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Os políticos não têm convicções, diz cardeal Hollerich sobre eleições na Europa.

O arcebispo de Luxemburgo, o cardeal jesuíta Jean-Claude Hollerich, fala à imprensa no Vaticano em 20 de junho de 2023. | Daniel Ibáñez/CNA

O arcebispo de Luxemburgo, o cardeal jesuíta Jean-Claude Hollerich, falou sobre as eleições europeias e a influência cada vez menor do cristianismo na política em entrevista ao jornal católico francês La Croix na última quinta-feira (23).

Hollerich também é membro do conselho de cardeais que assessora o papa Francisco, e relator-geral do Sínodo da Sinodalidade.

“Essa é uma consequência política do declínio do cristianismo e do catolicismo na Europa porque é um fato que os cristãos na Europa são agora uma minoria e tornar-se-ão ainda mais nos próximos anos”, disse ele sobre a atual posição política dos cristãos na Europa.

Esse declínio levou a uma “falta de ideias” e à falta de políticos do calibre de primeiro-ministro francês Robert Schuman (1886-1963) e seu colega italiano Alcide De Gasperi (1881-1954), católicos e idealizadores da União Europeia.

“Hoje temos políticos. Os políticos não têm convicções: leem as pesquisas e adaptam seus pensamentos a elas”, disse o cardeal. “Esse é um grande erro que vejo tanto a nível nacional como europeu”, disse o cardeal.

A argumentação política convincente ficou em segundo plano, acrescentou. “Hoje, aqueles que nos governam não têm mais espinha dorsal.”

Hollerich também disse que outros “ideais”, como a ecologia e as mudanças climáticas, são apoiados por uma grande parte da população, que ele também apoia porque “são uma necessidade para salvar a humanidade”.

O cardeal disse que as mudanças climáticas devem ser combatidas porque, caso contrário, “vão matar tantas pessoas quanto a guerra”.

Sobre o papel da Igreja ao lidar com questões políticas e sociais, Hollerich disse que ela deveria envolver o mundo num diálogo baseado no concílio Vaticano II.

O arcebispo de Luxemburgo disse que alguns “ideais, como a globalização, são apoiados por uma pequena minoria burguesa, rica e intelectual. No que diz respeito aos vários partidos socialistas, em muitos países eles começaram a promover reformas sociais em vez de reformas de bem-estar social”.

O cardeal disse continuar a ver os cristãos como um recurso para o futuro da União Europeia e comparou a situação atual dos cristãos com a da minoria dos soviéticos durante a revolução russa. Apesar da sua inferioridade quantitativa, conseguiram implementar a sua ideia.

“Estamos habituados à União Europeia”, disse o cardeal sobre as próximas eleições europeias. Não temos mais consciência das vantagens desta instituição política e da vontade que está por trás dela”.

Hollerich também alertou contra um retorno ao fascismo. “Já está aqui. Não quero desprezar a Itália, mas o partido no poder é pós-fascista”, disse ele. “Isso me assusta, principalmente porque venho de uma família onde todos faziam parte da resistência. Quando menino, ouvi histórias da Segunda Guerra Mundial.”

Sobre o aborto, o cardeal condenou a “sociedade rica” por não encontrar outra solução senão “matar crianças em gestação”. “A história vai nos julgar”, alertou Hollerich.

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