18 de dezembro de 2024 Doar
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O cristão sem coragem é um cristão inútil, diz o papa Francisco

Papa Francisco na Audiência Geral de 10 de abril. | Crédito: Daniel Ibáñez / ACI Digital.

“O cristão sem coragem, que não inclina as próprias forças para o bem, que não incomoda ninguém, é um cristão inútil”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (10). Ele continuou o seu ciclo de catequeses sobre as virtudes e falou sobre a virtude da fortaleza.

Francisco referiu-se à fortaleza como “a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na prossecução do bem”.

É a “mais combativa das virtudes”, disse, “ligada pelos autores escolásticos àquilo a que os antigos chamavam o ‘apetite irascível’”.

“Jesus tinha paixão”

Segundo Francisco, o pensamento antigo não imaginava um ser humano sem paixões, pois “seria uma pedra”. Por isso disse que “as paixões não são necessariamente o resíduo de um pecado; mas devem ser educadas, devem ser orientadas, devem ser purificadas com a água do Batismo, ou melhor, com o fogo do Espírito Santo”.

“Jesus não é um Deus diáfano e asséptico, que desconhece as emoções humanas. Pelo contrário. Perante a morte do amigo Lázaro, desata em lágrimas; e em algumas das suas expressões transparece o seu espírito apaixonado”, disse.

Para explicar o significado desta virtude, o papa Francisco destacou dois aspectos: um passivo e outro ativo.

“Contar com a Providência de Deus para nos amparar e blindar”

Quanto ao primeiro, Francisco disse que é aquele que se dirige para dentro de nós mesmos: “Há inimigos internos que devemos derrotar, e o seu nome é ansiedade, angústia, medo, culpa: todas estas forças que se agitam no nosso íntimo e que, em certas situações, nos paralisam”.

Para o papa, “a fortaleza é, antes de tudo, uma vitória contra nós próprios”, pois “a maior parte dos medos que surgem dentro de nós são irrealistas e não se concretizam de forma alguma”.

“É melhor então invocar o Espírito Santo e enfrentar tudo com fortaleza paciente: um problema de cada vez, como formos capazes, mas não sozinhos! O Senhor está ao nosso lado, se confiarmos nele e procurarmos sinceramente o bem. Então, em todas as situações, podemos contar com a Providência de Deus para nos amparar e blindar”

Uma virtude que “leva a sério os males do mundo”

Em segundo lugar, disse que existem “inimigos externos”, que são “as provações da vida, as perseguições, as dificuldades que não esperávamos e que nos surpreendem”.

“Podemos procurar prever o que nos vai acontecer, mas a realidade é, em grande medida, feita de acontecimentos imponderáveis e, neste mar, às vezes, o nosso barco é arrastado pelas ondas. Assim, a fortaleza faz de nós marinheiros resistentes, que não se amedrontam nem desanimam”, disse.

Para o papa Francisco, “a fortaleza é uma virtude fundamental porque leva a sério o desafio do mal no mundo”.

Neste sentido, disse que “alguns fingem” que este mal não existe, “que está tudo bem, que a vontade humana não é por vezes cega, que as forças obscuras que trazem a morte não se debatem na história”.

“Mas é suficiente folhear um livro de história, ou infelizmente até os jornais, para descobrir os atos nefastos de que somos em parte vítimas e em parte protagonistas: guerras, violências, escravatura, opressão dos pobres, feridas que nunca cicatrizaram e continuam a sangrar”.

Diante desses males, disse, “a virtude da fortaleza faz-nos reagir e gritar ‘não’, um ‘não’ categórico a tudo isto”.

“No nosso Ocidente confortável, que diluiu um pouco tudo, transformando o caminho da perfeição num simples desenvolvimento orgânico, que não tem necessidade de lutar porque tudo lhe parece igual, às vezes sentimos uma saudável nostalgia dos profetas”, disse o papa.

“Mas as pessoas importunas e visionárias são deveras raras. É preciso que alguém nos faça sair do lugar macio onde nos estabelecemos e nos obrigue a repetir resolutamente o nosso ‘não’ ao mal e a tudo aquilo que conduz à indiferença”, disse.

Francisco pediu para dizer “não ao mal e não à indiferença” e sim ao caminho “que nos faz progredir na vida, por isso vale a pena lutar”.

“Então, voltemos a descobrir no Evangelho a fortaleza de Jesus, aprendendo-a com o testemunho dos santos e santas. Obrigado”, concluiu o papa Francisco.

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