18 de dezembro de 2024 Doar
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Semana Santa começa com repressão do governo na Nicarágua

Domingo de Ramos em uma igreja na Nicarágua. | Crédito: Arquidiocese de Manágua.

A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina disse que o governo da Nicarágua já iniciou a repressão contra a Igreja no país nesta Semana Santa de 2024, com diversos acontecimentos ocorridos entre o Domingo de Ramos e a Segunda-feira Santa.

“A Semana Santa de 2024 começou com proibições, perseguições e intimidações por parte do governo de Daniel Ortega e sua mulher, que utilizam agentes da Polícia Nacional para cometer ilegalidades contra a Igreja Católica da Nicarágua”, disse Molina à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, na segunda-feira (25).

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, era um dos líderes da Frente Sandinista de Libertação Nacional, grupo guerrilheiro de esquerda que tomou o poder em 1979. Ortega soma mais de 30 anos no poder. Sua mulher, Rosario Murillo é vice-presidente do país.  

“A polícia é uma instituição que se submete ilegalmente aos caprichos e às arbitrariedades do casal presidencial”, disse Molina. “No Domingo de Ramos, foram utilizados mais de 4 mil policiais para vigiar, tirar fotos e vídeos de leigos e sacerdotes para intimidar quem frequentava as paróquias e impedir que as procissões com Jesus do Triunfo saíssem às ruas".

Desde 2023, o governo da Nicarágua proíbe a realização de procissões nas ruas. Por isso, quando ocorrem, só acontecem nos átrios das igrejas, como a que acontece no Domingo de Ramos na catedral de Manágua, segundo a EFE.

Numa publicação datada de 18 de março, Molina disse que, entre a Quaresma e a Semana Santa, serão um total de 4,8 mil procissões proibidas em toda a Nicarágua.

Martha Patricia Molina é autora do relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?, um texto de mais de 300 páginas, que em sua última atualização relata pelo menos 667 ataques contra a Igreja. A pesquisadora também informou em janeiro que o site onde o publica e atualiza sofreu centenas de ataques cibernéticos que “vêm dos ditadores Ortega-Murillo com a intenção de eliminar o site”.

Entre as diversas ações do regime nesta Semana Santa, Molina disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que na segunda-feira (25) “a Prefeitura de León juntamente com a Polícia Nacional esteve na rua norte do Santuário de São Francisco para construir toldos e distribuir chicha (bebida típica) em homenagem a são Benito, santo amado e venerado pelo povo de León”.

“A grande procissão que se celebra toda Segunda-feira Santa foi proibida pela ditadura sandinista. A ditadura ordenou que distribuíssem a chicha (bebida preparada com milho comum em vários países da América Latina) para evitar que os visitantes fossem aos pagadores de promessa que a entregam com fervor e para pagar promessas ao santo”, lamentou.

“Por um lado, proíbem as atividades religiosas da igreja e, por outro, os ditadores organizam as suas próprias atividades que nada têm a ver com a verdadeira fé do povo”, disse Molina.

Em sua conta na rede social X, Molina escreveu sobre o governo: "Que Deus lhes perdoe tanta maldade e lhes conceda o arrependimento por todo o mal que fazem. São Benito não saiu, ficou na porta do perdão, no lado de dentro do templo. Mas ninguém nem nada sequestrou a fé do povo".

Félix Maradiaga, ex-candidato presidencial e ex-preso político que agora mora nos EUA, disse à ACI Prensa ontem (26) que “embora a devoção popular não possa ser interrompida, posso supor que a Igreja realizará as suas atividades tentando não perturbar o regime. Vai realizar atividades desde que autorizadas”.

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