4 de dezembro de 2024 Doar
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A sinodalidade não é uma moda teológica, mas uma forma de ser Igreja, diz cardeal espanhol

O arcebispo de Madri, cardeal José Cobo. | Crédito: Daniel Ibáñez/ACI Digital.

O arcebispo de Madri, Espanha, cardeal José Cobo, defende que a sinodalidade não é uma tendência do momento na Igreja, nem um adjetivo que possa ser acrescentado a qualquer uma das suas atividades, mas uma forma de ser.

Numa carta dirigida aos seus diocesanos intitulada A Páscoa dos Discípulos, o cardeal disse que “somos uma Igreja que caminha ao ritmo da sinodalidade”, termo que “não é uma moda teológica, mas um modo de ser Igreja que tem a ver com traços identitários básicos como comunhão, participação e missão”.

Se a sinodalidade for entendida como uma tendência do momento, disse o cardeal Cobo, “perderá toda a sua força renovadora e poderemos rotular como sinodal tudo o que já estamos fazendo”.

Ele também disse que “uma sinodalidade que não questione a nossa forma de expressar e viver a comunhão não será credível. Nem o será se não ajudar a gerar e promover comunidades vivas e familiares, espaços de acolhimento e de escuta, lares no meio da vida diária que sabem que o seu centro não é a ideologia ou o desejo de fugir da realidade, mas a experiência de Cristo”

Para o arcebispo de Madri, “não podemos ser ingênuos” sobre o que significa uma “Igreja sinodal e missionária”, pois “continuamos precisando de diversos líderes, de uma distribuição de serviços e de responsabilidades”, razão pela qual encoraja a revitalização dos órgãos de tomada de decisão.

Paralelamente, incentivou a “avançar com clareza para dar a cada pessoa – inclusive às mulheres – o espaço de responsabilidade que lhes é devido como batizadas em cada comunidade. Isso nos ajudará a dar passos sossegados, mas firmes, para que sejamos uma igreja mais sinodal”.

O cardeal Cobo convida a redescobrir a vocação laical

O cardeal Cobo também convidou a “redescobrir e aprofundar” a vocação específica dos leigos na Igreja, partindo do princípio de que “cada batizado recebe uma vocação”.

O cardeal disse que alguns documentos do Concílio Vaticano II mencionam a especificidade da vocação leiga, como Lumen gentium, Apostolicam actuositatem ou Christidifeles laici, e pediu que sejam lidos e comentados nas comunidades eclesiais.

Segundo o cardeal Cobo, os documentos ensinam “que os leigos são chamados a viver a sua fé no meio das realidades temporais, como a família, o trabalho, a política, a cultura e a sociedade em geral. O seu papel é fundamental para a evangelização e a transformação das estruturas sociais à luz do Evangelho”.

Para Cobo, os leigos devem ser apoiados “para que abracem o seu ser em Cristo e continuem a revelar o seu significado a partir da identidade que lhes é própria”. Este chamado implica “continuar a crescer no discipulado e no chamado à santidade”, que leva ao compromisso missionário na vida cotidiana, “mas sempre como parte da Igreja”, de modo que três realidades se integrem: Cristo, Igreja e sociedade.

Estes três “são os eixos nos quais deve expressar-se a condição batismal do leigo: discípulo de Cristo, membro corresponsável da Igreja-comunhão dos diversos ministérios, cargos e funções, e construtor do Reino de Deus a partir da coerência e santidade da vida. Por tudo isto, a formação constitui um desafio pastoral de primeira ordem”, concluiu.

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