20 de dezembro de 2024 Doar
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Arcebispo critica obsessão do governo espanhol com a Igreja Católica

O arcebispo de Oviedo, Espanha, dom Jesús Sanz Montes. | Arquidiocese de Oviedo

"É uma espécie de mantra obsessivo toda vez que precisam de uma cortina de fumaça para distrair dos problemas reais que temos e aos quais eles tão desajeitadamente e insidiosamente aplicam sua tortuosa governança", escreveu o arcebispo de Oviedo, Espanha, dom Jesús Sanz Montes.

Em uma carta intitulada "O Chocalho Acusador", divulgada nesta semana, o bispo responde ao anúncio do governo socialista da Espanha de um plano exclusivo para abordar abusos sexuais e de poder cometidos dentro da Igreja Católica.

Na opinião do arcebispo, o poder executivo do país "tem tentado centrar-se de forma tendenciosa e manipuladora no problema da pedofilia como algo atribuível apenas à Igreja Católica, que representa um destacamento exclusivo e impróprio e deixa a maioria dos que sofreram este terrível flagelo desprotegida".

O arcebispo franciscano encorajou as pessoas a denunciarem "as informações enganosas, tendenciosas ou falsas e a dizerem humildemente o quanto de bem fazemos como comunidade cristã", ao mesmo tempo em que reconhecem os erros, pedem perdão e acompanham as vítimas.

“Os cristãos são chamados a defender as vítimas de abuso, ao assumir nossa responsabilidade no que nos diz respeito, mas pedindo que toda a sociedade também adote medidas apropriadas, a começar pelos líderes governamentais", acrescentou.

Dom Sanz também criticou o poder executivo por falsificar "a identidade da pessoa humana" e destruir "a antropologia em sua identidade masculina e feminina".

O arcebispo acrescentou que o governo propaga uma versão do feminismo que não apenas não erradica a violência sexista injusta contra as mulheres, mas "na verdade a exacerba", juntamente com "uma manipulação perversa pornográfica e obscena que confunde e prejudica crianças e jovens com base na ideologia de gênero".

Dom Sanz prevê que se tais políticas forem mantidas, "a sociedade envenenada e confusa será mais manipulável por aqueles que, a partir de sua amoralidade narcisista e falaciosa, procuram perpetuar-se no poder".

O arcebispo descreveu como "claro" o comunicado da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) que rejeita o plano do governo e denuncia que o plano "parte de um julgamento que condena toda a Igreja, feito sem qualquer tipo de garantia legal, uma acusação pública e discriminatória por parte do Estado".

Sanz enfatizou que "não devemos nos deixar identificar com essa falsa história que desfigura a verdadeira obra da Igreja" e pergunta, ao virar o jogo sobre o assunto: "Qual instituição dos atingidos por esse crime levou o assunto a sério? Quem criou gabinetes de acolhimento e apoio, educou seus membros e colaboraram ativamente com o Ministério Público?"

"A imputação arbitrária é inaceitável"

O arcebispo lembrou aos fiéis que o problema do abuso sexual de menores na Espanha é um problema no qual o clero católico e os religiosos representam uma ínfima parte de 0,2%. O número é de um estudo da Fundação Anar, especializada na proteção de crianças, que detalha que, entre 2008 e 2009, 0,2% dos mais de 6 mil casos de abuso denunciados podem ser atribuídos a padres e religiosos.

Segundo a fundação que atua na prevenção do abuso infantil, os pais representaram o maior número de abusadores, totalizando 23,3%. Companheiros ocuparam o segundo lugar entre os abusadores de menores, com 8,7%, enquanto os amigos representam 5,7% e os companheiros, namorados ou namoradas representam 5,6%.

O arcebispo de Oviedo concluiu rejeitando como inaceitável "a acusação arbitrária que só incide sobre nós, tendo uma percentagem criminal tão baixa, com toda uma série de medidas legais, fiscais, econômicas e sociais", acrescentando: "Do que é que aqueles que continuam neste jogo sujo querem encobrir ou distrair? ' Cui prodest?', disse o filósofo Sêneca ['Quem se beneficia?', em latim]."

 

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