Apr 28, 2024 / 11:36 am
O papa Francisco iniciou a sua visita de um dia a Veneza na manhã de hoje (28) com um encontro com detentas, onde reafirmou a importância da fraternidade e da dignidade humana, ao dizer que a prisão pode ser um lugar de novos começos.
“Uma estadia na prisão pode marcar o início de algo novo, através da redescoberta da beleza insuspeita em nós e nos outros, simbolizada pelo evento artístico organizados por vocês e pelo projeto ao qual vocês contribuem ativamente”, disse o papa a detentas reunidas no pátio interno do Presídio Feminino da Ilha de Giudecca.
O papa Francisco deixou o Vaticano de helicóptero aproximadamente às 6h30 da manhã, chegando a Veneza por volta das 8h. A visita do papa, embora curta, tem um significado profundo, já que Francisco é o primeiro papa a visitar a exposição de arte da bienal de Veneza, que marca sua 60ª edição. Como parte da exposição, a Santa Sé instalou um pavilhão na prisão feminina chamado “Com os meus olhos”. O papa também conversou com artistas ao visitar o pavilhão da Santa Sé.
Ocupando um lugar central no pátio íntimo do antigo convento do século XVI, o papa começou o seu discurso dizendo que queria que fosse pensado não como uma “visita oficial”, mas como um “encontro” centrado na “oração, na proximidade e no carinho fraternal".
“Ninguém deve tirar a dignidade das pessoas”, disse o papa Francisco a detentas, voluntários e funcionários, acompanhados pelo patriarca de Veneza, dom Francesco Moraglia.
Ao chamar a atenção para a “dura realidade” da prisão, o papa destacou alguns dos problemas enfrentados pelas detentas “como a superlotação, a falta de instalações e recursos, e episódios de violência, [que] causam muito sofrimento".
Mas Francisco, baseando sua mensagem na esperança e na misericórdia, implorou às mulheres que “olhem sempre para o horizonte, olhem sempre para o futuro, com esperança”.
O papa continuou dizendo que a prisão também pode ser um lugar de “renascimento moral e material onde a dignidade das mulheres e dos homens não é ‘colocada isoladamente’, mas promovida através do respeito mútuo e do cultivo de talentos e capacidades, talvez adormecidos ou aprisionados pelas vicissitudes da vida, mas que podem ressurgir para o bem de todos e que merecem atenção e confiança”.
O papa Francisco sublinhou que é “fundamental” que as prisões ofereçam aos detentos “as ferramentas e o espaço para o crescimento humano, espiritual, cultural e profissional, criando as condições para a sua reintegração saudável. Não para ‘isolar a dignidade’, mas para dar novas possibilidades”.
“Não esqueçamos que todos temos erros a perdoar e feridas a curar e que todos podemos tornar-nos os curados que trazem a cura, os perdoados que trazem o perdão, os renascidos que trazem o renascimento”, acrescentou o papa.
No final do encontro houve uma conversa alegre, quando o papa, depois de pedir às detentas que rezassem por ele, ao que responderam “Sim”. “Mas a meu favor, não contra”, brincou Francisco.
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No final do discurso, o papa apresentou um ícone da Santíssima Virgem Maria como presente aos presos, dizendo: “Maria tem ternura com todos nós, com todos nós, ela é a mãe da ternura”. Em troca, as detentas presentearam o papa com uma cesta de produtos de higiene pessoal totalmente naturais, produzidos por meio de um programa de treinamento de trabalhadores.
Depois do encontro com as detentas, o papa dirigiu-se à capela da prisão, onde conversou com os artistas, pedindo-lhes que usassem o seu ofício para imaginar um mundo baseado na fraternidade onde “nenhum ser humano seja considerado um estranho”.
“A arte tem o estatuto de ‘cidade de refúgio’. Uma cidade que desobedece ao regime de violência e discriminação para criar formas de pertença humana capazes de reconhecer, incluir, proteger e abraçar todos”, disse o papa aos artistas.
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