23 de novembro de 2024 Doar
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Bispo se oferece como refém em troca de freiras sequestradas no Haiti

Dom Dumas disse que "sequestrar mulheres que dedicam suas vidas para salvar os pobres e os jovens é um gesto que será julgado por Deus" | Our Lady of Fatima International Pilgrim Statue (CC BY-SA 2.0)

O bispo de Anse-à-Veau e Miragoâne, no Haiti, dom Pierre André Dumas, se ofereceu para tomar o lugar de pessoas sequestradas por uma das gangues armadas que controlam 80% da capital, Porto Príncipe. Entre os reféns estão seis freiras da Congregação das Irmãs de Sant’Ana.

A Conferência Haitiana de Religiosos (CHR) confirmou o sequestro do ônibus que transportava as freiras e outros ocupantes, por meio de um comunicado assinado por seu presidente, o padre Morachel Bonhomme, em 19 de janeiro.

Ontem (22), em declarações a Vatican News, serviço de informações da Santa Sé, dom Dumas repetiu que está pronto para tomar o lugar dos sequestrados como refém, uma mensagem que ele já havia enviado aos criminosos em um comunicado de 19 de janeiro.

"Por favor, me levem no lugar delas. Estou pronto ", disse o bispo. “Sequestrar mulheres que dedicam suas vidas para salvar os pobres e os jovens é um gesto que será julgado por Deus”, disse.

"Por enquanto, não recebi nenhum sinal dos sequestradores. Mas estou à disposição. Um padre da minha diocese que trabalha em uma favela e uma religiosa da Madre Teresa de Calcutá também se ofereceram para me acompanhar", acrescentou o bispo haitiano.

Os sequestradores exigem US$ 3 milhões pela libertação das freiras e de seus acompanhantes. Dom Dumas falou do trabalho pastoral e humanitário das Irmãs de Sant'Ana, que “passaram a vida cuidando das feridas de um dos povos mais pobres do mundo" e deram suas vidas inteiramente ao Haiti.

O bispo classificou o sequestro como “desumano” e um gesto “pelo qual, um dia, Deus exigirá uma prestação de contas”. Entre as vítimas está também a sobrinha de uma de suas freiras.

Para o bispo de Anse-à-Veau e Miragoâne, a violência e a criminalidade no Haiti não se devem apenas à pobreza extrema, mas à total falta de políticas e instituições.

"A nação não é governada. As eleições foram suspensas, não há instituições democráticas e são apenas os clãs armados, que comandam quase 80% de Porto Príncipe. O Papa está realmente certo: falta uma verdadeira harmonia social", disse.

O bispo destacou o papel que a Igreja local tem tentado desempenhar para melhorar a situação no país, com seu papel de mediador "entre todos os atores políticos e institucionais".

Dom Dumas contou que ele mesmo se ofereceu “por mais de três meses” para “ouvir todas as partes envolvidas”. “Estamos tentando obter um amplo consenso para sair dessa crise da melhor maneira possível”, concluiu.

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