21 de dezembro de 2024 Doar
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Há séculos uma freira teve visões com detalhes desconhecidos da vida de são José

Imagem ilustrativa. | Crédito: Josh Applegate/Unsplash.

Uma freira beneditina italiana do século XVIII escreveu sobre as visões que teve de são José. Embora a bíblia não registre nenhuma palavra do pai adotivo de Jesus, esta antiga obra pode ajudar a imaginar como era o cotidiano da Sagrada Família na perspectiva do santo.

O livro "A Vida de São José", escrito pela serva de Deus Madre Maria Cecília Baij, contém a revelação pessoal da freira e oferece um retrato íntimo da vida de oração, sofrimentos e alegrias vividos no seio da Sagrada Família.

Assim como um pintor preencheria os detalhes de uma cena bíblica da vida de Cristo em uma pintura, Irmã Baij descreve detalhadamente e com foco particular em sua vida interior, as cenas que poderiam ter feito parte da vida de são José com Jesus e a Virgem Maria.

A obra constrói em 75 páginas a vida de são José, desde o seu nascimento até antes de conhecer a Virgem Maria. Ao longo da história, a freira destaca como Deus a preparou com as graças necessárias para ter o privilégio de conhecer a futura Mãe de Deus.

Em seguida, o leitor acompanha as experiências de são José que se alegra com a Encarnação no ventre de Maria; que suporta as provações no caminho para Belém; que chora de alegria ao ter nos braços o Salvador do mundo; que canta hinos de louvor a Deus com Maria; que trabalha com o menino Jesus em sua carpintaria; e abandona-se continuamente à vontade de Deus diante das incertezas.

Embora a Igreja não considere obrigatório acreditar nas revelações privadas da irmã Baij como uma questão de fé, o livro recebeu um Imprimatur (termo em latim que significa imprima-se) e Nihil Obstat (latim para "nada obsta") da Santa Sé, que o declara oficialmente livre de erros doutrinários e morais.

Pascal Parente, professor da Universidade Católica da América, traduziu o manuscrito do século XVIII para o inglês.

Parente, que morreu em 1971, escreveu na introdução do livro que “o relato da vida de são José... não se destinava essencialmente a fornecer educação exegética ou histórica, mas sim a servir como meio de edificação”.

O livro “revela o mais amoroso e adorável chefe da Sagrada Família sob uma nova luz que não pode deixar de impressionar a mente e o coração do leitor, tornando-o partícipe da paz e harmonia celestes que reinavam na Sagrada Família de Nazaré", acrescentou.

O manuscrito foi concluído antes da morte da irmã Baij em 1766, mas permaneceu desconhecido até 1900, quando um monge beneditino, dom Willibrord van Heteren, encontrou os escritos no convento de São Pedro em Montefiascone, Itália, e publicou alguns trechos.

Vinte anos depois, um bispo local, dom Peter Bergamschi, interessou-se pelos escritos da freira guardados no arquivo do convento. Depois, em 17 de março de 1920, o bispo apresentou os manuscritos ao papa Bento XV em audiência privada durante o mês de são José e o sumo pontífice o encorajou a publicá-los.

Irmã Maria Cecilia Baij nasceu em 1694 em Montefiascone, à margen do Lago Bolsena, Itália. Aos 20 anos fez os votos religiosos na comunidade beneditina de Montefiascone. Foi nomeada abadessa em 1743 e ficou no cargo até sua morte, aos 72 anos.

Em suas orações no convento, a irmã Baij recebeu tanto ataques do diabo como revelações místicas sobre a vida de Cristo, são José, a Sagrada Família e são João Batista, que ela mais tarde, em obediência ao seu confessor, descreveu em extensos manuscritos

O convento beneditino de São Pedro continua ativo até hoje, mais de 250 anos depois da morte da freira. As irmãs acolhem os peregrinos que percorrem a Via Francigena, rota de peregrinação medieval que passa pela cidade. As irmãs também possuem todos os manuscritos originais da irmã Baij.

Acredita-se que a freira tenha concluído seu relato sobre a vida de são José em dezembro de 1736. Ao longo do texto, José é frequentemente retratado em oração, louvando a Deus sozinho e também, junto com a Virgem Maria e Jesus.

"Às vezes, quando José estava trabalhando muito, ele se aproximava de sua esposa e pedia que ela se dignasse a cantar um hino em louvor a Deus, aliviando assim seu cansaço. A Santíssima Virgem atendia seus pedidos com facilidade. Seu canto de hinos de exaltação divina era tão agradável que José muitas vezes se sentia em êxtase”, escreveu Baij.

A freira contou que são José "certa vez comentou com Maria: 'Minha noiva, só o seu canto é suficiente para trazer conforto a todo coração perturbado! Que conforto você me deu com isso! Que alívio para o meu cansaço! Que grande alegria para mim a ouvir falar ou cantar! ... '".

“Para a Santíssima Virgem, estas palavras foram a ocasião para dar ainda mais louvor a Deus, Fonte de tudo o que é bom. ... 'Deus derramou estas graças em meu coração', disse ela [a são José], 'para que você possa ser consolado e obter alívio em suas tribulações e aflições.' O amor e a gratidão do santo para com Deus se expandiam constantemente e ele continuava a se maravilhar com a virtude de sua Santíssima Esposa", escreveu Baij.

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