18 de dezembro de 2024 Doar
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Arcebispo espanhol não abençoará uniões do mesmo sexo, mas expressa comunhão ao papa

Dom José María Gil Tamayo com o papa Francisco | Conferência Episcopal Espanhola

"Não vou abençoar nenhuma união homossexual", afirmou o arcebispo de Granada (Espanha), dom José María Gil Tamayo, respondendo sobre a aplicação da declaração Fiducia supplicans sobre o sentido pastoral das bênçãos, publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) em dezembro passado.

Em um encontro ontem (24) com jornalistas por ocasião da celebração de são Francisco de Sales, padroeiro dos comunicadores, dom Gil acrescentou que sua intenção é "abençoar a pessoa" sem a necessidade de "uma cerimônia", segundo informou Europa Press.

O arcebispo leu uma declaração em que expressa a posição da arquidiocese com relação a Fiducia supplicans e diz que, "em comunhão com o papa Francisco, procederá com respeito às bênçãos pastorais não litúrgicas com sentido pastoral, observando fielmente o que a Santa Sé indica na declaração Fiducia supplicans e na subsequente nota explicativa".

Isso será feito "com um respeito primoroso pela doutrina inalterável da Igreja sobre o verdadeiro matrimônio e as uniões irregulares, evitando toda confusão e buscando o bem dos fiéis", conclui a nota.

Segundo Europa Press, durante a conversa com os meios de comunicação, dom Gil Tamayo disse que não participará de campanhas que se apresentem em termos de decidir se é "a favor ou contra" o papa Francisco.

Bispos espanhóis se pronunciam sobre a Fiducia suplicans

Desde a publicação do documento da Santa Sé sobre o significado pastoral das bênçãos, vários bispos espanhóis se manifestaram. O primeiro deles foi o bispo de Orihuela Alicantes, dom José Ignacio Munilla, que resumiu o documento como um texto que não contém heresias, mas cuja aplicação, segundo ele, será "caótica".

Ele estabeleceu em sua diocese que qualquer pedido de bênção por parte de uniões do mesmo sexo ou casais em situação irregular deve ser consultado ao vigário geral, "até que se consolide uma práxis correta ou, em seu caso, até a possível publicação de uma orientação diocesana".

O bispo de Almería, dom Antonio Gómez Cantero, defendeu o decreto como "muito preciso" e incentivou as pessoas a "lerem todo o documento" antes de expressarem suas opiniões a respeito do assunto. Além disso, disse que já abençoou uniões do mesmo sexo no passado.

O arcebispo de Oviedo, dom Jesús Sanz, manifestou sua opinião sobre o documento em várias ocasiões. A última delas, por meio da rede social X (antigo Twitter), na qual classificou Fiducia supplicans como "demagogia que distorce a tradição cristã e o Magistério da igreja".

O que é a declaração Fiducia supplicans?

A declaração Fiducia supplicans, sobre o sentido pastoral das bênçãos é um documento publicado pela DDF em 18 de dezembro de 2023 e endossado com as assinaturas do papa Francisco, do prefeito, cardeal Víctor Manuel Fernández, e do secretário da seção doutrinária, monsenhor Armando Matteo.

Seu conteúdo fez com que muitos bispos e conferências episcopais reagissem, em algumas ocasiões com uma acolhida cautelosa e em outras com críticas diretas, de forma que a DDF publicou uma nota em 4 de janeiro para "ajudar a esclarecer a recepção da Fiducia supplicans".

Essa nota destaca que a declaração não é "herética" nem "blasfema" e que os bispos não podem proibir bênçãos pastorais. Também reconhece a situação particular de alguns países, especialmente na África, e oferece diretrizes para distinguir entre bênçãos litúrgicas e pastorais.

Em 11 de janeiro, o Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM) publicou um documento, endossado pelo papa Francisco e pelo cardeal Fernández, que conclui que seria imprudente aplicar Fiducia supplicans nesses países.

Dois dias depois, o papa Francisco respondeu, durante um encontro com padres da diocese de Roma, "a perguntas sobre a bênção de casais do mesmo sexo, afirmando que isso não muda a doutrina sobre o sacramento do matrimônio entre um homem e uma mulher. Ele abençoa as pessoas, não o pecado".

Em 15 de janeiro, durante uma entrevista para a televisão, o papa Francisco pediu aos críticos que levantassem suas dúvidas: "Quando vocês não aceitam as decisões é porque não as conhecem. Quando não gostarem, conversem, coloquem suas dúvidas e tenham uma discussão fraterna", disse.

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