23 de novembro de 2024 Doar
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Não existe riqueza maior do que ter filhos sacerdotes, diz mãe de padres gêmeos

Padre Wallace (à esquerda) e padre Wellington (à direita), com a mãe Eliete Dahan dos Santos | Arquivo pessoal de padre Wallace

“Acho que não existe riqueza maior do que pais terem filhos sacerdotes, porque o sacerdote, principalmente quando está ministrando os sacramentos, é Jesus neles. É algo muito sagrado”, disse Eliete Dahan dos Santos, 79 anos, mãe dos padres gêmeos Wallace e Wellington Dahan dos Santos, da arquidiocese de Niterói (RJ).

“As pessoas dizem: ‘meu filho ser padre?’. Ficam muito felizes com os filhos dos outros, mas o próprio não, querem que seja médico, advogado, uma pessoa de grande poder...”, disse. Eliete considera que “é um grande presente de Deus” ter filhos sacerdotes.

Para Eliete, “vendo o mundo de hoje, escutando as notícias de hoje, é um eterno agradecimento a Deus por ter chamado” seus filhos, “os dois”. “Eu me encontro dentro de um grande mistério, um amor de Deus por minha família muito visível”.

Os padres Wallace e Wellington, 51 anos, nasceram em Cabo Frio (RJ), onde até hoje vive sua mãe, Eliete. Eles têm um irmão mais velho, Jenerson Dahan dos Santos, casado e pai de uma filha.

Eliete contou à ACI Digital que nasceu em uma família católica, “mas não era assídua, não tinha uma perseverança”. Depois de casada com Jenner Antônio dos Santos, começou a participar de alguns encontros na Igreja, como o Encontro de Casais com Cristo (ECC), Cursilho de Cristandade, o movimento da Renovação Carismática. “Eu tive um encontro pessoal com Jesus e não parei mais”. Ela foi catequista por 20 anos. “Os padres Wallace e Wellington, fui eu que preparei para a primeira comunhão”, recordou.

“Deus nos deu a graça, a mim e ao pai, de formarmos, educarmos nossos filhos na vida cristã e eles perseveraram de uma maneira muito bonita”, disse. Para ela, ver os filhos padres e “também o filho que é casado e, vive com a família de maneira católica perseverante”, é “o fruto mais saboroso” de sua “caminhada cristã”.

“Criei meus filhos desde pequenos nos mandamentos de Deus, tudo o que eu aprendia nas palestras, encontros, procurava vivenciar na minha casa. Então, eles viam de maneira concreta tudo o que eu orientava, quando eu dizia ‘não’, o porquê do ‘não’, quando dizia ‘sim’, o porquê do ‘sim’. Acho que os pais devem proceder assim, orientar com a presença de Deus na vida da gente. Era isso que eu fazia na vida dos meus filhos”, disse.

“Se eu dava uma palestra e eles estavam presentes, eu sabia que meus filhos estavam vendo ali como nós éramos de fato na nossa casa, não havia incoerência, mas uma realidade. Então, isso foi motivo para eles se apaixonarem por Jesus e seguirem a vida religiosa, por causa do testemunho dos pais em casa. Acho que o testemunho é muito importante. Nós sempre procuramos viver aquilo que pregamos”, acrescentou.

Eliete contou que a família costumava participar das missas e ter momentos de oração juntos. “Fazíamos novenas, quando não tinha na igreja, nós fazíamos em casa. A vida de oração nem sempre dava para fazer juntos, por causa dos horários, mas quando havia a possibilidade, ficávamos juntos em nossas conversas, na hora das refeições, partilhando nossa fé”, contou.

Segundo ela, os padres Wallace e Wellington “sempre tiveram um amor grande pela Igreja”. Depois da catequese, continuaram em grupos de perseverança, participavam das atividades da Igreja. “Para eles, era indispensável o que se referisse a Deus e à Igreja”.

Foi na época em que estavam cursando o pré-vestibular que os gêmeos sentiram o chamado ao sacerdócio. Eliete contou que primeiro Wellington tomou a decisão de entrar no seminário e logo em seguida Wallace, que esperou uns meses para ter certeza de que não estava sendo influenciado pelo irmão.

Eliete recordou como se sentiu quando os filhos lhe contaram que queriam ser padres. “Foi um susto no momento, porque eu não via neles algo que me fizesse pensar que seriam padres, nem estimulava para que fossem padres. A mim e ao pai nos dava muito alegria vê-los jovens participando da Igreja. Mas, passar pela minha cabeça esse lindo chamado de Deus na minha família? Jamais poderia pensar que ia receber essa graça, mas aconteceu”, disse, ressaltando que o susto logo foi substituído por “uma grande alegria”.

“Eu fiquei muito emocionada em saber que Deus, desde o meu ventre, chamou os dois, padre Wallace e padre Wellington, pelo nome”, disse, ressaltando que durante a gravidez nem sabia que teria gêmeos, porque “naquela época, há 51 anos, ainda não tínhamos recursos para isso”.

Para Eliete, o dia da ordenação sacerdotal de seus filhos, em 29 de junho de 1998, foi um dia especial. “Tenho até uma frase guardada no meu coração sobre o que eu senti naquele momento. O que veio no meu coração e permanece até hoje é: ‘o céu se abriu diante dos meus olhos’. Porque foi maravilhoso ver que meus filhos estavam sendo consagrados, estavam sendo entregues completamente a Deus. Eram tão jovens. Quando entraram no seminário, ainda iam fazer 17 anos, foram ordenados com 25 anos. Eram novos ainda. Então, eu fiquei emocionada com um grande milagre, com algo de divino que estava acontecendo na nossa família”, disse.

“Até hoje, com 25 anos de sacerdócio que eles já fizeram, sinto no meu coração uma alegria que não tem palavras para expressar. É uma gratidão muito grande ao meu Deus”, completou.

Eliete também contou a ACI Digital que guarda “com carinho em uma caixa a fita que envolveu as mãos deles no dia da ordenação”. É o manustérgio, um pano de linho branco usado para limpar o óleo do crisma que o bispo usa para ungir as mãos do novo sacerdote na sua ordenação.

Segundo a tradição, quando a mãe do sacerdote morrer, ela deve ser enterrada segurando esse pano em suas mãos. Quando a mãe se apresentar diante de Deus, Ele lhe dirá: “Eu te dei a vida. O que você me deu?”. Ela entregará o manustérgio e responderá: “Eu te entreguei o meu filho como sacerdote”.

“Não sabemos quem vai primeiro, só Deus que é o dono da vida sabe o dia e a hora de cada um. Eu não sei se na hora alguém vai lembrar, mas sempre digo para eles e mostro a fita”, disse Eliete, sorrindo.

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