May 18, 2024 / 09:04 am
O Papa Francisco respondeu hoje (18) a várias perguntas diante de 11 mil pessoas, no estádio Arena, em Verona, Itália, no encontro “Arena da Paz. Justiça e Paz se beijarão”.
O evento foi marcado por várias apresentações musicais e pelo testemunho de homens e mulheres de diferentes países que dirigiram as suas perguntas ao papa Francisco sobre temas como a liderança, a imigração e a paz.
Que tipo de liderança deve ter?
Em primeiro lugar, uma mulher perguntou ao papa sobre que tipo de liderança pode desenvolver. Francisco destacou que onde há "forte individualismo, a comunidade desaparece".
Disse que o fato de se sentir "um herói" envenena a autoridade. Por isso, afirmou que se a ideia que temos de um líder é a de uma pessoa solitária que decide, "então estamos tendo uma visão empobrecida", o que também mata as ideias criativas.
" Ninguém existe sem os outros, ninguém pode fazer tudo sozinho. Portanto, a autoridade de que precisamos é aquela que, em primeiro lugar, é capaz de reconhecer seus próprios pontos fortes e limitações", disse.
O papa disse que a autoridade é, sobretudo, “colaborativa” e que “em uma sociedade, se não há participação, as coisas não funcionam”.
Como podemos ajudar os imigrantes?
Uma mulher dos Médicos Sem Fronteiras questionou o papa Francisco sobre as migrações e sobre como construir a paz e ouvir as vítimas.
O papa destacou que “é o Evangelho que nos diz para nos colocarmos ao lado dos pequenos, dos fracos, dos esquecidos" e que Jesus "quebra as convenções e os preconceitos".
“Para pôr fim a todas as formas de guerra e de violência, devemos estar ao lado dos pequenos, respeitar a sua dignidade, escutá-los e fazer ouvir a sua voz sem ser filtrada”, disse Francisco.
Também os encorajou a "conhecer os pequenos e a partilhar a sua dor. E a tomar o seu partido contra a violência de que são vítimas, distanciando-nos da indiferença e das suas justificações”.
Segundo o papa, "é a conversão que muda nossas vidas e o mundo". Denunciou ainda o trabalho "escravo" que muitas crianças fazem para ganhar a vida e lamentou o "sofrimento" dos pequenos, pelo qual "todos somos responsáveis".
Francisco disse que “podemos ganhar o prêmio NObel de Pôncio Pilatos”, porque somos especialistas em “lavar as mãos”.
Como encontrar a justiça e cuidar da terra?
Duas ambientalistas questionaram o papa sobre o cuidado com a terra e a justiça nas sociedades.
Na sua resposta, Francisco disse que "a revolução digital dos últimos anos permitiu-nos estar constantemente conectados" e destacou que "devíamos dispor de mais tempo, mas estamos sempre com pressa, perseguindo a urgência de última hora”.
“O enorme desafio que temos pela frente é ir contra a corrente para redescobrir e preservar esses ritmos naturais. Para o fazer, é importante construir os contextos em que isso pode ser vivido, ou seja, as relações e os lugares", disse.
Como aprender a viver o conflito de forma saudável e construtiva?
O papa Francisco lamentou que hoje existam “conflitos e tensões" e disseque " a ausência de conflitualidade não significa que há paz, mas que alguém deixou de viver, pensar e se dedicar àquilo em que acredita".
Francisco destacou que "muitas vezes somos tentados a pensar que a saída para os conflitos e as tensões é eliminá-los: ignoro, escondo-os, marginalizo-os. Ao fazê-lo, corto uma parte incômoda, mas também importante da realidade".
O papa disse que "não devemos ter medo dos conflitos" e apelou ao "diálogo" e à escuta para poder "amadurecer o que vivemos".
Sobre a guerra na Terra Santa
Um jovem cujos pais foram mortos em 7 de outubro em Israel e um palestiniano que perdeu o irmão na guerra deram seus testemunhos. Ambos perguntaram ao papa Francisco sobre a paz.
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Depois de os abraçar, o papa lhes disse que o seu sofrimento é o mesmo de todos os povos e destacou que ambos tiveram a coragem de se abraçar. Francisco disse que "abraçar-se" é um projeto do futuro.
O papa Francisco pediu um momento de silêncio para rezar pela paz e encorajou todos a se comprometerem a fazer algo para acabar com as guerras. Também pediu para não deixar de semear a paz e para não se tornar espectador da guerra dita "inevitável".
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