17 de novembro de 2024 Doar
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Terceiro bispo é em uma semana consagrado na China

Em setembro de 2023, o papa Francisco na Mongólia saúda o “povo nobre” da China, de mãos dadas com dois bispos chineses. | Youtube Vatican News.

Foi consagrado o terceiro novo bispo na China no período de uma semana, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé informou ontem (31).

“Hoje, quarta-feira, 31 de janeiro de 2024, ocorreu a ordenação episcopal do Rev. Pietro Wu Yishun, que o Santo Padre, no âmbito do acordo provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China, nomeou em 16 de dezembro de 2023, bispo da prefeitura apostólica de Shaowu, Minbei, na província chinesa de Fujian”, diz o comunicado.

O acordo assinado entre a Santa Sé e a China em 2018 visa unir a Igreja clandestina ligada a Roma na China e a Igreja oficial controlada pelo governo comunista. O acordo foi renovado em 2020 e 2022 e seu conteúdo é secreto.

Dom Pietro Wu Yishun nasceu em 7 de dezembro de 1964. Entre 1985 e 1992 estudou Filosofia e Teologia no Seminário Sheshan de Xangai.

Foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1992 para a diocese de Xiamen. Foi enviado para Minbei, onde serviu como pároco de Nanping e responsável pelas prefeituras apostólicas de Shaowu e Jian'ou.

Segundo o site do governo para a Igreja Católica na China, chinacatholic.cn, a consagração de quarta-feira foi feita pelo arcebispo de Pequim e presidente da Associação Patriótica Chinesa, controlada pelo governo, dom Giuseppe Li Shan. Os outros consagrantes foram dom Zhan Silu, bispo de Mindong e vice-secretário-geral da Conferência Episcopal Católica Chinesa; dom Cai Bingrui, bispo de Xiamen e vice-secretário-geral da Associação Patriótica Católica Chinesa; e dom Jin Yangke, bispo de Ningbo.

Participaram da missa de ordenação cerca de 80 padres de diversas dioceses do país, além de mais de 360 ​​pessoas, entre religiosas e representantes leigos.

Esta ordenação soma-se às duas realizadas nos dias 25 e 29 de janeiro, quando dom Thaddeus Wang Yuesheng foi consagrado bispo de Zhengzhou, na província de Henan, na China, uma diocese que estava vacante há 70 anos; e dom Anthony Sun Wenjun, bispo da nova diocese de Weifang, na província de Shandong; respectivamente.

Segundo Andrea Gagliarducci, vaticanista da ACI Stampa, agência em italiano do grupo ACI, “as novas ordenações não mudam a situação crítica vivida pela Igreja Católica na China, onde ainda existem 73 sedes vacantes”.

Em setembro de 2018, quando foi anunciada a assinatura do acordo entre a Santa Sé e a China, foi indicado que uma das medidas aceitas pelo papa Francisco foi readmitir à plena comunhão sete bispos que foram nomeados sem a sua aprovação, tendo como objetivo a “plena comunhão de todos os católicos chineses”.

Durante décadas, bispos “clandestinos” ou fiéis a Roma sofreram perseguições por parte do regime, que não parou apesar da assinatura do acordo.

Essas últimas três ordenações significam que o acordo finalmente está funcionando?

Para Gagliarducci, estas ordenações são “um sinal da vontade chinesa de seguir adiante com o acordo, mostrando uma abertura para com a Santa Sé que se concretizou quando a delegação que todos os anos se desloca à China para um encontro pessoal sobre questões sino-vaticanas — chefiada pelo arcebispo Claudio Maria Celli – foi recebida em Pequim no final do ano passado e posteriormente pôde viajar por várias dioceses, demonstrando uma boa vontade sem precedentes por parte das autoridades chinesas”.

No entanto, disse o vaticanista, esta “boa vontade chocou com o que aconteceu nos meses anteriores, quando o papa Francisco pessoalmente teve que retificar a irregularidade da nomeação unilateral do bispo de Xangai pelo governo de Pequim, nomeando por sua vez dom Shen Bin, bispo de Haimen, para a diocese que até então tinha um bispo em prisão domiciliar desde o dia da sua ordenação , incapaz de servir ao seu povo e que, no entanto, permaneceu no cargo como sinal de que a Santa Sé não tinha intenção de conceder nada a respeito de um ato tão claramente injusto”.

“Diante da decisão unilateral do governo de Pequim, que ignorou que Shen Bin tinha sido ordenado bispo em 2007 com a dupla aprovação da China e da Santa Sé, e que se tratava de uma transferência, o papa Francisco decidiu sanar o conflito procurando novos formas de diálogo”, acrescentou.

Com efeito, em 15 de julho de 2023, a Santa Sé informou sobre a decisão do papa de nomear bispo de Xangai, China, dom Joseph Shen Bin, que já havia assumido o cargo em abril por decisão do Conselho dos Bispos Chineses, sem aprovação prévia da Santa Sé.

Gagliarducci disse ainda que, em 1949, a Igreja Católica na China tinha 20 arquidioceses, 96 dioceses (incluindo Macau, Hong Kong, Baotou e Bameng), 29 prefeituras apostólicas e duas administrações eclesiásticas.

As autoridades chinesas criaram uma distribuição com 104 dioceses (excluindo Macau e Hong Kong) delimitadas de acordo com os limites da administração civil e excluindo distinções eclesiais. O acordo entre a China e a Santa Sé funciona neste quadro.

Para concluir, Gagliarducci disse que “a Santa Sé terá que encontrar um equilíbrio difícil, dividida entre o desejo de repor o episcopado chinês e de ter bispos em comunhão com Roma e, por outro lado, ser usada para encobrir violações de liberdade religiosa e não ser perturbada caso Pequim decida atacar Taiwan, como o (presidente) Xi Jinping anunciou”.

“É preciso lembrar que a Santa Sé tem nunciatura da China a Taipei, e que é um dos 12 estados do mundo que reconhecem a soberania de Taiwan, o único europeu”, conclui.

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