uma flagrante violação do patrimônio que nos foi legado por nossos antepassados", continuam os bispos. 


"Na história dos povos, a prática da homossexualidade nunca levou à evolução social, mas é um sinal claro da decadência de civilizações em implosão. Na verdade, a homossexualidade coloca a humanidade contra si mesma e a destrói", enfatizam os membros da conferência episcopal de Camarões.


Eles também argumentam que "a homossexualidade não é um direito humano" e explicam que a homossexualidade "é uma alienação que prejudica seriamente a humanidade porque não se baseia em nenhum valor próprio do ser humano: é uma desumanização do amor”.


Em referência a Levítico 18:22, eles descrevem as práticas homossexuais como "uma abominação".


Os bispos também dizem que rejeitar a concessão de bênçãos a "uniões homossexuais", "não é de modo algum ser discriminatório: é uma proteção legítima dos valores constantes da humanidade diante de um vício que se tornou objeto de uma reivindicação de reconhecimento legal e, hoje, objeto de uma bênção".


Ao proibir a implementação da Fiducia supplicans nos Camarões, os membros da NECC dizem que estão sendo "fiéis à doutrina constante da tradição eclesial que declara os atos homossexuais intrinsecamente desordenados e contrários à lei natural" e citam o parágrafo 2.357 do Catecismo da Igreja Católica, que diz:


“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante por pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem de uma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados”.


"Uma vez que Deus não quer a morte do pecador, mas a sua conversão à vida eterna, recomendamos os que têm inclinações homossexuais, às orações e à compaixão da Igreja, com vista à sua conversão radical", diz a declaração da conferência episcopal de Camarões.


"Também os convidamos a se afastar de sua mentalidade de vitimização, na qual têm prazer em se considerar 'vítimas', 'fracos', 'minorias'; para aproveitar a oportunidade de conversão que Deus lhes dá nas muitas exortações da Sua Palavra", acrescentam ao referir-se a pessoas com tendências homossexuais.


A declaração Fiducia supplicans causou reações mistas e uma divisão profunda entre os bispos católicos ao redor do mundo.

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