Mar 27, 2024 / 09:54 am
Continuando o seu ciclo de catequeses sobre as virtudes, o papa Francisco dedicou a Audiência Geral de hoje (27), à reflexão sobre a paciência, virtude que, segundo ele, devemos imitar de Cristo e pedir ao Espírito Santo.
No início, Francisco disse aos fiéis que a Audiência Geral foi transferida da Praça de São Pedro, no Vaticano, para o interior da Sala Paulo VI por causa da chuva. “Obrigado pela paciência, aqui pelo menos não nos molhamos”, disse o papa.
Pela primeira vez em quase um mês, o papa Francisco leu o texto completo da sua catequese. Problemas de saúde impediram-no de ler discursos e homilias nas últimas semanas.
“Na Paixão surge a paciência de Cristo”
Na catequese de hoje (27), o papa Francisco falou da importância da paciência e explicou que a palavra tem a mesma raiz de “paixão”.
“Na Paixão surge a paciência de Cristo, que com mansidão aceita ser preso, esbofeteado e condenado injustamente; diante de Pilatos ele não recrimina; suporta os insultos, cuspidas e flagelações dos soldados; carrega o peso da cruz; perdoa quem o prega no madeiro e na cruz não responde às provocações, mas oferece misericórdia”.
Também disse que “a paciência de Jesus não consiste numa resistência estoica ao sofrimento, mas é o fruto de um amor maior”.
A caridade, segundo o papa, “é magnânima e paciente” e Jesus, “em vez de dar vazão ao seu desgosto pelo mal e pelo pecado do homem, revela ser maior, sempre pronto a recomeçar com paciência infinita”.
Para o papa Francisco, a paciência “é o primeiro traço de todo grande amor, que sabe responder ao mal com o bem, que não se fecha na raiva e no desânimo, mas persevera e se relança”.
Francisco disse que “não há melhor testemunho do amor de Cristo do que encontrar um cristão paciente”.
“Pensemos também em quantas mães e pais, trabalhadores, médicos e enfermeiros, doentes que todos os dias, escondidos, embelezam o mundo com uma santa paciência!”, disse.
O papa lamentou que “muitas vezes nos falta paciência” e que “instintivamente ficamos impacientes e respondemos ao mal com o mal”.
Às vezes, continuou ele, “é difícil manter a calma, controlar os nossos instintos, conter as más respostas, neutralizar discussões e conflitos em família, no trabalho, na comunidade cristã. A resposta vem rapidamente, não somos capazes de ser pacientes”.
Diante disso, o papa Francisco pediu para lembrar que “a paciência não é apenas uma necessidade, é um chamado: se Cristo é paciente, o cristão é chamado a ser paciente”.
“E isto”, disse Francisco, “nos obriga a ir contra a corrente da mentalidade hoje difundida, na qual dominam a pressa e o ‘tudo e agora’; na qual, em vez de esperar que as situações amadureçam, as pessoas ficam espremidas, esperando que elas mudem instantaneamente”.
O papa Francisco disse que “a pressa e a impaciência são inimigas da vida espiritual: Deus é amor, e quem ama não se cansa, não se irrita, não dá ultimatos, mas sabe esperar”.
Como crescer em paciência?
A paciência, recordou o papa, é fruto do Espírito Santo e por isso devemos pedi-la a Ele.
Francisco disse que especialmente nestes dias da Semana Santa, “nos fará bem contemplar o Crucificado para assimilar a sua paciência”.
“Um bom exercício é também levar a Ele as pessoas mais chatas, pedindo-lhe a graça de pôr em prática para com elas aquela obra de misericórdia que é ao mesmo tempo conhecida e ignorada: suportar pacientemente as pessoas chatas. Não é fácil", disse ele.
“Começa-se pedindo para vê-las com compaixão, com o olhar de Deus, sabendo distinguir os seus rostos dos seus erros”, continuou.
“Temos o hábito de catalogar as pessoas com os erros que cometem. Não, isso não é bom. Devemos procurar as pessoas pelo seu rosto, pelo seu coração e não pelos erros”, disse.
Segundo o papa, “para cultivar a paciência, virtude que dá fôlego à vida, é bom ampliar o olhar".
“Por exemplo, não limitar o mundo aos nossos problemas, como nos convida a fazer a Imitação de Cristo, que diz: 'É necessário, portanto, que te lembres dos sofrimentos mais graves dos outros, para que aprendas a suportar os teus, pequeninos', lembrando que 'Não há nada, por menor que seja, que seja suportado por amor de Deus, que passe sem recompensa diante de Deus' (III, 19)”.
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Concluindo, disse que “quando nos sentimos presos pela prova, como nos ensina Jó, é bom abrir-nos com esperança à novidade de Deus, na firme confiança de que Ele não deixará frustradas as nossas expectativas”.
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