18 de dezembro de 2024 Doar
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A história da devoção à Virgem de San Juan de los Lagos no México

Procissão da Virgem de San Juan de los Lagos | Cortesia do Arquivo Histórico da catedral de San Juan de los Lagos

A catedral basílica de San Juan de los Lagos, no estado mexicano de Jalisco, é o segundo templo mais visitado por fiéis peregrinos a cada ano no país, atrás apenas da basílica de Nossa Senhora de Guadalupe.

A celebração em homenagem a Virgem de San Juan de los Lagos atrai multidões, especialmente nas celebrações da Candelária, da Assunção e da Imaculada Conceição.

Como surgiu a devoção a Virgem de San Juan de los Lagos?

A cidade de San Juan de los Lagos surgiu como um povoado em meados do século XVI e fazia parte da região então conhecida como Nueva Galicia.

Em entrevista a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em 2020, o doutor Everardo López Padilla, responsável pelo Arquivo Histórico da catedral, disse que a imagem da Virgem de San Juan de los Lagos foi feita pelo espanhol Matías de la Cerda em Pátzcuaro, no estado de Michoacán.

"Ela foi levada a San Juan por um franciscano chamado frei Miguel de Bolonia", disse López Padilla. A imagem, que não era a imagem titular da igreja construída no povoado, ficou guardada na sacristia durante uns 80 anos.

Foi um milagre em 1623 que tirou a imagem da Virgem da sacristia e despertou a devoção em massa.

López Padilla contou que, "em dezembro de 1623, aproximadamente, uma família de artistas de circo espanhóis veio de San Luis Potosí para Guadalajara. Eles eram um pai, uma mãe e duas meninas".

"O que eu conto está certificado em documentos que temos na catedral, porque são juramentos, cerca de 100 testemunhos certificados de espanhóis e indígenas".

A família do circo parou em San Juan de los Lagos para descansar. Em uma noite, uma das meninas, com apenas sete anos de idade, cravou um punhal no peito enquanto fazia uma pirueta, morrendo instantaneamente.

O responsável pelo Arquivo Histórico da catedral de San Juan de los Lagos afirmou que os pais procuraram sem sucesso por um padre no povoado. Na época, o padre mais próximo estava na cidade de Jalostotitlán, localizada a 20 quilômetros.

No entanto, uma indígena chamada Ana Lucia se aproximou dos pais da menina e lhes disse "para não se preocuparem, que a Cihuapilli, que em espanhol significa la Gran Señora (a Grande Senhora), vai devolvê-la boa e saudável", contou López Padilla.

"A menina é colocada sobre a mesa do altar e a imagem da Virgem, que estava jogada na sacristia da igreja, é levada para lá", disse.

"A Virgem foi colocada sobre o peito da criança, que já estava envolta em uma mortalha. Isso aconteceu por volta do meio-dia. Às três da tarde, segundo os documentos, a criança começou a se mexer dentro da mortalha".

A menina foi encontrada por seus pais "bem e saudável", com apenas a cicatriz onde o punhal havia sido cravado.

López Padilla lembrou que, quando são João Paulo II visitou San Juan de los Lagos em 1990, chamou a imagem da Virgem de "uma imagem ressuscitada e ressuscitadora". Ressuscitada porque sai do esquecimento de 80 anos nessa sacristia. E ressuscitadora porque devolve a vida a esta menina do circo".

Foram os pais da menina, que viajaram pelo país com seu espetáculo, que testemunharam o milagre.

"Com o passar do tempo, a devoção foi crescendo, a ponto de serem construídos três santuários até a construção do atual", disse o especialista.

O responsável pelo Arquivo Histórico da catedral também disse que "em média" são recebidos doze milhões de peregrinos todos os anos.

San Juan de los Lagos e a Guerra Cristera

San Juan de los Lagos, parte da região conhecida como Los Altos de Jalisco, também desempenhou um papel importante na Guerra Cristera, o confronto entre civis católicos e o Estado mexicano anticlerical no início do século XX.

López Padilla disse que a guerra explodiu em San Juan de los Lagos "quando mataram um adolescente, conhecido como 'o menino das bolinhas de gude', que tinha um chapéu que dizia Viva Cristo Rei e Santa Maria de Guadalupe".

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Ele contou que o menino estava jogando bolinhas de gude na praça principal de San Juan de los Lagos quando um soldado ordenou que ele tirasse o chapéu. "O jovem se recusou a tirá-lo e foi morto a tiros".

Diante do assassinato do menino, "as pessoas se enfureceram e mataram esse soldado federal", disse. Foi assim que, em San Juan de los Lagos e nas cidades vizinhas, "os fazendeiros e os moradores dos povoados pegaram em armas".

Além disso, para evitar ser danificada ou destruída pelas tropas federais, a Virgem de San Juan de los Lagos permaneceu "escondida por nove meses em uma casa piedosa".

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