18 de dezembro de 2024 Doar
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Seminário menor é atacado por gangues criminosas no Haiti

Uma mulher haitiana ajoelhada em oração em frente à Catedral de Porto Príncipe, capital do país. | Crédito: ACN.

A Conferência Haitiana de Religiosos (CDH) informou que um seminário menor dos Padres Espiritanos foi atacado na segunda-feira (1º), por criminosos.

“Com indignação observamos como os filhos e filhas do país atacam inescrupulosamente a propriedade privada e estatal e colocam em perigo a vida de outras pessoas que parecem não ter nenhum valor aos seus olhos. Assim, na tarde de 1 de abril de 2024, o Petit Séminaire Collège St-Martial, uma instituição histórica, viu-se no olho do ciclone furioso e devastador de uma categoria de pessoas que não têm fronteiras”, disse a CDH num comunicado.

Os criminosos incendiaram a sala de informática e saquearam a biblioteca do seminário. Também queimaram vários veículos.

Nesse dia, as mesmas gangues criminosas tentaram tomar à força o Palácio Nacional do Haiti, sede da Presidência da República, mas falharam graças à atuação da Polícia Haitiana e ao apoio das unidades de segurança do palácio. Cinco funcionários ficaram feridos no incidente, um deles gravemente.

Desde o início de março, a situação política e social no Haiti piorou exponencialmente.

A crise é consequência – em grande parte – da atuação livre de grupos criminosos que controlam cerca de 80% do território de Porto Príncipe, a capital do país.

Os missionários espiritanos foram os últimos de uma longa lista de religiosos e leigos vítimas de violência. Perante esta realidade, a CDH manifestou, mais uma vez, “a sua profunda dor pela vertiginosa situação de caos” que o país atravessa.

Em plena Semana Santa, o padre Morachel Bonhomme, presidente da CDH, pediu que os fiéis mantenham as suas orações constantes “por tantas comunidades e cidadãos” que estão impedidos de viver normalmente “por causa da insegurança infernal e assassina” que afeta todo o Haiti.

O apelo urgente da ONU

Também durante a Semana Santa, em 28 de março, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou “ações imediatas e ousadas” para enfrentar a difícil situação no país caribenho.

A ONU disse que o Estado de direito no Haiti é praticamente inexistente e que as instituições do Estado estão “à beira do colapso”.

“Combater a insegurança deve ser uma prioridade absoluta para proteger a população e prevenir mais sofrimento humano. É igualmente importante proteger as instituições essenciais ao Estado de direito, que foram atacadas na sua essência", disse o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.

Segundo a organização, o número de vítimas da violência no Haiti aumentou consideravelmente em 2023, em comparação com anos anteriores, com 4.451 mortos e 1.668 feridos. Nos primeiros três meses de 2024, 1.554 pessoas morreram e 826 ficaram feridas (até 22 de março).

A ONU também denunciou que a violência sexual contra as mulheres, por parte de gangues criminosas, piorou nas últimas semanas e que a maioria dos casos não é denunciada e permanece impune.

Finalmente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) disse que a educação será fundamental para alcançar a paz e o bem-estar no Haiti.

“Num país que enfrenta conflitos e instabilidade cada vez mais complexos, a educação nunca pode ser considerada simplesmente uma opção; deve ser reconhecida como uma necessidade, uma questão de sobrevivência e uma chave para a estabilidade social”, concluiu.

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