24 de novembro de 2024 Doar
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Deputados avalizam denúncia de venda de órgãos de bebês abortados nos EUA

David Daleiden e Terrisa Bukovinac testemunham em painel na última terça-feira (19) sobre o que chamaram de “horrível” extração de órgãos e tráfico de bebês abortados. | Cortesia do escritório da deputada Marjorie Taylor Greene

Deputados republicanos dos EUA organizaram um painel na terça-feira (19) sobre o que chamaram de “horrível” extração de órgãos e tráfico de bebês abortados.

Uma apresentação da deputada republicana Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, incluiu depoimentos de David Daleiden, fundador do grupo investigativo Center for Medical Progress (Centro para o Progresso Médico), e a fundadora do grupo pró-vida secular Progressive Anti-Abortion Uprising (Levante Progressista Anti-aborto; PAAU, na sigla em inglês), Terrisa Bukovinac.

Eles testemunharam que a Planned Parenthood, maior multinacional de aborto do mundo, e outras clínicas de aborto nos EUA, vendem órgãos e partes de corpos de bebês abortados em um lucrativo mercado negro de biomateriais.

Daleiden, que divulgou vários vídeos mostrando funcionários da Planned Parenthood discutindo a venda de partes de corpos, pediu à Câmara que abrisse uma investigação formal sobre a participação da indústria do aborto na extração de órgãos. Daleiden se passou por representante da indústria médica interessado em compra de órgãos para gravar seus vídeos.

“Numa época em que poderosas forças governamentais e midiáticas tentam silenciar essa mensagem, é imperativo que a Câmara reabra as investigações formais do mercado negro e da extração de órgãos de bebês abortados, para que as entidades financiadas pelos pagadores de impostos nunca possam colocar uma etiqueta de preço em seres humanos”, disse ele.

Venda de partes do corpo de bebês no mercado negro

Greene destacou durante o painel de discussão que a indústria do aborto opera praticamente sem supervisão federal ou independente, o que lhe permite conduzir atividades ilegais.

Daleiden afirmou que sua investigação como infiltrado, encontrou uma rede de empresas de biomateriais em parceria com a Planned Parenthood e outras clínicas de aborto para obter partes do corpo de bebês para experimentos e outros fins.

“Eu me encontrei com dezenas das principais clínicas de aborto da Planned Parenthood em suas luxuosas feiras comerciais de aborto patrocinadas por empresas que compram partes de bebês”, disse ele.

Um vídeo secreto mostrado por Daleiden durante o evento mostrou uma executiva da Planned Parenthood no estado de Washington projetando que sua organização ganharia US$ 250 mil (R$ 1,24 milhões) com vendas de partes de bebês para uma única empresa de biotecnologia então chamada StemExpress (agora chamada CGT Global).

Ele também descreveu a parceria da Planned Parenthood com a Universidade da Califórnia e a Universidade de Pittsburgh, na qual a indústria do aborto recebe dinheiro em troca do fornecimento de partes de corpos de bebês.

Um dos experimentos descobertos por Daleiden em 2020 era da Universidade de Pittsburgh, que estava enxertando couro cabeludo de bebês abortados em ratos de laboratório para que crescesse cabelo humano nos ratos. Daleiden disse que essa experiência foi financiada por verbas federais dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), financiadas pelos pagadores de imposto, portanto.

Segundo dados coletados pelo Charlotte Lozier Institute (CLI, na sigla em inglês), instituto de pesquisa médica e científica pró-vida, o NIH diz gastar uma média de US$ 108 milhões (R$ 537,46 milhões) por ano em experimentos em fetos.

Ao citar as negociações orçamentárias em andamento no Congresso, o deputado republicano Chip Roy, do Texas, falou à imprensa que os membros da Câmara deveriam investigar mais a fundo e que o dinheiro do orçamento do NIH para experimentos em fetos deveria ser cortado.

Alegações sobre o envolvimento de Kamala Harris

Daleiden também alegou que a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, esteva envolvida no “encobrimento” do esquema de colheita de órgãos da indústria do aborto quando era procuradora-geral da Califórnia, de 2011 a 2017.

