13 de dezembro de 2024 Doar
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Padre é inocentado de preconceito pró-vida por tentar salvar paciente no Reino Unido

Padre Patrick Pullicino | Christian Concern

O padre e neurologista Patrick Pullicino foi inocentado em uma investigação por pedir mais exames antes que se interrompesse a alimentação e hidratação de um homem hospitalizado no Reino Unido.

Em novembro de 2020, RS, um polonês de meia-idade que vivia no Reino Unido, teve um ataque cardíaco, que o deixou com lesões cerebrais e em coma.

Os médicos do Hospital Universitário Plymouth NHS Trust decidiram que seria melhor parar de lhe dar água e alimentos. Membros da família de RS discordaram.

O assunto foi levado ao Tribunal de Proteção, órgão jurídico do Reino Unido responsável por tomar decisões financeiras ou de “bem-estar” por quem não pode tomar decisões por si próprio.

O tribunal ficou do lado do hospital, que cortou seus nutrientes e hidratação.

Segundo a Christian Concern, organização de defesa do cristianismo na esfera pública que defendeu o padre, a irmã e a sobrinha dele foram autorizadas a visitá-lo no hospital para se despedirem no dia de Natal, um dia depois de o hospital ter cortado a alimentação e os líquidos.

Quando as duas mulheres o viram, ficaram “surpresas” com a melhoria na sua “consciência”, escreveu o grupo de defesa. “Ele pareceu reconhecê-las e começou a chorar”.

As mulheres, então, procuraram Pullicino, que mora em Gales do Sul.

Segundo a Christian Concern, Pullicino disse à família para fazer um pedido de emergência ao Tribunal de Proteção para restaurar nutrientes e hidratação de RS e encarregar Pullicino de fazer um exame de vídeo de RS.

Pullicino assistiu a três minutos de vídeo para examinar RS, por decisão judicial.

Pullicino disse à família de RS que ele apresentava “uma resposta emocional clara à presença dos familiares” e que uma “avaliação neurológica adequada exigiria observação adicional durante um período de tempo”, afirmou a decisão do tribunal.

Em resposta ao pedido da família, o Tribunal de Proteção ordenou a continuação temporária da hidratação e nutrição de RS enquanto se aguardava o julgamento do pedido, dadas as novas provas, disse a Christian Concern.

Por fim o juiz decidiu sobre RS que não era “não é do seu interesse que seja administrado tratamento de suporte à vida”.

Ativista denuncia o padre

Depois da morte de RS, em 2021, Celia Kitzinger, professora de sociologia na Universidade de York ativista da eutanásia, acusou o padre de preconceito por causa de sua fé católica e pró-vida, segundo a Christian Concern.

Kitzinger acusou Pullicino disse em sua denúncia que, por preconceito, ele “pode ter deliberadamente diagnosticado mal o paciente na esperança de salvar sua vida”, segundo a Christian Concern.

A CNA, agência em inglês do grupo EWTN, pediu ontem (15) uma cópia da queixa a Kitzinger, mas não obteve resposta.

“O doutor Pullicino permitiu-se ser usado como ferramenta de um grupo de campanha religiosa”, escreveu Kitzinger, referindo-se ao braço jurídico da Christian Concern, o Christian Legal Centre.

Kitzinger alegou que Pullicino “se viu conspirando com ativistas 'pró-vida' para produzir um novo diagnóstico voltado ao resultado na tentativa de reverter a decisão do tribunal de retirar o tratamento de um paciente”, dizia a queixa.

Pullicino foi investigado pelo Conselho Médico Geral (GMC, na sigla em inglês) do Reino Unido no início de 2021, e finalmente inocentado neste mês.

“Nenhuma evidência foi apresentada para apoiar a alegação de que a fé religiosa ou crenças pessoais do doutor Pullicino afetaram sua opinião sobre o paciente RS”, disse o conselho em sua decisão, segundo a Christian Concern.

“Doutor Pullicino é um neurologista consultor experiente, com registro de especialista e licença para exercer a profissão, e não temos evidências que sugiram que ele não tenha competência para avaliar o nível de consciência de um paciente”, afirmou a decisão.

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“Não temos provas para apoiar uma alegação de que [sua opinião médica] era imprecisa”, disse o conselho. “Concluímos que não há perspectivas realistas de provar estas alegações e elas são concluídas sem ação.”

Pullicino disse no comunicado de imprensa da Christian Concern que está “aliviado” com a decisão e acrescentou que a denúncia “foi um claro ataque discriminatório” à sua opinião médica “porque sou um padre católico e acredito que os profissionais médicos devem fazer todo o possível para salvar a vida de outro ser humano.”

“O GMC nunca deveria ter permitido que fosse realizada uma investigação que era tão claramente dirigida e relacionada a minhas crenças religiosas”, disse ele.

Intervenção da Polônia

Segundo a Christian Concern, o governo da Polônia também tentou salvar a vida do homem.

A organização diz que o governo polonês concedeu “estatuto diplomático” a RS para que a sua embaixada com sede em Londres pudesse ter acesso a ele.

Um tribunal polonês nomeou a irmã de RS na Polônia como sua tutora e ordenou o regresso de RS ao país para tratamento.

Segundo a Christian Concern, o hospital de Plymouth, com o apoio do Tribunal de Proteção, proibiu qualquer autoridade polonesa de visitar o RS.

A entidade diz que RS morreu em 26 de janeiro de 2021, de desidratação e fome.

Vitória

Após a vitória de Pullicino, o Christian Legal Centre, que o defendeu, comemorou e alertou contra a atuação do Conselho Médico Geral.

“É preciso não perder a ironia de que se trata de um médico sob investigação por realmente tentar salvar uma vida”, disse diretora-executiva do Christian Legal Centre Andrea Williams. “Num mundo onde a verdade se torna mais estranha que a ficção, vemos agora médicos que trabalham para salvar vidas tornarem-se investigados pelo GMC. Isso nos diz algo sobre a cultura do GMC”.

Para Williams, a duração do caso foi “profundamente perturbadora” e “sublinha a crescente pressão sobre os profissionais médicos para não discordar de colegas que tomaram uma decisão controversa de acabar com a vida de um paciente”.

Ela chamou o caso contra Pullicino de “ataque direcionado” e pediu “mais médicos e especialistas que estejam preparados para serem destemidos na defesa do direito do paciente à vida”.

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