23 de novembro de 2024 Doar
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Investigação liga agência da conferência episcopal dos EUA a aborto e contraceptivos na África

Pílulas anticoncepcionais. | 279photo Studio/Shutterstock.

Uma investigação conjunta feita pelo instituto de pesquisa católico americano Lepanto Institute (LI, na sigla em inglês) e pela organização pró-vida Population Research Institute (PRI, na sigla em inglês), diz que a Catholic Relief Services (CRS, na sigla em inglês), braço humanitário da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês), esteve envolvida em programas de contracepção e aborto em países africanos.

Numa conferência de imprensa virtual feita em 6 de março, os dois grupos apresentaram um relatório de 120 páginas, com documentos que comprovam o envolvimento da CRS em programas de ajuda dos EUA que promovem programas de redução populacional, incluindo o aborto e o uso de contraceptivos nos Camarões, no Lesoto e no Zimbábue.

Durante a conferência virtual, o presidente do PRI, Steven Mosher, disse que deram início à investigação preocupados com o fato da CRS ter “liderado a implementação do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS (PEPFAR, na sigla em inglês) chamado Determinada, Resiliente, Capacitada, Livre da AIDS, Orientada, e Segura (DREAMS, na sigla em inglês) em vários países africanos, e que neste contexto promove os preservativos e a contracepção, bem como implementa redes de referência de saúde que incluem promotores e fornecedores de aborto e contracepção”.

“Ao longo de um ano, o LI e o PRI receberam de nossos investigadores milhares de páginas de documentos, conversas gravadas e fotografias que, tomadas em conjunto, revelam que a CRS, em vários países, encaminhou meninas pequenas, até de anos, a provedores de aborto e contraceptivos, e tem sido o 'principal implementador' de projetos que, através de uma rede de parceiros, são concebidos para difundir e promover a contracepção e os preservativos, e tem até corrompido a boa moral de garotas jovens com os seus próprios materiais”, acrescentou Mosher.

Camarões

Ao apresentar um resumo das suas conclusões em Camarões, o presidente da LI, Michael Hichborn, referiu-se ao papel da CRS na realização do projeto de Intervenções Chave para o Desenvolvimento de Sistemas e Serviços (KIDSS, na sigla em inglês) no país.

“A CRS liderou a implementação do projeto KIDSS nos Camarões, o que significa que tinha a responsabilidade geral pelo financiamento e implementação do projeto em todos os seus aspectos”, disse Hichborn.

“A CRS produziu material, com o logotipo da CRS, que promove a masturbação, o ‘sexo seguro’ e desencoraja o envolvimento em atividades sexuais sem o uso de preservativo”, disse também Hichborn durante a conferência virtual de 6 de março.

“A promoção da masturbação foi adaptada de um programa chamado ‘My Changing Body’ (Meu corpo em mudança, em inglês), que a CRS implementou em Ruanda, mas negou publicamente que tivesse feito isso”, continuou o presidente da LI.

Ele também falou sobre a parceria entre a CRS e a “Reseau National des Associations de Tantines”, (Rede Nacional de Associações de Titias RENATA, na sigla em francês), uma organização camaronesa sem fins lucrativos que supostamente luta pelos direitos das mães adolescentes.

“A CRS fez parceria com a RENATA, uma organização voltada para o aborto, encaminhando meninas para a RENATA para saúde sexual e reprodutiva”, observou ele.

“A parceria da CRS com a RENATA, que incluía financiamento, parece ter violado a política da Cidade do México então em vigor, estabelecida durante o governo de Ronald Reagan (1981-1989) que proíbe a utilização dos fundos provenientes do dinheiro dos contribuintes para financiar as ONGs que fazem ou promovem ativamente o aborto como forma de planejamento familiar, dado que a RENATA defendia simultaneamente a legalização do aborto nos Camarões, atividade proibida aos beneficiários”, continou o presidente da LI.

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“A CRS criou uma rede de referência de saúde que incluía organizações que promovem a contracepção, incluindo RENATA, Horizons Femmes, SWAA e outras”, disse ainda.

“O projeto KIDSS liderado pela CRS terminou formalmente em 2023. Mas continuou essencialmente sob um novo nome, CoSMo, e com uma nova organização líder, a Conferência Episcopal Nacional dos Camarões (NECC, na sigla em inglês). CoSMo depende da mesma rede de referência com RENATA, Horizons Femmes, SWAA, etc., e a CRS continua a ajudar a orientar o projeto”, explicou Hichborn.

O estudo conjunto, disse o presidente da LI, também revelou que “o gestor do projeto da CRS para o projeto KIDSS, que continua a trabalhar como gestor zonal do CoSMo, defende o aborto e a contracepção”.

