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Conferência Episcopal Holandesa responde com cautela a Fiducia supplicans

O bispo Hans van den Hende caminhando pelo Parque Keukenhof em Lisse, Holanda, em 12 de abril de 2022 | Ramon Mangold / Diocese de Roterdã.

A Conferência Episcopal Holandesa deu uma resposta cautelosa e sutil às polêmicas orientações da Santa Sé sobre bênçãos, em um tom claramente diferente de seus vizinhos mais próximos da Europa Ocidental.

Em uma declaração de 16 de janeiro, a conferência destacou que, embora "seja possível fazer uma oração pelos fiéis que vivem em uma relação irregular", é preciso tomar cuidado para não parecer que se está tolerando uma atividade sexual pecaminosa ou que se suscite confusão sobre a natureza do casamento.

"O que é pedido na oração e como ela é rezada são importantes nesse caso", disse a conferência em sua resposta à Fiducia supplicans, a declaração da Santa Sé de 18 de dezembro de 2023 que permite que bênçãos não litúrgicas e espontâneas sejam dadas a casais do mesmo sexo e àqueles em situações irregulares.

O mais importante dos bispos holandeses é o arcebispo de Utrecht, cardeal Wim Eijk.

Pessoas, não casais

Na declaração de 300 palavras, a conferência não se refere a "casais do mesmo sexo" como o objeto de uma bênção, como é feito na declaração da Fiducia supplicans.

A referência a "casais" como destinatários das bênçãos gerou controvérsia, pois alguns dizem que isso implica que a atividade sexual que transforma duas pessoas em um casal também está sendo tolerada.

A conferência dos bispos holandeses fala de "pessoas que vivem em um relacionamento homossexual" e enfatiza que as bênçãos permitidas por Fiducia supplicans devem ser dadas a pessoas individuais, "para que elas possam entender a vontade de Deus em suas vidas e seguir crescendo".

"Isto deixa claro, na redação escolhida, que não se trata de uma bênção ou confirmação de um relacionamento irregular e também evita confusão com o matrimônio, que, como ensina a Igreja Católica, só pode ser entre um homem e uma mulher", escrevera a conferência, que atende cerca de quatro milhões de católicos na Holanda, cerca de 22% da população do país europeu.

Disse também que as bênçãos permitidas por Fiducia supplicans pode tomar a forma de "uma simples oração", pronunciada por um ministro ordenado "fora do contexto de uma celebração de casamento ou serviço de oração".

"Desta forma, a oração pode dar a força para se aproximar de Deus e, assim, viver de acordo com o seu desígnio para a criação do homem e da mulher e do matrimônio", disse.

A recepção cautelosa e diferenciada de Fiducia supplicans pela Conferência Episcopal Holandesa foi adotada por várias conferências episcopais e bispos de todo o mundo, mas é notavelmente diferente de como os líderes católicos das vizinhas Alemanha e Bélgica receberam o texto.

Os líderes da igreja na Alemanha acolheram amplamente a diretriz da Santa Sé como uma afirmação do caminho controverso que já tomaram para oferecer bênçãos formais a casais do mesmo sexo e mudanças na doutrina da igreja sobre sexualidade, apesar dea Fiducia supplicans pribir isso.

O bispo de Essen, dom Franz-Josef Overbeck, uma figura importante da Conferência Episcopal Alemã, declarou em 17 de janeiro que sua diocese ofereceria "celebrações de bênção" a casais do mesmo sexo e divorciados que se casaram novamente que as solicitarem.

Em 20 de dezembro, a vice-presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), Birgit Mock, disse que a Igreja Católica na Alemanha iria prosseguir com os planos de redigir e disseminar um texto formal sobre bênçãos, uma resolução que havia sido aprovada em março de 2023 pelo controverso Caminho Sinodal Alemã.

Enquanto isso, o site da Igreja Católica na parte flamenga da Bélgica publicou um editorial em 20 de dezembro descrevendo Fiducia supplicans como uma "vitória esmagadora" e um "grande passo em direção ao reconhecimento de relacionamentos homossexuais fiéis e duradouros". Em setembro de 2022, já tinham publicado um texto para a bênção de casais do mesmo sexo.

A Conferência Episcopal Holandesa recebeu Fiducia supplicans de forma diferente de seus vizinhos do leste e do sul, mas considera sua resposta como parte de seu compromisso de proporcionar acompanhamento pastoral "para pessoas que vivem em um relacionamento homossexual e para os divorciados e que voltaram a se casar".

"Os bispos holandeses não desejam negar a ninguém o apoio e a força de Deus", ressalta o final do comunicado.

 

 

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