Depois da divulgação de vídeos do Center for Medical Progress expondo os executivos da Planned Parenthood, Harris ordenou uma busca policial no apartamento de Daleiden para apreender “centenas de horas de imagens secretas não divulgadas”, disse ele.

Daleiden disse que, sob a administração de Harris, o sistema de justiça da Califórnia o processou, emitiu uma liminar para impedi-lo de divulgar o resto das imagens e, por fim, multou seu grupo em US$ 25 milhões (R$ 124, 41 milhões). Um tribunal federal na Califórnia concluiu que o trabalho secreto de Daleiden violou leis estaduais e federais.

“A indústria do aborto, liderada pela Planned Parenthood, é um poderoso [grupo] de interesse especial em nosso país; eles lutam para silenciar as notícias sobre o seu mercado negro de colheita de órgãos de bebês abortados e o encobrimento contínuo chega aos mais altos níveis do nosso governo”, disse Daleiden.

O 'Cinco de Washington' e a Lei FACE

Durante o painel, Bukovinac mostrou membros de seu grupo encontrando um bebê morto no terceiro trimestre de gravidez, totalmente intacto, armazenado em um contêiner de plástico em março de 2022. Bukovinac disse que com base no nível de desenvolvimento do bebê, ele tinha 33 semanas (sete meses e meio) de gestação. O fato de o corpo do bebê estar praticamente intacto indica que ele provavelmente foi morto depois do nascimento, disse ela.

O menino foi encontrado do lado de fora da Washington Surgi-Clinic em Washington, D.C. Bukovinac disse que o plano era enviá-lo a Baltimore junto com os cadáveres de outros 114 bebês, por uma empresa chamada Curtis Bay Medical Waste Services para ser queimado.

O bebê de 33 semanas foi um dos cinco bebês prematuros descobertos na Washington Surgi-Clinic, dirigida por Cesare Santangelo.

Apesar da indignação com estas crianças, que passaram a ser chamadas de “os cinco de Washington”, o Departamento de Justiça dos EUA não anunciou planos para tomar quaisquer medidas. Ao mesmo tempo, o instituto de medicina legal de Washington D.C., não permitiu exame independente dos corpos.

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Bukovinac disse que Lauren Handy, que faz parte de seu grupo, foi presa em 2023 por violar a Lei de Liberdade de Acesso às Entradas de Clínicas (FACE, na sigla em inglês) em um protesto. Bukovinac condenou o Departamento de Justiça por processar Handy ao mesmo tempo em que ignorava os “muito prováveis ​​crimes federais” na clínica de aborto de Washington. Crimes federais nos EUA são violações de leis aprovadas pelo Congresso Nacional que são válidas em todos os Estados do país. Há leis estaduais que definem crimes nos EUA, ao contrário do Brasil, onde todo crime é federal.

A lei FACE, sancionada pelo presidente Bill Clinton em 1994, proíbe “conduta violenta, ameaçadora, prejudicial e obstrutiva destinada a ferir, intimidar ou interferir no direito de procurar, obter ou fornecer serviços de saúde reprodutiva”.

“O Departamento de Justiça gasta seu tempo processando e prendendo meus amigos por ações diretas totalmente pacíficas e não violentas, quando, em vez disso, deveriam perseguir assassinos que cometem crimes federais”, disse ela.

Ela pediu ao Congresso que intimasse Santangelo e ordenasse um exame independente dos corpos dos bebês.

A deputada republicana de Illinois, Mary Miller, criticou o Departamento de Justiça por ignorar os “Cinco de Washington”, dizendo durante o evento: “Devemos exigir que o Departamento de Justiça e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos cumpram a lei federal e impeçam as atividades ilegais da Planned Parenthood, e devemos parar de financiar esses centros de morte”.

Miller disse que se o promotor-geral dos EUA, Merrick Garland (chefe do Departamento de Justiça dos EUA), e o secretário de saúde Xavier Becerra, se recusarem a investigar os assassinatos, o Congresso tem o poder de destituí-los dos cargos.

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