“Hospitais católicos nos Camarões foram recrutados como parceiros no projeto CoSMo e forneceram materiais pornográficos de educação sexual que promovem a contracepção e os preservativos. Os próprios materiais são fornecidos pela CARE e pela Universidade de Georgetown, universidade americana liderada por jesuítas, organizações com as quais a CRS frequentemente faz parceria”, disse Hichborn ao apresentar provas sobre o envolvimento do braço humanitário da USCCB na promoção de contraceptivos e do aborto nos Camarões.

Zimbábue

Durante a conferência virtual de 6 de março, o diretor de comunicações da organização pró-vida americana American Life League, Rob Gasper, disse que a CRS liderou a implementação do projeto DREAMS no Zimbábue, país no sul da África.

Através de um projeto chamado Pathways, o DREAMS foi operacionalizado de 2018 a 2022, disse Gasper, e acrescentou: “Um dos principais objetivos do DREAMS é 'aumentar a combinação de métodos anticoncepcionais', ou seja, incentivar o uso de preservativos e anticoncepcionais de longa ação (DIU, implantes anticoncepcionais, o anticoncepcional injetável Depo-Provera), entre adolescentes e garotas em populações vulneráveis.”

Com base nas conclusões do estudo conjunto, a organização pró-vida americana American Life League afirmou: “Os parceiros de implementação da CRS – organizações para as quais seriam enviadas garotas inscritas no DREAMS pela CRS – foram responsáveis ​​por cumprir os requisitos do projeto para promover e fornecer preservativos e contraceptivos”.

“O próprio chefe de equipe da CRS no Zimbábue confirmou que esses encaminhamentos foram feitos com o conhecimento e consentimento direto da CRS. Uma videoconferência sobre Pathways feita pela CRS também confirma isso”, acrescentou Gasper.

Ele continuou: “Parceiros da CRS como Pathways, Cáritas Zimbábue]e, JP Kapnek, MUSASA, Exército da Salvação e AfricAid, todos promovem a contracepção. A Africaid afirmou que a CRS permitiu que a organização distribuísse preservativos a crianças do sexto ano, afirmando que a CRS sabia da existência dos preservativos e não se opôs.”

“A Childline Zimbabwe, parceira da CRS na Pathways, além de promover e fornecer contraceptivos, também encaminha meninas para fazer abortos”, disse o diretor de comunicação da American Life League.

Ele acrescentou sobre os programas no Zimbábue: “O projeto Pathways da CRS colaborou diretamente com campanhas de sensibilização pública, como a Stop the Bus, que foram explicitamente concebidas para espalhar preservativos”.

Lesoto

Em sua contribuição na conferência virtual em 6 de março, Hichborn disse que no Lesoto, “o projeto 4Children da CRS incluía educação sexual pornográfica e encaminhava meninas para vendedores de contraceptivos através do projeto abrangente da DREAMS”.

“As meninas vão aos vendedores! O manual educacional em uso, cuja cópia foi fornecida aos nossos investigadores locais, era idêntico ao que havíamos descoberto anteriormente online. Inclui conteúdo sexualmente explícito, para não dizer pornográfico”, acrescentou.

“A Cáritas e outros parceiros da DREAMS confirmaram as nossas preocupações de que as garotas eram enviadas para vendedores de contraceptivos, como a Population Services International (PSI, na sigla em inglês), durante os ‘dias de serviço comunitário’, como parte integrante do projeto”, disse o presidente da LI.

“Através dos ‘dias de serviço comunitário’ da KB, durante os quais os preservativos foram demonstrados e distribuídos abertamente, a CRS foi responsável por coordenar as ‘ligações aos serviços’ entre os vários parceiros da DREAMS”, disse Hichborn.

“A CRS continua ativamente envolvida como um ‘parceiro de implementação’ no projeto sucessor do DREAMS, que se chama Karabo ea Bophelo (KB). Um dos principais objetivos da KB, que confirmamos repetidamente em entrevistas e materiais de fontes primárias, era aumentar a prevalência de contraceptivos entre os jovens do Lesoto. Em outras palavras, é um programa de controle populacional antinatalista”, acrescentou.

“Durante reuniões na sede da KB com a presença de representantes da CRS, nosso investigador viu grandes caixas de preservativos sendo descarregadas de uma van por funcionários da KB, e uma caixa de preservativos no banheiro ilustrando graficamente o propósito dos projetos”, acrescentou.

Durante a conferência virtual de 6 de março, Hichborn também observou que o estudo conjunto estabeleceu que “um currículo de promoção da contracepção chamado Stepping Stones, atualmente em uso pela KB no Lesoto, já foi usado pela CRS em outros países”.

A ACI África, agência do grupo EWTN na África, entrou em contato com a CRS, mas não teve resposta até a publicação desta matéria.

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