5 de dezembro de 2024 Doar
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Argentina proíbe o uso de linguagem inclusiva na administração pública

Javier Milei, presidente da Argentina. | Quirinale.it

Ontem (27), o governo de Javier Milei ordenou a proibição da linguagem inclusiva na Administração Pública da Argentina, conforme informou o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, na sua coletiva de imprensa diária.

A chamada “linguagem inclusiva” ou linguagem neutra, promovida por quem defende a ideologia de gênero, costuma exigir a modificação do gênero gramatical das palavras para que não se refiram diretamente ao masculino ou ao feminino, utilizando letras como “x” e “e”, ou símbolos como “@”, trocando assim palavras como “todos” por “todxs”, “todes” ou “tod@s”. Segundo as Nações Unidas, a sua utilização serve para “promover a igualdade de gênero e combater o preconceito de gênero”.

A ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher. A ideia contraria a Escritura e a doutrina católica.

O livro do Gênesis 1, 27 diz que “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou” (tradução oficial da CNBB).

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. ‘Ser homem’, ‘ser mulher’ é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu ‘ser homem’ e no seu ‘ser mulher’, refletem a sabedoria e a bondade do Criador”.

O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, disse que “as ações serão tomadas para proibir a linguagem inclusiva e tudo relacionado à perspectiva de gênero em toda a administração pública nacional". "Não será possível usar a letra 'e', a 'arroba', ou 'x' e evitar a inclusão desnecessária do feminino em todos os documentos da administração pública”, acrescentou.

“A linguagem que abrange todos os setores é a que usamos, é a língua castelhana, é o espanhol”, disse. “Consideramos que as perspectivas de gênero também têm sido utilizadas como um negócio político, por isso para nós não há discussão”, concluiu.

Em 23 de fevereiro, o Ministério da Defesa divulgou uma resolução na qual dizia que o uso da “chamada 'linguagem inclusiva'” não corresponde às normas estabelecidas pela Real Academia Espanhola (RAE) e pela Academia Argentina de Letras.

Portanto, diz o documento, “é necessária a adoção de medida para eliminar formas incorretas de linguagem no Ministério da Defesa e nas Forças Armadas”.

A Real Academia Espanhola e a “linguagem inclusiva”

Em mais de uma ocasião, a Real Academia Espanhola se pronunciou sobre a chamada “linguagem inclusiva”, considerando-a “desnecessária” e alheia à “morfologia do espanhol”.

A RAE também defendeu que o masculino gramatical “está firmemente estabelecido” e “não implica qualquer discriminação sexista”.

O diretor da RAE, Santiago Muñoz Machado, garantiu ao jornal espanhol ABC em 2021 que a linguagem inclusiva “afeta a língua de uma forma insustentável”.

O que o papa Francisco disse sobre a ideologia de gênero?

Em diversas ocasiões, o papa Francisco referiu-se de forma crítica à ideologia de gênero. A mais recente foi em janeiro de 2024, durante um discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, ocasião em que disse que a ideologia de gênero é “extremamente perigosa” porque “apaga as diferenças na sua pretensão de tornar todos iguais”.

Ele também disse que “tais colonizações ideológicas causam feridas e divisões entre os Estados, em vez de favorecer a construção da paz”.

Em março de 2023, o papa também tinha falado neste sentido: “A ideologia de gênero, neste momento, é uma das colonizações ideológicas mais perigosas. Vai além da esfera sexual", disse então numa entrevista.

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