21 de novembro de 2024 Doar
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Há 20 anos foi beatificada a portuguesa Alexandrina, que por treze anos se alimentou só da Eucaristia

Beata Alexandrina Maria da Costa | Facebook Santuário Alexandrina de Balasar

Hoje (25) faz 20 anos da beatificação de Alexandrina Maria da Costa, leiga e mística portuguesa que ficou acamada depois de um acidente e, por treze anos, se alimentou somente da Eucaristia. A beata Alexandrina esteve no primeiro Congresso Eucarístico de Portugal, em 1924, em Braga e, neste ano, será recordada em uma das palestras do 5º Congresso Eucarístico Nacional, que acontecerá de 31 de maio a 2 de julho, na mesma cidade.

Alexandrina foi beatificada pelo papa são João Paulo II em 25 de abril de 2004. Na ocasião, o papa disse que a vida da beata poderia se resumir no diálogo em que Jesus pergunta a Simão Pedro se o ama e o discípulo responde: “Tu sabes tudo, Senhor, bem sabes que Te amo”. “Investida e abrasada por estas ânsias de amor, não quer negar nada ao seu Salvador: de vontade forte, tudo aceita para mostrar que O ama. Esposa de sangue, revive misticamente a paixão de Cristo e oferece-se como vítima pelos pecadores, recebendo a força da Eucaristia que se torna o único alimento dos seus últimos treze anos de vida”, disse.

Alexandrina Maria da Costa nasceu em 30 de março de 1904, em Balasar, Póvoa do Varzim, arquidiocese de Braga. Recebeu de sua mãe uma educação cristã, junto com sua irmã Deolinda. Aos 12 anos, teve uma grave infecção que prejudicou sua saúde. Aos 14 anos, aconteceu o fato que mudaria sua vida.

Era um Sábado Santo de 1918, Alexandrina estava com sua irmã e outra moça aprendiz em uma sala costurando. Elas perceberam que três homens tentavam entrar na sala, que estava fechada. Eles forçaram a porta e conseguiram entrar. Para salvar sua pureza, Alexandrina se jogou pela janela, de uma altura de quatro metros. Como consequência, aos poucos foi ficando paralisada.

“Até aos 19 anos pôde ainda arrastar-se até a igreja, onde gostava de ficar recolhida, com grande admiração das pessoas. A paralisia foi avançando cada vez mais, até que as dores se tornaram insuportáveis; as articulações perderam qualquer movimento; e ela ficou completamente paralisada. Era o dia 14 de abril de 1925 quando Alexandrina ficou definitivamente de cama. Ali haveria de passar os restantes 30 anos de sua vida”, conta sua biografia publicada no site da Santa Sé.

Um ano antes de ficar completamente paralisada, Alexandrina esteve no primeiro Congresso Eucarístico Nacional, em Braga. O Site dos Amigos da Alexandrina (alexandrinabalasar.free.fr), cita esse episódio da vida dela. “Da beata de Balasar, sabe-se que foi lá com muito esforço; a tal ponto que no ano a seguir acamou definitivamente”, diz. Entretanto, “desta memorável jornada de fé e de luta, ela não fez menção na autobiografia”, acrescenta. 

Alexandrina fez referência ao Congresso Eucarístico em uma carta de 7 de fevereiro de 1935 ao padre Mariano Pinho, que foi seu diretor espiritual. Na carta, ela comparou a multidão que viu no congresso à grande quantidade de pessoas em visão que teve do inferno. “Passados momentos, vi, a par da minha cama, um abismo tão fundo e tamanho. Ai, o que eu vi lá dentro! Coisas tão feias! Não era gente o que eu via, não sei explicar o que era. O que sei dizer é que era uma multidão tamanha, tamanha e tão unida, muito mais unida do que a gente na missa campal no Congresso Nacional em Braga”, escreveu.

Segundo a biografia da beata, ela pediu sua cura a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, até 1928. Depois, “compreendeu que sua vocação era o sofrimento”. Assim, “iniciou uma vida de grande união com Cristo nos Tabernáculos, por meio de Nossa Senhora”.

“Jesus, tu és prisioneiro no Tabernáculo. E eu por tua vontade prisioneira na minha cama. Far-nos-emos companhia”, disse a beata.

Entre 3 de outubro de 1938 e 24 de março de 1942, “viveu, em todas as sextas-feiras, os sofrimentos da Paixão”. O programa que o Senhor lhe indicou foi “amar, sofrer, reparar”.

Em 1936, conta a biografia, “por ordem de Jesus”, pediu ao papa por meio do padre Pinho, “a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria”, pedido que foi renovado várias vezes em 1941. Por isso, “a Santa Sé interrogou três vezes o arcebispo de Braga a respeito de Alexandrina”. Em 31 de outubro de 1942, “Pio XII consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria com uma mensagem transmitida de Fátima em língua portuguesa. Este ato foi repetido em Roma na basílica de São Pedro no dia 8 de dezembro do mesmo ano de 1942”.

A partir de 27 de março de 1942, Alexandrina parou de se alimentar e passou a viver exclusivamente da Eucaristia.

Em 1944, tornou-se membro da União dos Cooperadores Salesianos. Ela oferecia seu sofrimento e orações “para a salvação das almas, sobretudo juvenis”.

“Apesar dos sofrimentos, continuava a dedicar-se aos problemas dos pobres, do bem espiritual dos paroquianos e de muitas outras pessoas que a ela recorriam. Promoveu em sua paróquia tríduos e horas de adoração”, destaca a biografia.

Em 7 de janeiro de 1955, foi-lhe prenunciado que morreria naquele ano. Foi o que aconteceu, no dia 13 de outubro, aniversário da última aparição de Nossa Senhora de Fátima.

Neste ano de 2024, quando o Congresso Eucarístico Nacional recorda o centenário do primeiro Congresso Eucarístico de Portugal, haverá na programação um painel no dia 1º de junho sobre “Eucaristia e Santidade”, que vai falar sobre os “Participantes no 1º Congresso Eucarístico Nacional que têm processo de canonização em curso”.

Além da beata Alexandrina Maria da Costa, o painel vai abordar as vidas do venerável frei Bernardo de Vasconcelos; do venerável dom João de Oliveira Matos; do servo de Deus dom Manuel Mendes da Conceição Santos; do servo de Deus padre Abílio Correia; e da irmã Alzira Sobrinho, fundadora congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, congregação que está recolhendo testemunhos para abertura do processo de beatificação.

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