16 de dezembro de 2024 Doar
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Universidade católica abandona projeto de capela de ex-jesuíta acusado de abuso

Capela da Universidade Francisco de Vitória com projeto elaborado pelo padre Rupnik | UFV

A Universidade Francisco de Vitoria (UFV) desistiu da colaboração planejada com o ex-jesuíta Marko Rupnik, apresentada inicialmente como a força motriz do projeto da nova capela em seu campus. 

Localizado em Pozuelo de Alarcón, perto de Madri, Espanha, este centro de treinamento ligado aos Legionários de Cristo, iniciou a construção de uma nova capela em setembro de 2022, quando o arcebispo emérito de Madri, cardeal Carlos Osoro abençoou sua pedra de edificação.

O projeto original contou com uma estreita colaboração do padre Marko Rupnik. A própria Universidade afirmou na época que era "o primeiro trabalho arquitetônico no qual Rupnik esteve envolvido em todo o processo de criação do projeto, começando com os fundamentos teológicos e simbologia do templo".

No entanto, depois de apenas três meses da inauguração das obras, a universidade decidiu "interromper o trabalho no programa iconográfico", o que foi compartilhado com a comunidade universitária por meio de um comunicado interno ao qual a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, teve acesso. No texto, o reitor Daniel Sada diz que essa mudança foi feita "em vista das informações publicadas" sobre acusações de abuso sexual contra o padre Rupnik.

Padre Marko Rupnik é um artista cujas obras estão presentes em lugares importantes como o próprio Vaticano, a basílica de Aparecida, no Brasil, o santuário de Lourdes, na França e a sede da Conferência Episcopal Espanhola. A própria UFV concedeu a Rupnik o título de doutor honoris causa em 2013.

Ele também é autor de um dos onze volumes da coleção Teologia do Papa Francisaco, editada pela editora da Santa Sé.

Desde 2018, várias investigações sobre os abusos sexuais e teológicos do padre Rupnik, fundador da comunidade Loyola da Eslovênia na década de 1980, entidade com a qual rompeu em 1993, estão em andamento.

Em junho de 2019, os jesuítas anunciaram que estavam impondo uma série de restrições não especificadas a ele e, no mês seguinte, o Dicastério para a Doutrina da Fé pediu que a Companhia iniciasse uma investigação.

Em maio de 2020, foi relatado que o padre Rupnik tinha incorrido em excomunhão imediata por confessar uma mulher que ele supostamente havia abusado, mas as autoridades do Vaticano suspenderam a penalidade.

Um ano depois, a Santa Sé pediu a Companhia de Jesus que investigasse o padre Rupnik quanto as denúncias relativas à comunidade Loyola. Em janeiro de 2022, foi concluído que o caso era digno de processo criminal, mas em outubro do mesmo ano o Dicastério para a Doutrina da Fé declarou que o prazo da prescrição tinha expirado.

Em fevereiro de 2023, a Companhia anunciou novas restrições em razão de novas acusações de 15 pessoas contra ele. Em 15 de junho do mesmo ano, padre Rupnik foi expulso dos jesuítas "por desobediência" e, em agosto, foi incardinado na diocese de Koper, Eslovênia. Em dezembro, a comunidade Loyola foi extinta.

Quando foi tomada a decisão, o programa iconográfico do projeto "estava em fase de concepção e desenvolvimento" e deveria incluir os conhecidos mosaicos de Rupnik tanto no interior quanto no exterior do edifício.

Mesmo assim, a decisão final quanto aos elementos artísticos e iconográficos que farão parte do templo é que "a capela será completada ao longo do tempo" de tal forma que "as paredes perimetrais, tanto interiores como exteriores, são telas brancas que, no momento, dialogam com a linguagem arquitetônica do campus e são chamadas a serem ocupadas pela arte que pode servir como um chamado a toda a comunidade para aproximar-se, deleitar-se e descobrir", detalhou a UFV à ACI Prensa.

A Universidade anunciou que a abóbada será coberta "com folhas de ouro, segundo o projeto do artista Alberto Guerrero Gil, com a colaboração de alunos e professores do curso de belas artes, em conjunto com seu diretor, Pablo López Raso".

Um projeto sob a invocação de Nossa Senhora

A nova capela da UFV foi construída sob a invocação de Nossa Senhora como Sedes Sapientiae, ou seja, "trono e primeira formadora de Jesus Cristo", porque a UFV quer se configurar "como uma casa de sabedoria, como um lugar ou uma comunidade na qual a sabedoria acumulada pelas diferentes gerações é transmitida, assimilada e desenvolvida".

A construção foi projetada pelos arquitetos Emilio Delgado, Felipe Samarán e Antonio Álvarez Cienfuegos, e tem capacidade para 500 pessoas. Ao lado do espaço litúrgico propriamente dito, há um espaço que será usado para cursos, reuniões ou seminários, com capacidade para mais de mil de pessoas.

A inspiração teológica para o espaço é baseada na ideia de uma capela universitária. Assim, vários elementos foram projetados: duas tendas "uma maior, branca, que acolhe a comunidade de fiéis" e outra "mais alta, dourada, que se refere à presença física de Deus na história por meio de seu Filho Jesus Cristo".

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