19 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco envia bênção a Frederico Westphalen pelo centenário do martírio dos beatos Manuel e Adílio

Dom Antonio Keller na Romaria dos beatos Manuel e Adílio | Facebook Beatos Manuel e Adílio

O papa Francisco enviou uma bênção apostólica à diocese de Frederico Westphalen (RS) por ocasião do centenário do martírio dos beatos Manuel e Adílio, que será celebrado amanhã (21). Os mártires são patronos da diocese. Manuel era um padre espanhol que veio como missionário para o Brasil e evangelizou as terras do sul do país. Adílio era coroinha e se tornou o primeiro jovem brasileiro a ser elevado ao altar.

O papa Francisco “saúda afetuosamente todos os membros” da diocese de Frederico Westphalen “e anima-lhes a manterem-se fiéis aos valores cristãos recebidos dos antepassados, vendo neles o tesouro mais valioso de que gloriar-se junto dos contemporâneos e a herança mais preciosa a deixar aos vindouros”, diz a bênção publicada nas redes sociais da diocese e assinada pelo substituto para os assuntos geais da Secretaria de Estado da Santa Sé, dom Edgar Peña Parra.

Francisco também “invoca, por intercessão dos beatos Manuel e Adílio, a abundância dos dons do Espírito Santo, sobre o bispo diocesano dom Antonio Carlos Rossi Keller, os sacerdotes, religiosos e religiosas, os lares cristãos, movimentos e obras eclesiais – para que, firmes na fé e na esperança, seja-lhes concebido aprofundar a sua vida de união com Deus, perdoar e unir os homens entre si e prosseguir corajosa e santamente a obra de edificação dessa parcela do Corpo de Cristo”.

“O Santo Padre de bom grado concede à inteira diocese de Frederico Westphalen, a bênção apostólica”, finaliza.

Quem são os beatos Manuel e Adílio

Manuel Gómez González nasceu em 29 de maio de 1877, nas proximidades de Tuy-Pontevedra, Espanha. Foi ordenado sacerdote em 24 de maio de 1902 e começou a exercer seu ministério em sua diocese. Dois anos depois, foi para Portugal e, em 1913, por conta de problemas políticos e religiosos no país, seguiu para o Brasil.

Inicialmente, teve uma breve estadia no Rio de Janeiro (RJ) e, depois, foi para a diocese de Santa Maria (RS). Foi pároco de Saudade (RS) por um tempo, até que, em dezembro de 1915, assumiu a paróquia de Nonoai (RS), que abrangia um vasto território.

Adílio Daronch nasceu em 25 de outubro de 1908, perto de Dona Francisca, na zona de Cachoeira do Sul (RS). Seus pais, Pedro Daronch e Judite Segabinazzi, tinham oito filhos. A família se mudou para Passo Fundo (RS) em 1911 e, em 1913, para Nonoai.

O menino fazia parte do grupo de adolescentes que acompanhava padre Manuel em suas viagens pastorais, ajudando-o como coroinha. Era também aluno da escola fundada pelo sacerdote.

Certa vez, o bispo de Santa Maria, dom Ático Eusébio da Rocha, pediu que padre Manuel fosse visitar um grupo de colonos instalados na floresta de Três Passos. O padre viajou acompanhado por Adílio.

Nesta época, o Rio Grande do Sul vivia a Revolução de 1923, a disputa armada entre partidários do então presidente do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, conhecidos Ximangos, e os revolucionários aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, chamados de Maragatos. Mesmo assim, padre Manuel não deixava de pregar e ensinar os valores cristãos.

Durante sua viagem, padre Manuel e o coroinha Adílio pararam em Palmeiras das Missões, onde o sacerdote administrou os sacramentos e exortou ao dever da paz aos revolucionários locais, que não gostaram das palavras do sacerdote nem do fato de ter dado sepultura cristã às vítimas dos bandos locais.

Embora avisados dos riscos que corriam, padre Manuel e Adílio seguiram o caminho.

Os dois caíram em uma emboscada e foram levados para uma zona de floresta, onde foram amarrados em duas árvores e fuzilados, morrendo por ódio à fé e à Igreja Católica, em 21 de maio de 1924. Eles foram beatificados em 21 de outubro de 2007.

Em março de 1964, na presença do então bispo de Frederico Westphalen, dom João Hoffmann, os restos mortais de padre Manuel e Adílio foram exumados em Feijão Miúdo, município de Três Passos, e levados para Nonoai. Durante o translado, realizou-se uma longa e solene peregrinação por diversas comunidades, chegando ao seu destino em maio daquele ano.

Em Nonoai, os restos mortais dos mártires foram colocados no mausoléu ao lado da igreja Nossa Senhora da Luz. Desde então acontece a Romaria ao santuário Nossa Senhora da Luz, que este ano aconteceu entre os dias 17 e 19 de maio.

Celebrações do centenário do martírio

Nonoai é conhecida como a “Terra dos Mártires”, pois é onde viviam e de onde saíram os beatos Manuel e Adílio. No último fim de semana, 17 a 19 de maio, aconteceu a 60ª Romaria em honra aos mártires, reunindo milhares de devotos.

O bispo de Frederico Westphalen, dom Antonio Carlos Rossi Keller, celebrou a missa da Romaria ontem (19), domingo de Pentecostes.  Em sua homilia, dom Keller recordou o centenário do martírio dos beatos Manuel e Adílio. Para o bispo, os beatos “foram pessoas simples, mas de uma fé inabalável”.

“O Espírito Santo que hoje celebramos agia em suas vidas, inspirava sua generosidade e dedicação, guiava seus passos e fortalecia suas convicções. Certamente, o padre Manuel nos momentos de dificuldades como pároco, e o coroinha também nos momentos na sua vida, invocavam o Espírito Santo de Deus que os iluminava e os impulsionava. Eles foram apóstolos do amor e da reconciliação, como nos pede nosso Senhor no Evangelho. E foi exatamente por isso, não por serem guerreiros, não por serem combatentes de uma ideologia humana, de um poder humano, de um rei humano, mas por serem apóstolos de Cristo, do amor e da reconciliação, foi por isso que eles foram perseguidos e foram martirizados”, disse.

Dom Keller também recordou as enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo balanço divulgado pela Defesa Civil às 9h de hoje (20), 463 municípios e 2.339.508 pessoas foram afetados. Há 157 mortes confirmadas, 8 desaparecidos, 581.633 desalojados e 76.188 pessoas em abrigo.

O bispo destacou que “esta situação vai demorar para ser resolvida” e que é preciso continuar com a caridade. “Vir a Nonoai, vir testemunhar nossa fé aos beatos Manuel e Adílio deve nos levar a esse compromisso de caridade. Sei que já fizemos bastante e há gente que continua a fazer ainda muito pelo bem dos irmãos”, disse, ressaltando que “vão precisar durante muito tempo da nossa ajuda”.

Amanhã, acontecerá a 30ª Romaria em honra aos beatos Manuel e Adílio em Três Passos, conhecida como “Terra do Martírio”, com procissão saindo às 8h30 da igreja matriz da paróquia Santa Inês, missa no santuário dos beatos às 10h e almoço às 12h no salão pro-morar.

Para ajudar às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, está sendo promovida a campanha “Romaria Solidária”. As doações podem ser entregues na igreja matriz da paróquia Santa Inês, na secretaria paroquial e nas missas no santuário dos beatos.

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