24 de novembro de 2024 Doar
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Cristãos em Gaza enfrentam o “pior período” desde o início da guerra, revela relatório

Celebração da Missa na Paróquia Sagrada Família de Gaza. | Crédito: ACNe Paróquia da Sagrada Família.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) publicou um relatório dizendo que a comunidade cristã em Gaza, na Palestina, “passa pelo pior período” desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.

Segundo uma reportagem publicada na sexta-feira (8), Gaza enfrenta tempos difíceis, com bombardeios, interrupções nas comunicações e escassez de alimentos. A irmã Nabila Saleh, freira da congregação do Santo Rosário, descreveu a situação como angustiante, mas agradece a graça de Deus mesmo na adversidade.

“O pouco que temos é por graça de Deus. As pessoas de fora sofrem ainda mais que nós, porque não têm esse consolo neste momento”, disse a freira.

A paróquia da Sagrada Família, no bairro de Al Zeyton, no norte da Faixa de Gaza, é um dos locais afetados por intensos confrontos e bombardeios. Este templo acolhe atualmente 128 famílias — num total de 512 cristãos, entre católicos e ortodoxos — incluindo 120 crianças menores de 18 anos, entre elas 60 com deficiência, e 84 idosos.

Um sócio do projeto da ACN que opera na zona, cujo nome não pode ser revelado por razões de segurança, informou que “a intensidade das operações militares aumenta” cada vez que uma trégua é mencionada, e que a escassez de alimentos está num ponto crítico.

“A comida é simplesmente escassa e é difícil encontrar onde comprá-la. A comunidade cristã aproveita todas as oportunidades possíveis para garantir água potável e alimentos”, disse.

O fornecimento de alimentos está limitado a duas refeições por semana e um pão a cada dois dias por pessoa, fornecidos pelo Patriarcado Latino de Jerusalém com a ajuda de organizações como a ACN. No entanto, a comunidade muitas vezes tem de partilhar pequenas porções entre si para sobreviver.

O acesso à água potável é um desafio e muitas pessoas perderam peso devido à escassez de alimentos. Os problemas de saúde são graves, com crianças doentes e idosos precisando de cuidados médicos urgentes, que são difíceis de obter no meio do conflito.

“As pessoas caminham longas horas para conseguir uma caixinha de comida, que no final não dá nem para três pessoas. Devido a esta dieta forçada, a partilha está se tornando parte da vida cotidiana e uma nova identidade cristã”, disse o sócio de projetos à ACN.

A situação de saúde também é alarmante. Por causa da escassez, muitas pessoas perderam peso. Além disso, as crianças sofrem com um surto de vírus que causa náuseas e diarreia, enquanto vários idosos enfrentam doenças graves que requerem hospitalização.

Apesar das dificuldades, a fé continua sendo uma força poderosa para a comunidade. São realizadas atividades de apoio religioso e psicológico, incluindo missas diárias, catequeses e encontros de cura de traumas por meio da oração.

Os padres e as freiras, como a irmã Nabila, desempenham um papel crucial no cuidado da comunidade, apesar de estarem exaustos. A irmã Nabila disse que, apesar de tudo, a fé da comunidade se fortalece.

“Eles estão todos exaustos, ninguém pode experimentar realmente o que eles estão vivendo. Mas com a graça de Deus, os nossos filhos estão agora ainda mais próximos da sua fé do que nunca. É uma Páscoa muito especial, estamos mais próximos do que nunca do Salvador crucificado”, disse ela.

Embora a comunicação com a comunidade seja difícil, o seu pedido constante é simples: “Rezem por nós, rezem por toda a população para que esta guerra acabe”.

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