21 de novembro de 2024 Doar
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Papa Francisco na Quarta-feira de Cinzas: Quaresma nos convida a redescobrir “o segredo da vida”

O cardeal Mauro Piacenza impõe cinzas à cabeça do papa Francisco na Missa da Quarta-feira de Cinzas na Basílica de Santa Sabina, em Roma. | Youtube Vatican News.

Ao rezar a missa da Quarta-Feira de Cinzas no início da Quaresma de 2024, hoje (14), dia em que a Igreja Católica recorda são Valentim, o papa Francisco disse que este tempo nos convida a redescobrir “o segredo da vida”: retornar a Deus de todo o coração, por meio da oração, do jejum e da esmola.

A missa começou por volta das 11h (horário local) na Basílica de Santa Sabina, depois da oração na Igreja de Santo Anselmo e a tradicional procissão que foi conduzida pelo penitenciário-mor da Igreja, cardeal Mauro Piacenza.

Entre os participantes da missa estava o cardeal Ernest Simoni, , a quem o papa se referiu como um “mártir vivo”, que esteve preso durante 28 anos na Albânia pela sua fidelidade à Igreja.

Na sua homilia em Santa Sabina, basílica situada no Monte Aventino, uma das sete colinas sobre as quais Roma foi construída, o papa Francisco disse que “as cinzas postas sobre a nossa cabeça convidam-nos a redescobrir o segredo da vida”.

“Dizem-nos: enquanto continuares a usar uma armadura que cobre o coração, a disfarçar-te com a máscara das aparências, a exibir uma luz artificial para te mostrares invencível, permanecerás árido e vazio”.

“Pelo contrário, quando tiveres a coragem de inclinar a cabeça para te olhares intimamente, então poderás descobrir a presença dum Deus que desde sempre te amou; finalmente despedaçar-seão as couraças de que te revestiste e poderás sentir-te amado com amor eterno”, disse o papa.

O papa Francisco disse também que “se arder, sob as cinzas que somos, o fogo do amor de Deus, descobriremos que somos empastados deste amor e chamados ao amor: amar os irmãos que nos rodeiam, estar atento aos outros, viver a compaixão, usar de misericórdia, partilhar aquilo que somos e temos com quem passa necessidade”.

Por isso, disse Francisco, “a esmola, a oração e o jejum não se podem reduzir a práticas exteriores, mas são caminhos que nos levam de volta ao coração, ao essencial da vida cristã”.

Quaresma: Tempo de voltar ao coração

O papa Francisco disse também que na Quaresma é Jesus quem convida cada fiel a entrar “no segredo” para “voltar ao coração”: “Trata-se dum percurso de fora para dentro, a fim de que todo o nosso viver, incluindo a nossa relação com Deus, não se reduza a exterioridade, a uma moldura sem quadro, a mero revestimento da alma, mas brote de dentro e corresponda aos movimentos do coração, isto é, aos nossos desejos, aos nossos pensamentos, ao nosso sentir, ao núcleo fontal da nossa pessoa”.

“Desse modo a Quaresma mergulha-nos num banho de purificação e despojamento: ajuda-nos a retirar toda a «maquiagem», tudo aquilo de que nos revestimos para brilhar, para aparecer melhores do que somos”, disse.

Francisco disse ainda que “Voltar ao coração significa tornar ao nosso verdadeiro eu e apresentá-lo diante de Deus tal como é, nu e sem disfarces. Significa olhar dentro de nós mesmos e tomar consciência daquilo que somos realmente, tirando as máscaras que muitas vezes utilizamos, diminuindo a corrida do nosso frenesim, abraçando a verdade de nós mesmos”.

Uma advertência do papa Francisco

Francisco alertou então contra a tendência atual de viver pensando em “ser notado”, na “necessidade” de “ser admirado e apreciado”.

“Sem nos dar conta, já não temos um lugar secreto onde parar e nos protegermos, imersos num mundo onde tudo, incluindo as mais íntimas emoções e sentimentos, se deve tornar «social». Mas como pode ser social aquilo que não brota do coração?”, perguntou ele.

“Mesmo as experiências mais trágicas e dolorosas correm o risco de não ter um lugar secreto que as guarde: tudo deve ser manifestado, ostentado, dado em pasto à coscuvilhice da hora. Por isso nos diz o Senhor: entra no segredo, volta ao centro de ti mesmo”, recomendou o papa Francisco.

Depois de exortar a ouvir a voz do Senhor, deixando espaço “para a oração silenciosa de adoração”, o papa incentivou finalmente a reconhecer-nos diante d’Ele “pelo que somos: pó amado por Deus; e, graças a Ele, renasceremos das cinzas do pecado para a vida nova em Jesus Cristo e no Espírito Santo”.

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