6 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos africanos proíbem bênçãos a uniões homossexuais

O presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM, na sigla em inglês), dom Fridolin Ambongo. | François-Régis Salefran, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Em resposta às novas diretrizes da Santa Sé que permitem bênçãos pastorais não litúrgicas a uniões homossexuais, bispos africanos fizeram uma declaração conjunta na qual afirmam que “não haverá bênçãos a uniões homossexuais nas igrejas africanas”.

A carta, publicada ontem (11), foi escrita pelo arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo, e presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM, na sigla em inglês), dom Fridolin Ambongo.

Ambongo disse que a carta é uma síntese de todas as opiniões dos bispos africanos, que foram enviadas em resposta a um pedido feito por ele em 20 de dezembro.

Na carta, Ambongo disse que embora os bispos africanos “tenham reafirmado fortemente a sua comunhão com o papa Francisco”, eles “acreditam que as bênçãos extra-litúrgicas propostas na declaração Fiducia supplicans não podem ser feitas na África sem se exporem a escândalos”.

Ambongo disse que a declaração Fiducia supplicans da Santa Sé, emitida pelo Dicastério para a Doutrina da Fé em 18 de dezembro, “causou uma onda de choque” na África e “semeou equívocos e inquietação nas mentes de muitos fiéis leigos, pessoas consagradas e até pastores.”

Em resposta, Ambongo disse que os bispos africanos lembram aos fiéis, “como Fiducia supplicans claramente faz”, que “a doutrina da Igreja sobre o casamento cristão e a sexualidade permanece inalterada”.

“Por esta razão, nós, os bispos africanos, não consideramos apropriado que a África abençoe uniões homossexuais porque, no nosso contexto, isso causaria confusão e estaria em contradição direta com o ethos cultural (caráter social e cultural) das comunidades africanas”, disse o cardeal africano.

A carta é o primeiro exemplo da Igreja em todo um continente rejeitando as bênçãos a uniões homossexuais, conforme proposto na Fiducia supplicans.

Ambongo disse que a linguagem usada em Fiducia supplicans é “sutil demais para que as pessoas simples compreendam” e que é “muito difícil ser convincente de que pessoas do mesmo sexo que vivem em união estável não reivindicam a legitimidade do seu próprio estatuto”.

A carta continua a listar muitas outras razões pelas quais a Igreja na África não oferecerá bênçãos a uniões homossexuais, citando múltiplas passagens bíblicas. Uma das passagens citadas pelos bispos africanos é o que chamaram de “escândalo dos homossexuais em Sodoma” em Gênesis 19, que, segundo eles, demonstra que “a homossexualidade é tão abominável que vai levar à destruição da cidade”.

Além das razões bíblicas, Ambongo disse ainda que “o contexto cultural na África, profundamente enraizado nos valores da lei natural relativos ao casamento e à família, dificulta ainda mais a aceitação de uniões homossexuais, pois são vistas como contraditórias às normas culturais e intrinsecamente corruptas”.

“As Conferências Episcopais Africanas sublinham que as pessoas com tendências homossexuais devem ser tratadas com respeito e dignidade, lembrando-lhes ao mesmo tempo que uniões homossexuais são contrárias à vontade de Deus e, portanto, não podem receber a bênção da Igreja”, disse Ambongo.

“Portanto, ritos e orações que possam confundir a definição de casamento – como uma união exclusiva, estável e indissolúvel entre um homem e uma mulher, aberta à procriação – são considerados inaceitáveis”, continuou.

Segundo Ambongo, a carta dos bispos africanos “recebeu o consentimento” tanto do papa Francisco como do prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé, o cardeal Victor Manuel Fernandez.

Ambongo apelou às comunidades cristãs “para não se deixarem abalar” pela confusão que tomou conta da Igreja após a libertação de Fiducia supplicans.

Ele garantiu aos fiéis que “sua santidade, o papa Francisco, que se opõe ferozmente a qualquer forma de colonização cultural na África, abençoa o povo africano de todo o coração e os encoraja a permanecer fiéis, como sempre, à defesa dos valores cristãos”.

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